O Estado de São Paulo (2020-04-11)

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A6 Política SÁBADO, 11 DE ABRIL DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO


PREZADOS


ANUNCIANTES,


Seguindo orientações do Governador de São Paulo,


João Doria Jr., o balcão de anúncios do Estadão,


situado no Shopping lguatemi São Paulo [Av.


Brigadeiro Faria Lima, 2232) permanecerá fechado


de 19 de marco a 30 de abril de 2020. I


O Estadão, alinhado com as ações que diminuam a


disseminacão da Covid-19, I continuará a atender


aos seus clientes que queiram anunciar em:


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Contamos com a


compreensão de todos.


Obrigado.


�ESTADÃO


Cassada em dezembro, Juíza


Selma ganha sobrevida no Senado


Jussara Soares / BRASÍLIA


Enquanto segue com o gesto
de descumprir orientações
para manter o distanciamen-
to social, o presidente Jair
Bolsonaro passou a agir tam-
bém para romper o isolamen-
to político agravado pelo em-
bate com governadores e
com seu próprio ministro da
Saúde sobre medidas de en-
frentamento ao novo corona-
vírus. Após líderes partidá-
rios serem recebidos no Palá-
cio do Planalto durante essa
semana, Bolsonaro tentará
uma reaproximação com o go-
vernador de Goiás, Ronaldo
Caiado (DEM), durante uma
visita, marcada para hoje, a
um hospital de campanha no
município goiano de Águas
Lindas.
O ministro da Saúde, Luiz
Henrique Mandetta (DEM-
MS), com quem protagoniza
uma guerra fria sobre a condu-
ção do enfrentamento à covid-
19, também acompanhará a
agenda. Mandetta ganhou o car-
go no governo Bolsonaro justa-


mente com o apoio de Caiado.
Então aliado, o governador de
Goiás, que é médico, rompeu
com o presidente no mês passa-
do, após o chefe do Executivo
minimizar o coronavírus, cha-
mada por ele de “gripezinha”, e
incentivar a população retomar
suas rotinas, contrariando me-
didas de isolamento adotadas
pelos Estados.
Ontem, Bolsonaro andou no-
vamente por áreas comerciais e
residenciais de Brasília, apesar
de orientações das autoridades
sanitárias de que a população
mantenha o isolamento social
para diminuir o ritmo de trans-
missão do coronavírus. Na rua,
houve manifestações de apoio
ao presidente, mas pessoas tam-
bém bateram panelas em suas
janelas e gritaram palavras de
ordem contra Bolsonaro.
Já a estratégia de quebrar o
isolamento político tem um ob-
jetivo de neutralizar o DEM,
que ganhou protagonismo du-
rante a crise e recuperar espaço
no jogo político. Além de Caia-
do e Mandetta terem confronta-
do o presidente, os presidentes

da Câmara, Rodrigo Maia, e do
Senado, Davi Alcolumbre, tam-
bém integrantes do DEM, criti-
caram medidas defendidas por
Bolsonaro durante a crise.
No entorno do presidente, a
avaliação é a de que o coronaví-
rus se transformou num palan-
que político para o DEM. A po-

pularidade do ministro Mandet-
ta – que, segundo recentes pes-
quisas, supera a de Bolsonaro –
ajudou a acender o alerta entre
aliados políticos do presidente.
O grupo ligado ao escritor Ola-
vo de Carvalho passou a pregar
também que existe um projeto
de poder do DEM que é necessá-

rio sufocar.

Centrão. A iniciativa de rece-
ber líderes partidários do cha-
mado Centrão no Planalto, arti-
culada pelo líder do governo na
Câmara, Major Vitor Hugo
(PSL-GO), marca também uma
mudança de estratégia do gover-

no. Desde o início da gestão Bol-
sonaro, o Executivo estabele-
ceu privilegiar a cúpula do Con-
gresso nas negociações, igno-
rando as lideranças partidárias.
A tática ia ao encontro do dis-
curso de Bolsonaro que, desde a
campanha, afirmou que não ce-
deria à pressão do “Centrão” e
ao chamado “toma lá, dá cá.”
Agora, o Planalto quer driblar
a barreira de Maia e Alcolum-
bre. Nesta semana, Bolsonaro
recebeu em o presidente do PP,
senador Ciro Nogueira (PI), e o
presidente do PRB, o vice-presi-
dente da Câmara, Marcos Perei-
ra (SP). Também estiveram no
gabinete presidencial o deputa-
do Wellington Roberto (PB) e o
senador Jorginho Mello (SC), lí-
deres do PL.
Na quinta-feira, o ministro-
chefe da Secretaria de Governo,
Luiz Eduardo Ramos, e Vitor Hu-
go se reuniram com líderes do
PP, MDB, PL, PSD, PROS, Cida-
dania, Patriota e Republicanos
por videoconferência. O DEM
não participou. Uma nova reu-
nião está marcada para a manhã
da próxima segunda-feira.

Daniel Weterman /BRASÍLIA

Cassada pela Justiça Eleitoral
em dezembro, a senadora Juíza
Selma (Podemos-MT) ganhou
uma sobrevida de quatro meses
no cargo e continua recebendo
salário e benefícios na função. A
situação deve se arrastar, segun-
do apurou o Estadão/Broadcast.
Um senador recebe R$ 33,7 mil
mensais, além de verba extras.
Após a decisão do Tribunal Su-
perior Eleitoral (TSE), o Senado
chegou a iniciar o ritmo de afas-
tamento em fevereiro. A crise
do novo coronavírus, porém, in-
terferiu na agenda da Casa e
adiou as eleições para a vaga em
Mato Grosso, deixando Selma
com mais tempo na cadeira.
“O superveniente agravamen-
to da capacidade de o novo coro-
navírus infectar grande parte da
população de forma simultânea e
a recente classificação da patolo-
gia como pandemia pela Organi-

zação Mundial de Saúde (OMS),
recomendam, além da adoção de
medidas higiênicas, providên-
cias tendentes a restringir a aglo-
meração de pessoas, como ocor-
re durante a realização de elei-
ções”, escreveu, em março, a pre-
sidente do TSE, a ministra Rosa
Weber, ao suspender a eleição pa-
ra a vaga. A nova eleição não tem
nova data para acontecer.
A senadora ganhou o apelido
de “Moro de saia” por ter sido
juíza em Mato Grosso – ela foi a
candidata ao Senado mais vota-
da no Estado, com 678.542 votos
(24,65%). Na época, Selma e os
dois suplentes estavam filiados
ao PSL. Após ser eleita e exercer
o mandato ao longo do último
ano, foi cassada por prática de
caixa 2 e abuso de poder econô-
mico na campanha. Ela admitiu
que realizou os gastos, mas ale-

ga que não era obrigada a decla-
rar as despesas no período.
O presidente do Supremo Tri-
bunal Federal (STF), Dias Toffo-
li, autorizou que Carlos Fávaro
(PSD), o terceiro colocado na
eleição que escolheu dois sena-
dores, assuma a cadeira proviso-
riamente até a realização de um
novo pleito. Mas isso só ocorre
se o Senado declarar a vacância
do cargo, o que não ocorreu. O
presidente do Senado, Davi Al-
columbre (DEM-AP), designou
o líder do governo no Congres-
so, Eduardo Gomes (MDB-
TO), como relator do processo
de afastamento para executar a
cassação. Ao Estadão/Broadcast,
Gomes afirmou que seu parecer
é pelo cumprimento da decisão
da Justiça Eleitoral. Ele pedirá a
Alcolumbre para a Mesa con-
cluir o rito na próxima semana.
Selma só perderá o mandato
efetivamente após a Mesa Dire-
tora declarar o afastamento, fa-
zer a comunicação em plenário
e publicar a decisão em diário
oficial. Mas, para isso, o colegia-
do precisa se reunir. Alcolum-
bre disse que pretende convo-
car uma reunião da Mesa para a
próxima semana, sem ainda ter
definido a pauta.

PANDEMIA DO CORONAVÍRUS


lO presidente Jair Bolsonaro
aproveitou a sexta-feira da Paixão
para fazer um novo tour por Brasí-
lia, contrariando novamente as
recomendações sanitárias de iso-
lamento social para evitar a propa-
gação do novo coronavírus.
Bolsonaro deixou o Palácio da
Alvorada, residência oficial da Pre-
sidência, pouco depois das 9 ho-
ras. Na saída, a comitiva do presi-
dente evitou passar pela portaria
principal, onde tradicionalmente

os jornalistas e apoiadores perma-
necem à espera do presidente.
Ele primeiro foi ao Hospital das
Forças Armadas (HFA), depois a
uma farmácia no setor Sudoeste
e, por fim, a um prédio residen-
cial, na mesma região, onde mora
o filho do presidente, Jair Renan.
Na farmácia e no prédio, apoiado-
res se juntaram para ver o presi-
dente, também contrariando a
orientação de evitar aglomera-
ções. Bolsonaro pegou na mão de
alguns apoiadores. Ele chegou a
limpar o nariz e, com o mesmo
braço, cumprimentou uma idosa.
Na rua, houve manifestações de
apoio ao presidente, mas também
houve pessoas que bateram pane-

las em suas janelas e gritaram
palavras de ordem contra Bolso-
naro. “Eu tenho o direito constitu-
cional de ir e vir. Ninguém vai to-
lher minha liberdade de ir e vir.
Ninguém”, afirmou o presidente
na saída da farmácia.
O Ministério da Saúde, seguin-
do a Organização Mundial de Saú-
de (OMS), ressalta diariamente a
necessidade de as pessoas fica-
rem em casa e não saírem a não
ser para alguma atividade essen-
cial. Jornalistas que acompanha-
ram a saída do presidente pela
cidade questionaram Bolsonaro
sobre o que ele foi fazer no hospi-
tal, mas ele não respondeu. /
FABRÍCIO DE CASTRO

DIDA SAMPAIO/ESTADÃO - 13/9/

l Rendimentos

Surto provoca morte em massa de idosos abandonados em asilos na Itália. Pág. A8 }


GABRIELA BILÓ/ESTADÃO

Bolsonaro


tenta romper


isolamento


político


Presidente tem recebido líderes do Centrão


no Planalto e, hoje, deve encontrar Caiado
Passeio. O presidente Jair Bolsonaro foi ao Hospital das Forças Armadas e a uma farmácia, ontem, em Brasília


‘Ninguém vai tolher


o meu direito de ir e


vir’, diz presidente


R$ 33,
mil é o salário de um senador,
além benefícios e verbas extras.
Selma foi cassada pelo TSE
em dezembro, mas continua
recebendo os rendimentos

Parlamentar continua no
cargo após decisão do
TSE; análise da Casa e
nova eleição são adiadas
devido à pandemia

Mandato. Selma Arruda, do Podemos; senadora foi cassada por caixa 2 e abuso de poder
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