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O ESTADO DE S. PAULO QUINTA-FEIRA, 9 DE ABRIL DE 2020 NotaseInformações A
O
governador de São Paulo, João
Doria (PSDB), fez o que se es-
pera de um gestor público res-
ponsável e estendeu até o dia
22 deste mês a quarentena de-
cretada no Estado para conter
a expansão desenfreada dos casos de covid-19.
Permanecem abertos apenas os estabelecimen-
tos que prestam serviços essenciais, como su-
permercados, postos de combustíveis e farmá-
cias. Bares e restaurantes só podem funcionar
com serviço de entrega em domicílio. Não há
qualquer razão a justificar outra decisão que
não a tomada pelo governo paulista. De acordo
com as autoridades sanitárias, o País ainda não
atingiu o pico de casos de infecção pelo novo
coronavírus, previsto para o final de abril, iní-
cio de maio. Portanto, seria absolutamente te-
merário flexibilizar as medidas restritivas à cir-
culação de pessoas justamente no Estado que
concentra o maior número de casos confirma-
dos e de mortes por covid-19.
A extensão do prazo do isolamento social
é igualmente bem-vinda porque, não obstante
grande parte dos paulistas ter aderido volunta-
riamente à medida, observa-se que um núme-
ro maior de pessoas começa a relaxar quanto
ao necessário recolhimento, tanto na capital
como no interior. Não se trata daqueles que de-
vem estar nas ruas por dever de ofício. No fim
de semana passado, a beleza do pôr do sol vis-
to da praça de mesmo nome, na
zona oeste da capital paulista,
contrastou com a imagem da
aglomeração de pessoas que lá
se divertiam em grupos como se
um vírus mortal não estivesse
em circulação. Um aumento do
fluxo de pessoas também foi re-
gistrado em outros pontos da ci-
dade, como a Avenida Paulista e
o entorno do Parque do Ibira-
puera. Em alguns municípios do
interior do Estado, onde a quan-
tidade mais reduzida de casos
de covid-19 transmite à popula-
ção uma falsa sensação de normalidade, o des-
controle é ainda maior. Os trágicos exemplos
de pequenas cidades da Itália e da Espanha,
que no início desdenharam do poder de disse-
minação da Sars-CoV-2 e não adotaram o isola-
mento, recomendam máxima cautela.O governo paulista estima que 277 mil
pessoas morrerão em decorrência da covid-
nos próximos seis meses se o isolamento não
for respeitado no Estado. Com a estrita obser-
vância das medidas restritivas, o número de
óbitos cairia para 111 mil. Em am-
bos os cenários, são números de
guerra. No entanto, a redução de
60% entre um e outro dá a medi-
da da responsabilidade social
que recai sobre os ombros de ca-
da habitante de São Paulo. “Ne-
nhuma aglomeração, de nenhu-
ma espécie, em nenhuma cidade
ou área de São Paulo, será permi-
tida”, afirmou o governador.
Estudo feito pelo Instituto
Butantan e pela Universidade de
Brasília (UnB), com base em da-
dos de geolocalização de telefo-
nes celulares, mostrou que entre os dias 23 de
março e 2 de abril o isolamento na capital pau-
lista caiu de 66% para 52,4% da população.
“Por meio da triangulação das antenas que re-
cebem sinal de celular, temos condições de ob-
servar quem se deslocou por mais de cem ouduzentos metros de casa”, disse o pesquisador
Júlio Croda, que participou do estudo. Em que
pese a necessidade de preservar a privacidade
do indivíduo em monitoramentos deste tipo, o
estudo é um instrumento a mais para orientar
as decisões governamentais tendo em vista a
segurança da coletividade. Durante o anúncio
da prorrogação da quarentena no Estado, o go-
vernador João Doria não descartou o uso da
Polícia Militar para dispersar as aglomerações.
“Em um primeiro momento, serão medidas de
orientação. Em um segundo momento, coerci-
tivas. Mas espero que isso não seja necessá-
rio”, disse Doria. Oxalá não seja mesmo.
Não é hora de baixar a guarda. Não há es-
paço para a autoconfiança irresponsável. O ví-
rus pode ser mais perverso para certos grupos,
mas ninguém está imune a ele. A vida de mi-
lhões de paulistas está sob risco. Se poucos co-
meçarem a não respeitar o isolamento, como
tem ocorrido, muitos cidadãos que o fazem
com disciplina e espírito público começarão a
questionar o poder de seu sacrifício pessoal pa-
ra frear a disseminação do contágio, o que se-
ria o prenúncio de uma tragédia inaudita. Por-
tanto, fique em casa.C
om a mesma ên-
fase que defen-
deu no passado o
uso da malfadada
“pílula do cân-
cer”, apesar de
não ter formação em medicina,
o presidente Jair Bolsonaro
vem propondo o uso da hidroxi-
cloroquina como o remédio
mais eficaz para conter a pande-
mia do novo coronavírus. “Há
40 dias venho falando sobre is-
so. Sempre busquei tratar da vi-
da das pessoas em 1.° lugar,
mas também se ( sic ) preocu-
pando em preservar empregos.
Fiz, ao longo desse tempo, con-
tato com dezenas de médicos e
chefes de Estados de outros paí-
ses”, disse ele nessa quarta-fei-
ra, após criticar pelo Twitter
dois conhecidos médicos que
se recusaram a divulgar o que
os curou da covid-19.
Além de sugerir que toma-
ram remédios com base na hi-
droxicloroquina, Bolsonaro ale-
gou que eles se recusaram a
prestar essa informação por as-
sessorarem o governador João
Doria, seu adversário político.
“Esse segredo não combina
com o Juramento de Hipócra-
tes que fizeram. Que Deus ilu-
mine esses dois profissionais,
de modo que revelem para o
mundo que existe um promis-
sor remédio no Brasil”, con-
cluiu Bolsonaro.
A insistência de Bolsonaro
em apresentar a hidroxicloro-
quina como “remédio promis-
sor” dá a medida do modo co-
mo vem se comportando no
combate à pandemia da covid-
19, privilegiando seus interes-
ses políticos. Ao recomendar o
uso desse medicamento “pro-
missor” baseado em seus “con-
tatos com médicos e chefes de
Estado”, mostra que não conhe-
ce o que é a ciência nem como
se desenvolve o trabalho cien-
tífico. Deixa claro que não sabe
que a ciência trabalha com er-
ros e acertos e que a busca de
respostas costuma se dar pela
elaboração de hipóteses e for-
mulação de novas perguntas.
Todas as vezes em que sur-
gem novas doenças e epide-
mias, a ciência oferece cená-
rios e sugere medidas de con-
trole enquanto os pesquisado-
res se esforçam para isolar o ví-
rus em laboratório para com-
preender a doença e desenvol-
ver vacinas e tratamentos. Esse
processo é complexo, exigindorespeito a protocolos, publica-
ções de artigos em revistas es-
pecializadas e intensos debates
entre pesquisadores, até che-
gar a um consenso na comuni-
dade científica. O tempo da
ciência, pois, é incompatível
com o tempo da política.
Na ciência, as pesquisas têm
de ser públicas, para que pos-
sam ser discutidas, contestadas
e aprofundadas. Elas só conse-
guem avançar, convertendo
suas descobertas em bem co-
mum para a humanidade, com
base em fundamentos empíri-
cos. Já na política costumam
prevalecer decisões açodadas,
tomadas com enviesamento
ideológico e relevando verda-
des científicas consolidadas.
Se a relação entre ciência e
política já é tensa em temposnormais, nas áreas de ciências
biológicas e de saúde essa ten-
são é ainda maior em tempos
de pandemia. Entre outros mo-
tivos porque, enquanto os go-
vernantes tendem a pensar ape-
nas em sua popularidade e seus
projetos eleiçoeiros, os cientis-
tas têm de deixar de lado inda-
gações que fazem em períodos
de normalidade para buscar no-
vas fontes de recursos e desen-
volver às pressas novos proje-
tos de pesquisa. Como revelam
números da Web of Science,
compilados pelo professor Pe-
ter Schulz, da Unicamp, essas
tensões estiveram presentes
em todas as vezes que surgi-
ram epidemias relacionadas a
cepas mais antigas do coronaví-
rus, desde 2000. Isso porque,
ao oferecer informações atuali-
zadas e conhecimento de pon-
ta, a ciência apontou a necessi-
dade de políticas públicas que
não estavam entre as priorida-
des dos governantes. Muitas ve-
zes, além disso, essas tensões
são exponenciadas pela tendên-
cia de dirigentes populistas de
se apropriarem de resultados
preliminares de pesquisas para
convertê-las em dogmas usa-
dos para desqualificar adversá-
rios políticos.
Entre nós, infelizmente, en-
quanto os cientistas conti-
nuam cumprindo seu papel,
conscientes de que a divulga-
ção de eventuais descobertas
neste momento precisa ser
criteriosa, Bolsonaro contes-
ta o ministro da Saúde. Criti-
ca médicos que integram a
equipe de seus adversários. E
recorre a outros de sua con-
fiança, para que façam afirma-
ções sobre as quais ainda não
há consenso científico.O
exercício da di-
plomacia tam-
bém está sendo
bastante preju-
dicado em ra-
zão da epide-
mia de covid-19, que já levou ao
cancelamento de diversos en-
contros multilaterais. Tal restri-
ção ocorre no instante em que
as relações internacionais já
não estavam numa boa fase,
particularmente em razão da
emergência do nacionalismo ra-
dical capitaneado pelos EUA
de Donald Trump.
Assim, a covid-19, antes de
ser causa do distanciamento di-
plomático, começa a servir co-
mo “desculpa muito convenien-
te” para um esfriamento que já
era desejado, como notou o ex-
embaixador norte-americano
Ronald Neumann, presidente
da Academia Americana de Di-
plomacia, ao jornal Japan Times.
Ou seja, no momento em que
a cooperação é imprescindível,
muitos países se insularam ain-
da mais, na base do cada um por
si, pondo em risco mesmo blo-
cos consolidados, como a União
Europeia, ou então a relação his-
tórica entre EUA e alguns de
seus aliados tradicionais.
Mas a emergência causada
pela pandemia vem obrigando
mesmo os EUA a abandonar
momentaneamente sua atitu-
de agressiva pelo menos em re-
lação à China. Depois de ter
chamado o novo coronavírus
de “vírus chinês”, Trump, dian-
te do avanço da covid-19 em
seu país, teve de telefonar para
o presidente da China, Xi Jin-
ping, para estabelecer “estreita
colaboração” – palavras do pre-
sidente norte-americano – no
combate à epidemia. Não à toa:a China é o principal fabricante
mundial de equipamentos e
materiais hospitalares necessá-
rios para enfrentar o vírus, e os
EUA, por sua vez, são hoje o
principal foco da epidemia.
Se mesmo a maior economia
do mundo entendeu ser neces-
sário adotar o pragmatismo pa-
ra lidar com a pandemia de co-
vid-19, nada explica que o Bra-
sil, cuja economia é apenas
uma fração da norte-america-
na, se permita provocar os chi-
neses numa hora dessas.
Primeiro, o deputado Eduar-
do Bolsonaro, filho do presi-
dente Jair Bolsonaro, disse que
“a culpa” pela epidemia “é da
China”. Depois, o ministro daEducação, Abraham Wein-
traub, numa publicação de teor
preconceituoso nas redes so-
ciais, sugeriu que a China se be-
neficia com a crise. Tudo isso
em meio à dificuldade para ob-
ter equipamentos médicos chi-
neses para combater a epide-
mia e diante da necessidade
óbvia de manter aberto o mer-
cado chinês para os produtos
brasileiros, essencial para a re-
cuperação do País.
Para sorte do Brasil, contu-
do, o governo Bolsonaro não se
limita à ala lunática representa-
da pelos filhos do presidente e
pelos ministros “ideológicos”,
quando não pelo próprio Bolso-
naro. Há uma parte que faz o
exato oposto, procurando re-
forçar as pontes com o exte-
rior, em particular com a Chi-na, como lembrou, em entrevis-
ta ao Estado , o embaixador
Sérgio Amaral.
“De um lado, o governo cons-
trói, com a ministra Tereza
Cristina ( da Agricultura ), o la-
do do agronegócio. Na área de
infraestrutura, o ministro Tarcí-
sio de Freitas desenvolveu pro-
jetos grandes que podem au-
mentar a produtividade”, co-
mentou o embaixador. O pro-
blema, diz Sérgio Amaral, é
que, “se de um lado o governo
constrói, do outro destrói” – e
isso num momento de grave re-
tração do comércio mundial,
que já vinha ocorrendo antes
da epidemia e que agora tende
a se acentuar.
Países como o Brasil não po-
dem cometer erros dessa nature-
za. Até Bolsonaro, a diplomacia
brasileira se pautava por nutrir
boas relações com todo o mun-
do, justamente por não ter a for-
ça das grandes potências nem
poder se permitir fechar portas.
Hoje, o alinhamento incondicio-
nal aos EUA limita o horizonte
comercial brasileiro e ameaça
nossa posição até mesmo em
mercados já conquistados.
Nesse sentido, o Itamaraty,
como enfatizou Sérgio Ama-
ral, está sendo incapaz de coor-
denar os interesses dos Minis-
térios na área externa, exata-
mente porque também está
imerso na ideologia deletéria
que move Bolsonaro e seus as-
sessores aloprados. Por isso,
quando acabar a epidemia, va-
ticina o diplomata, “o Brasil
sairá enfraquecido”, carente
de reformas e com um gover-
no movido a complexo de per-
seguição: “O mundo não está
contra o Brasil, nós é que esta-
mos contra o mundo”.Fique em casa
ANTONIO CARLOS PEREIRA / DIRETOR DE OPINIÃOPaís não pode cometer
erros da natureza
daqueles cometidos pela
ala lunática do governoNotas & Informações
Ciência e política
Relação que já é tensa
em tempos normais
é ainda maior em
tempos de pandemiaO Brasil contra o mundo
l Pandemia
Cloroquina, a polêmica
O ministro da Saúde foi claro.
No início foram testados doen-
tes mais graves, posteriormente
admitiu o uso do medicamento
cloroquina em casos internados
sem necessidade de ventilação
mecânica a critério médico e
com o aval formal do paciente,
de acordo com o princípio da
autonomia. O ministério e a
Anvisa não podem estabelecer
um protocolo de tratamento
obrigatório sem estabelecer a
eficácia e os fatores de risco.
Não houve nenhum erro das
autoridades competentes. Dian-
te da gravidade da situação, es-
tão sendo feitas pesquisas com
vários medicamentos e não exis-
te nenhuma proibição ao uso
da hidroxicloroquina a critério
médico. No caso do dr. David
Uip, que merece o respeito de
todos, ele não é obrigado a di-
vulgar publicamente o trata-
mento recebido (autonomia do
paciente). Além disso, sua me-
lhora e cura poderia ter ocorri-
do independentemente do trata-
mento e a divulgação da tera-
pêutica poderia ocasionar a ado-
ção de um falso resultado. Por-
tanto, a hidroxicloroquina pode
ser utilizada a critério médico,
em razão da inexistência de re-
médio de eficácia comprovada
e da gravidade da doença. Va-
mos agir com prudência e fun-
damento científico, esquecendo
as conotações políticas.
JOSÉ PAULO CIPULLO
[email protected]
SÃO JOSÉ DO RIO PRETONova fosfoetanolamina?
Em 2016 Bolsonaro apresentou
projeto no Congresso pela apro-
vação de uma droga contra o
câncer, a despeito de não haver
suficiente comprovação científi-
ca: a fosfoetanolamina. E foi
aprovado! Felizmente, o Supre-
mo Tribunal barrou e depois se
comprovou que não fazia efei-
to. Agora estudos tentam pro-
mover o uso da cloroquina con-
tra a covid-19, mesmo sem sufi-
ciente comprovação científica.
Pode ser uma droga viável con-
tra a covid-19? Pode. Mas antes
de ser usada em larga escala são
necessários mais estudos. E tes-
tar outras terapias.
M. CECÍLIA PENTEADO BUSCHINELLI RINO
[email protected]
SANTOSPandemônio
Pior que a pandemia é o pande-
mônio criado por todos os po-
líticos, em nome da ganância,
da ânsia pelo poder. Quando as
excelências, de todos os níveis,
vão parar de se digladiar e se
dedicar a cuidar do País?
APARECIDA DILEIDE GAZIOLLA
[email protected]
SÃO CAETANO DO SULRevoltante
O Brasil se esfacelando diante
da pandemia de covid-19. Mi-
lhões de desempregados, a que
ao longo dos próximos meses
se juntarão outros tantos mi-
lhões, aqueles que conseguirão
sobreviver à doença, mas perde-
rão o emprego pela morte ou
agonia de milhares de empre-
sas. Milhões de trabalhadores
autônomos sem nenhuma fon-
te de renda. E os distribuidores
de energia elétrica já querem
que o governo repasse às con-
tas dos consumidores eventual
perda de receita pela queda de
consumo?! Esse é o mais perfei-
to retrato do que é o Brasil, on-
de cada um enxerga tão somen-
te uns milímetros além do pró-
prio umbigo. Lamentável, deplo-rável, execrável. Digno de um
sonoro palavrão.
RENATO OTTO ORTLEPP
[email protected]
SÃO PAULOSantas Casas
Li, estarrecido, o artigo S ocorro
prometido não chega às Santas
Casas (8/4, A2), de Mirocles Vé-
ras, que revela a insensibilidade
e ganância da Caixa Econômica
Federal: além de absurdas exi-
gências burocráticas, impõe a
essas heroicas instituições a ab-
surda taxa de juros de 10% ao
ano. Ora, sendo o governo, com
a espantosa defasagem da tabe-
la do SUS, o maior causador do
rombo nas finanças das Santas
Casas, nada mais justo que nes-
ta hora determine à Caixa a ime-
diata concessão do empréstimo
a juro zero. Isso para dizer o
mínimo, pois, sendo o titular de
facto dessa dívida – ou de gran-
de parte dela –, o próprio gover-
no, justamente pela inescusável
diferença de valores da tabela
do SUS, devia assumi-la, zeran-
do tal passivo das Santas Casas.
LUIZ M. LEITÃO DA CUNHA
[email protected]
SÃO PAULOHospitais em São Paulo
Faz mais sentido reformar o
antigo Hospital Panamericano,
um belo prédio em Pinheiros
que ocupa um quarteirão e está
desativado há mais de 20 anos,
do que gastar dinheiro montan-
do e depois desmontando hos-
pitais de campanha. Recupera-
das, as instalações desse hospi-
tal permaneceriam atendendo a
população. Mas, provavelmen-
te, isso não dá tanta mídia quan-
to montar hospitais de campa-
nha em estádios de futebol.
EDUARDO CARVALHO TESS FILHO
[email protected]
SÃO PAULOl Corrupção
Cartel paulista
A crise provocada pela pande-
mia do coronavírus diminui a
repercussão de um fato relevan-
te: a Ecovias informou ao Minis-
tério Público Estadual (MPE)
que 12 contratos assinados pe-
los governos do Estado de São
Paulo desde 1998 foram frauda-
dos por um cartel. Verbas fo-
ram destinadas ao caixa 2 de
campanhas políticas. E são cita-
dos três ex-governadores do
PSDB. Como vai ser o encami-nhamento dessa acusação?
URIEL VILLAS BOAS
[email protected]
SANTOSMera coincidência?
Ao tomar conhecimento do
acordo entre a Ecovias e o MPE
envolvendo a confissão de paga-
mento de propina e a devolu-
ção de R$ 650 milhões pela con-
cessionária, que integrava o car-
tel que atuou durante anos, lo-
go me recordei da história da
destruição da malha ferroviária
paulista naquele período. Com
efeito, a Fepasa foi cedida qua-
se de mão beijada pelo governo
paulista (Mário Covas) ao go-
verno federal (Fernando Henri-
que Cardoso) para ser incluída
no programa de desestatização
das ferrovias, sendo, posterior-
mente, transferida para a Ferro-
ban por migalhas. Interessan-
tíssima a notícia em comento,
eis que naquela época a justifica-
tiva governamental foi a estraté-
gia de incentivar o desenvolvi-
mento do transporte rodoviário
e da produção automobilística.
ULISSES NUTTI MOREIRA
[email protected]
JUNDIAÍFórum dos Leitores O ESTADO RESERVA-SE O DIREITO DE SELECIONAR E RESUMIR AS CARTAS. CORRESPONDÊNCIA SEM IDENTIFICAÇÃO (NOME, RG, ENDEREÇO E TELEFONE) SERÁ DESCONSIDERADA / E-MAIL: [email protected]
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