60 ADEGA >> Edição^163
1970 1975
N
ão é possível desvincular as ori-
gens do Vinho do Porto da Ingla-
terra. Esse clássico vinho portu-
guês talvez nunca tivesse sequer
surgido se não fosse pelo comér-
cio com os ingleses. Foi graças ao acirramento das
disputas entre França e Inglaterra que os ingleses
passaram a buscar alternativas aos vinhos que
comprava da primeira. Os vinhos mais encorpa-
dos, da região do Douro, vinham de barco até o
Porto, onde geralmente eram “fortificados” (rece-
biam aguardente vínica) para aguentar a viagem
até a ilha britânica. Assim, os primeiros registros
com o nome Vinho do Porto são de 1678.
Com o tempo, os comerciantes perceberam
que seus consumidores apreciavam os vinhos que
eram fortificados antes de a fermentação acabar,
ou seja, que continham ainda um pouco de açú-
car residual. Essa prática tornou-se comum no
século XIX. Como, na época, era costume não
só em Portugal, mas no mundo, esses vinhos ten-
diam a ser de blends de safras. Acredita-se que
os primeiros Vintages – ou seja, um vinho pro-
duzido com uvas de um único ano – sejam de
meados do século XVIII. Em seu site, o Instituto
do Vinho do Porto e do Douro cita a safra 1756,
por exemplo.
Desde então, quando há anos realmente ex-
cepcionais no Douro, os produtores “declaram”
Vintage. Não é exatamente uma declaração con-
junta, mas, geralmente, quando vários produto-
res julgam que a safra foi realmente clássica, boa
parte decide engarrafar seus Portos daquele ano
separadamente. Como há variações climáticas
ao longo da região, as declarações não são unâ-
nimes, portanto, há anos menos célebres em que
alguns produtores decidem fazer Vintages, assim
como em anos “consagrados” há quem não faça,
pois sua área de produção não foi tão favorecida.
Para facilitar a vida dos consumidores e apre-
ciadores de Vinho do Porto, ADEGA decidiu fa-
zer uma lista com as principais safras de Vinho
do Porto dos últimos 50 anos. Confira a seguir os
Vintages consagrados desde 1970.O ano foi de grande
qualidade ao longo do
Douro quase que por
completo, tanto que
quase todas as casas
declararam Vintage.
As precipitações foram
intensas e acima da
média no começo do
ano, mas a primavera
foi seca. Houve
preocupação com as
chuvas perto da vindima,
mas o tempo novamente
se tornou seco e quente,
com algumas ondas
de calor bem intensas.
No fim, formou-se uma
ótima safra, com vinhos
de grande longevidade.Este foi o primeiro Vintage
após a famosa Revolução dos
Cravos, em abril de 1974,
Portugal. A partir de então,
todos os vinhos passaram
a ser obrigatoriamente
engarrafados no país por
determinação legal. A
safra, em geral, foi muito
boa, de um ano quente
e seco no verão, mas
com chuvas acontecendo
pouco antes da colheita.
Ainda assim, a maioria
das vinícolas declararam.
Muitos consideram 1975 um
Vintage mais “fraco”, com
vinhos mais ligeiros e menos
longevos, mas atualmente
alguns têm mostrado uma
face elegante daquela safra.GRUPO ÚNICO PDF