da, e alheia; a ciência que os fêz subir, é o que
desprezam mais; não porque totalmente desprezem a
ciência, mas porque esta prescreve certos modos, e
limites, que se não podem passar, nem deixar de
chegar a êles; esta necessidade serve de angústia; é
apêrto o haver de seguir precisamente um caminho
prescrito, e determinado: a vaidade da ciência não se
acomoda em seguir, o que quer é que a sigam; não
quer observar a regra, quer fazê-la. Os sábios sofrem
mal o serem executores, e não legisladores; e com
efeito a execução, soa uma espécie de servidão
pública; por isso cada um se forma uma ciência
particular; e esta é a que pròpriamente é sua; daqui
vêm os diversos pareceres; nem pode deixar de ser,
porque nenhum sábio se governa pelos princípios
comuns a todos, mas por aquêles que só a êles são
comuns; e quando recorrem aos princípios dos outros,
é para confirmação dos seus: mas como pode não ser
assim, se é regra, que em certos casos não deve a regra
servir de regra, nem o pricípio de princípio, nem a lei
de lei? Então vem a consistir a observância da lei na
transgressão dela, a conformidade com o princípio,
consiste em se afastar dêle, e a sujeição à regra,
consiste em a violar; desta sorte vem a ciência a ser
uma faculdade arbitrária, e fundada mais no
conhecimento dos casos, do que no conhecimento das
leis: estas são as que se aplicam, e na ocasião de serem
aplicadas, é que têm o perigo de se quebrarem, ou tor-
cerem; elas se quebram, e se torcem, ainda sem ser por
fraqueza de quem as aplica, mas por culpa da mesma
coisa. Vemos aquêles sábios, quase sempre desunidos;
todos estudam as mesmas leis, mas no modo de as
praticar, nenhum concorda; não só disputam quando
aprendem, mas também quando sabem; em disputar
passam todo o tempo de apren-
zelinux#
(Zelinux#)
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