O Estado de São Paulo (2020-04-13)

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O ESTADO DE S. PAULO SEGUNDA-FEIRA, 13 DE ABRIL DE 2020 NotaseInformações A


A


inda que haja algumas penosas ex-
ceções, os políticos em sua grande
maioria têm dado exemplo de res-
ponsabilidade, de coordenação e
de trabalho no enfrentamento da
pandemia do novo coronavírus. A
população tem se mobilizado em torno de várias
iniciativas de solidariedade, para amenizar o pre-
juízo e o sofrimento decorrentes da atual crise.
Mas seria equivocado aplaudir apenas a reação
positiva da sociedade. Se muitos têm do político
a imagem de quem pensa apenas em seus pró-
prios interesses, a pandemia do novo coronaví-
rus oferece como contraponto a atuação proposi-
tiva e responsável do Congresso. Tal como se viu
no ano passado, com a aprovação da reforma da
Previdência, deputados e senadores manifestam
agora, em meio à dramática situação do País,
compromisso com o interesse público, muito
além de questões partidárias e eleitorais.
São abundantes os exemplos de atuação res-
ponsável de políticos. No início de fevereiro, an-
tes mesmo de haver casos de infecção pelo novo
coronavírus no País, o Congresso aprovou a Lei
13.979/2020 dispondo sobre as medidas relati-
vas à emergência de saúde pública decorrente


da covid-19.
O Poder Legislativo foi também diligente na
aprovação da Lei 13.982/2020, que estabeleceu
auxílio emergencial de R$ 600 para trabalhado-
res informais e intermitentes de baixa renda,
bem como a microempreendedo-
res individuais (MEIs). Com du-
ração prevista de três meses, po-
dendo ser prorrogada, a medida é
de fundamental importância pa-
ra reduzir os danos sociais e eco-
nômicos provocados pela pande-
mia do novo coronavírus. Elabo-
rada pelo Executivo, a redação
original da proposta previa auxí-
lio mensal de R$ 200.
Além de ágil na votação de pro-
jetos de lei (PLs) apresentados pe-
lo Executivo, o Congresso tem si-
do zeloso na redação de propos-
tas legislativas referentes à pandemia. Por exem-
plo, o senador Antonio Anastasia (PSD-MG) apre-
sentou projeto de lei propondo a criação do Regi-
me Jurídico Emergencial e Transitório das Rela-
ções Jurídicas de Direito Privado, para o período
da pandemia. Entre outras medidas, o PL

1.179/2020 dispõe sobre regras de despejo, prazos
de prescrição, direito de devolução de mercado-
rias, procedimentos para assembleias de pessoas
jurídicas e o adiamento da entrada em vigor da
Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), prevista
originalmente para viger em agos-
to deste ano. Aprovado no Sena-
do, o PL 1.179/2020 está sob a análi-
se da Câmara.
Outra iniciativa relevante para o
enfrentamento da pandemia é o
Projeto de Lei Complementar
(PLC) 39/2020, estabelecendo
uma ação coordenada entre
União, Estados e municípios no
combate à pandemia. A proposta
regulamenta o art. 23 da Constitui-
ção, que estabelece a competência
comum da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos municípios
no cuidado da saúde e da assistência pública.
“Trata-se de regulamentar o processo de discus-
são e de deliberação dessas medidas de saúde pú-
blica, com vistas a encontrar um regramento
que, além de vincular todos os entes da Federa-
ção, garanta a unicidade de objetivos e de meios

de atuação contra tais situações emergenciais”,
afirmou o senador Anastasia.
Também no âmbito estadual se verifica a dili-
gência dos políticos. Por exemplo, a Assembleia
Legislativa do Estado de São Paulo aprovou, por
votação remota, decretos legislativos reconhe-
cendo o estado de calamidade pública no Estado
de São Paulo e em todos os municípios paulistas.
Entre outros efeitos, a medida confere maior au-
tonomia ao gestor público para realizar investi-
mentos nas áreas mais afetadas pela pandemia.
O reconhecimento do bom trabalho dos políti-
cos no combate ao novo coronavírus não signifi-
ca fechar os olhos à ocorrência de erros, tal como
o jabuti incluído pela Câmara Municipal de São
Paulo no PL de emergência. Ao votar medidas pa-
ra enfrentar a covid-19, os vereadores aprovaram
uma extemporânea e imoral alteração do funcio-
namento da Controladoria-Geral do Município
(ver editorial O vírus do corporativismo , 31/3).
Há muitos erros e disfuncionalidades na po-
lítica. Mas os fatos mostram que, em sua maio-
ria, os políticos têm sido, neste momento, par-
te relevante da solução para enfrentar a pande-
mia do novo coronavírus. Não convém despre-
zar tal realidade.

E


m meio ao pessi-
mismo generali-
zado resultante
do crescente nú-
mero de graves
problemas so-
ciais e econômicos trazidos pe-
lo avanço da pandemia do no-
vo coronavírus no Brasil, um
fato positivo merece desta-
que: a surpreendente capacida-
de de resposta das institui-
ções científicas e das princi-
pais universidades do País,
mesmo num momento de re-
dução de orçamentos e de cor-
tes efetuados sem critérios
precisos em bolsas de estudo,
como o que acaba de ocorrer
na Coordenação de Aperfei-
çoamento de Pessoal de Nível
Superior (Capes).
Apesar dessas dificuldades,
as instituições científicas e as
universidades mais uma vez
demonstram competência não
só para concentrar recursos es-
cassos em pesquisas voltadas
para o enfrentamento de sur-
tos e epidemias, mas, também,
para mobilizar recursos huma-
nos qualificados. A USP, por
exemplo, lançou no intervalo
de algumas semanas um pro-
grama de captação de recursos
para o financiamento de pes-
quisas sobre a covid-19. Tes-
tou materiais para produzir
um milhão de máscaras para
hospitais. Passou a estudar al-
ternativas para obter reagen-
tes de testes, uma vez que a de-
manda mundial levou os forne-
cedores a priorizarem os mer-
cados americano e europeu.
Criou um protótipo para auto-
matizar entrega de remédios e
alimentos a pacientes contami-
nados. E privilegiou informa-
ções sobre experiências cien-


tíficas e modos de conter a
pandemia em seu jornal ele-
trônico, que teve 3,5 milhões
de leitores em março.
Na Unicamp, os pesquisado-
res do Instituto de Biologia pe-
diram a colaboração de profes-
sores e pós-graduandos para di-
vidir tarefas e 400 voluntários
vindos das mais diversas áreas,
como herpetologia, estatística
e engenharia, prontificaram-se
a ajudar nos exames da covid-
19 na região de Campinas, que
tem 20 municípios e 4 milhões
de habitantes. Embora muitos
não tenham experiência em
doenças, estão acostumados a
trabalhar em laboratórios e do-
minam conhecimentos que po-

dem ser úteis para o avanço
das pesquisas. A instituição
também negociou parcerias
com empresas privadas, com a
colaboração de cientistas que
tiveram reconhecimento inter-
nacional por descobertas so-
bre o zika. Já a Unesp criou,
em seu Instituto de Física
Teórica, o Observatório Co-
vid-19, mantido basicamente
por físicos das universidades
públicas paulistas.
Por seu lado, a UFRJ passou
a desenvolver testes mais bara-
tos – e que podem ser usados
em grande escala em diversos
locais do País – do que os que
estão sendo aplicados no mo-
mento para detectar anticor-
pos em pessoas com suspeita
de covid-19. A Fundação
Oswaldo Cruz vem testando

medicamentos para determina-
das doenças infecciosas, como
o HIV, que podem inibir a re-
produção do novo coronavírus
e reduzir a inflamação dos
pulmões. Também lançou pro-
gramas de parcerias que po-
dem resultar na produção de
testes mais rápidos e ampliar a
capacidade de testagem. E ain-
da passou a coordenar e apoiar


  • com recursos financeiros,
    materiais e logísticos – ações
    de apoio humanitário ao con-
    junto de favelas de Mangui-
    nhos. Já a Fundação de Ampa-
    ro à Pesquisa de São Paulo,
    uma das maiores do País, fez
    uma chamada para financiar
    projetos com o objetivo de
    combater a covid-19 e selecio-
    nou um que avalia a eficácia de
    dois fármacos no combate à in-
    flamação pulmonar em pacien-
    tes em estado grave e outro
    que estuda a transmissão do
    novo coronavírus em cidades
    amazônicas que padecem da
    malária endêmica.
    Enquanto a cúpula do MEC
    vai trocando os pés pelas
    mãos, criando problemas diplo-
    máticos com a China e dificul-
    tando com isso a importação
    de material médico-hospitalar
    num momento de pandemia,
    os institutos científicos e as
    grandes universidades brasilei-
    ras mostram estar vivos, atuan-
    tes e com capacidade de ofere-
    cer respostas em períodos tão
    difíceis como o atual. Eles não
    conseguirão dar solução a to-
    dos os problemas, é evidente.
    Mas, com a contribuição que
    estão dando ao avanço da ciên-
    cia, ajudarão a reduzir o sofri-
    mento da população. Por isso,
    mais do que respeito, mere-
    cem a admiração da sociedade.


E


m boa hora, depu-
tados e senado-
res decidiram
prorrogar por
mais 180 dias a
Comissão Parla-
mentar Mista de Inquérito (CP-
MI) que investiga a produção e
divulgação de mentiras por
meio das redes sociais e aplica-
tivos como o WhatsApp. O no-
vo prazo da chamada CPMI
das Fake News começa a valer
no dia 14 deste mês. Impunha-
se a prorrogação dos trabalhos
da comissão porque ainda há
muito o que apurar sobre a re-
de de patrocinadores de perfis


  • falsos e verdadeiros – que se
    formou na internet a fim de dis-
    seminar mentiras cujo objetivo
    principal é desestabilizar auto-
    ridades e instituições demo-
    cráticas, como o Congresso Na-
    cional e o Supremo Tribunal
    Federal (STF). Além disso, a
    eclosão da pandemia de covid-
    19 impôs um novo desafio à CP-
    MI: muitos dos que atentavam
    contra a saúde das instituições
    agora põem em risco a vida
    dos cidadãos com suas esparre-
    las sobre a flexibilização do iso-
    lamento social e a suposta efi-
    cácia de tratamentos ainda não
    reconhecidos pela ciência.
    Ciosos da responsabilidade
    do Poder Legislativo no en-
    frentamento desses desafios
    nada triviais, pela primeira
    vez, os parlamentares aprova-
    ram a prorrogação de uma co-
    missão de inquérito por meio
    de votação remota. “Temos
    que banir os marginais digitais
    e punir seus financiadores”,
    disse o senador Angelo Coro-
    nel (PSD-BA), presidente da
    CPMI das Fake News. Em en-
    trevista ao Estado em meados


do mês passado, o senador afir-
mou que “tem gente gastando
pesado” na produção e disse-
minação de mentiras. Na mes-
ma linha, o presidente da Câ-
mara dos Deputados, Rodrigo
Maia (DEM-RJ), disse a este
jornal que “nada disso ( a pro-
dução e disparo de fake news )
custa pouco, já que um único
‘robô’ custa 12 dólares por
mês”. Ou seja, trata-se de coi-
sa feita por profissionais.
Um amador, isolado em um
cômodo na frente de um com-
putador ou celular, até pode in-
ventar ou distorcer um fato e
transmitir a invencionice para
sua rede de contatos. Mas ja-
mais este alcance terá dimen-

são para desestabilizar autori-
dades ou instituições como
tem a milionária usina de men-
tiras objeto da CPMI das Fake
News. É de vital importância
para o País, sobretudo para a
salvaguarda da democracia,
que os membros da comissão
apurem com absoluto rigor
quem está por trás destes co-
vardes ataques sub-reptícios à
honra das pessoas e das insti-
tuições que muitas das víti-
mas representam.
Do alto do cargo que ocupa,
o presidente Jair Bolsonaro de-
veria ser o primeiro a celebrar
a prorrogação dos trabalhos
de uma CPMI cujos objetivos,
ao fim e ao cabo, são prestigiar
os valores democráticos e tor-
nar menos tóxico, para não di-
zer criminoso, o debate públi-

co no País. Todos só têm a ga-
nhar com o bom desfecho da
CPMI das Fake News , exceto
os que se beneficiam, direta
ou indiretamente, da rede de
mentiras que ela visa a desba-
ratar. A decisão dos parlamen-
tares, no entanto, não foi vista
com bons olhos pelo Palácio
do Planalto. Como revelou a
Coluna do Estadão , o governo
federal já elabora uma espécie
de “lista negra” de parlamenta-
res que votaram pela prorroga-
ção do trabalho da CPMI das
Fake News. Tratados como
“traidores”, esses parlamenta-
res poderão sofrer retaliações.
Se assim ocorrer, a ação servi-
rá para apenas aplacar a sede
de vingança dos contrariados,
pois, em que pese a oposição
do Palácio do Planalto, a pror-
rogação da CPMI era dada co-
mo certa, mais um eloquente
sinal da distância abissal que
separa os Poderes Executivo e
Legislativo.
Os trabalhos da CPMI fo-
ram interrompidos no dia 17
de março por força do isola-
mento necessário para evitar
a disseminação do novo coro-
navírus. O senador Angelo
Coronel já articula com o pre-
sidente do Senado, Davi Alco-
lumbre (DEM-AP), a retoma-
da das sessões por meio de vi-
deoconferências. Será muito
bom se o espírito público
dos parlamentares e a tecno-
logia formarem uma união
benfazeja para chegar aos res-
ponsáveis pela profusão de
fake news que tanto mal têm
feito ao País. Há esperança
de que assim será. O Con-
gresso Nacional tem dado
mostras de eficiência nestes
tempos sombrios.

O bom exemplo dos políticos


ANTONIO CARLOS PEREIRA / DIRETOR DE OPINIÃO

Parlamentares, em boa
hora, aprovaram a
prorrogação da
comissão de inquérito

Notas & Informações


A importância da pesquisa


Universidades e
institutos de pesquisa
têm sido decisivos no
combate à pandemia

A CPMI das ‘Fake News’ continua


l Pandemia
Cloroquina em debate

A entrada da cloroquina no de-
bate político é uma clara de-
monstração de que, no Brasil,
até o esperado acontece sem-
pre de forma inesperada. Embo-
ra fosse esperado que o presi-
dente da República e alguns
governadores politizassem a
crise, inesperadamente assiste-
se a algo assombroso: políticos
discutindo sobre algo que ape-
nas a comunidade médica está
capacitada a debater. Não com-
pete ao presidente recomendar
medicamentos, mesmo se tives-
se formação para tal. Isso cabe
apenas à comunidade médica.
Já os oponentes do presidente
deveriam ter a grandeza que o
acusam de não ter e jamais ter
entrado nesse debate.
LUCIANO DE OLIVEIRA E SILVA
[email protected]
SÃO PAULO


Tragédia da talidomida
Quem viveu mais de 40 anos
na indústria da saúde, esteve
próximo de milhares de traba-
lhos clínicos, participou da cria-
ção de conselhos científicos,
integrou mesas-redondas, mi-


nistrou palestras em vários con-
gressos de associações médi-
cas, lançou produtos farmacêu-
ticos no mercado, foi testemu-
nha de outros medicamentos
que causaram muitos danos à
saúde, tem o dever de alertar a
população para o perigo do uso
precipitado de remédios ainda
não devidamente testados.
Quem tem um mínimo de co-
nhecimento a respeito de dro-
gas farmacêuticas sabe que
seus efeitos colaterais só apare-
cem depois de uso intensivo,
eis que o metabolismo humano
absorve ou reage de forma di-
versa, dependendo de condi-
ções específicas do paciente ou
condições socioeconômicas
que alteram os efeitos das dro-
gas. A hidroxicloroquina é um
produto com indicação defini-
da e testada, efeitos colaterais
conhecidos, que podem ser ex-
tremamente severos, atingindo
visão, audição e rins. Isso signi-
fica que seu uso tem de ser es-
tritamente monitorado por
médicos, com internação hospi-
talar em casos de indicação ain-
da não validada cientificamen-
te. Hospitais e médicos têm
recursos para reverter possí-

veis lesões, efetuando exames,
adequando dosagens ou usan-
do outros recursos para preser-
var a saúde do paciente. Não se
podem esquecer produtos que
foram devidamente testados
pela vigilância sanitária de vá-
rios países da Europa e aparen-
temente eram seguros até que
seu uso se tornou massivo. Ca-
so da talidomida, que tragica-
mente afetou milhares de famí-
lias. Medicamento não é artigo
de consumo, portanto, deve ser
utilizado em condições rigoro-
sas e sob prescrição de profis-
sionais habilitados.
JOSÉ EDUARDO BANDEIRA DE MELLO,
ex-presidente da Associação Brasileira da
Indústria Farmacêutica (Abifarma)
[email protected]
ITU

Alternativa contra o vírus
Tal como até a água com açú-
car, a hidroxicloroquina tem
efeitos colaterais. Quem é con-
tra seu uso recomenda o quê?
MARCIA MEIRELLES
[email protected]
SÃO PAULO

Usar ou não usar?
Imagine você dentro de um

avião que vai cair. Você encon-
tra um paraquedas. Só que está
escrito: paraquedas não testa-
do pelo Inmetro. Você usa o
paraquedas ou aguarda o Inme-
tro dar o parecer?
LUIZ FELIPE DE CAMARGO KASTRUP
[email protected]
SÃO PAULO

Remédio antigo
A hidroxicloroquina foi aprova-
da nos EUA em 1955, é usada
por médicos reumatologistas
no Brasil e era vendida sem re-
ceita médica até 20 de março
último nas nossas farmácias. Se
fosse tão mortal e perigosa (to-
do medicamento pode ter efei-
tos colaterais em determinados
pacientes), todo médico que a
tivesse prescrito até 20/3 com
certeza a teria receitado com
precaução. Obs: desde 2017 es-
sa droga faz parte do tratamen-
to da chikungunya.
C\ARLOS R. GOMES FERNANDES, médico
[email protected]
OURINHOS

Vacina BCG
Há males que vêm para o bem.
Está em estudo a hipótese de
que os países em que a tubercu-

lose não foi totalmente erradi-
cada e onde ainda se aplica a
vacina BCG têm dez vezes me-
nos casos de covid-19. Isso ex-
plicaria a agressividade menor
do vírus na China e na Índia
quando comparada com os paí-
ses da Europa e com os EUA.
O Brasil estaria no primeiro
grupo. É esperar para ver.
JORGE ALBERTO NURKIN
[email protected]
SÃO PAULO

Veterano de crises
Do alto dos meus 84 anos, não
me lembro de uma única época
em que o Brasil não estivesse
às voltas com uma crise ou ou-
tra. Basta lembrar que antes
mesmo do coronavírus já pená-
vamos com mais de 11 milhões
de trabalhadores desemprega-
dos. Na Inglaterra, experiente
em países de Terceiro Mundo,
é fato conhecido que o jovem
que retorna de um estágio de
quatro ou cinco anos no Brasil
será um profissional mais com-
petente do que seus colegas
que permaneceram no Primei-
ro Mundo. Porque, enquanto
no seu país ele encontra tudo
fácil, organizado, acessível e

mastigado, aqui, no Brasil, on-
de quase tudo é mais difícil, ele
tem de aprender a “se virar”, a
“enjambrar”, a “dar um jeito”,
como os brasileiros, habitua-
dos a isso no seu dia a dia. Por-
tanto, ao passo que lá no Pri-
meiro Mundo o coronavírus
constitui uma tragédia da qual
o povo, acostumado às facilida-
des e ao conforto da organiza-
ção, desaprendeu a se defen-
der, para o brasileiro ele repre-
senta mais uma crise de que,
com sua vivência, ele se há de
sair melhor, pois por natureza
reage ao estímulo, criando as
defesas de que necessita.
JOHN CONINGHAM NETTO
[email protected]
CAMPINAS

Conforto familiar
Foi preciso um vírus para que a
humanidade percebesse quan-
to a família é importante nos
dias de hoje. Só se fala em ficar
em confinamento com os fami-
liares. Devemos pensar muito
sobre isso e dar valor ao que
realmente importa.
CARLOS ALBERTO DUARTE
[email protected]
SÃO PAULO

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