tros dizem que não foi mais do que uma bem composta
fábula.
(147)Dion Crisóstomo, na fé das tradições egípcias, diz que
Helena sendo pedida pelos maiores príncipes da Ásia, e
Grécia, casara por ordem de seu pai Tín-daro com Alexandre,
filho de Príamo; e que aqueles príncipes irritados da
preferência, fizeram guerra a Tróia; e que enfraquecidos
depois pela peste, e fome; e juntamente pelas suas mesmas
dissenções concluíram a paz com os troianos, em cuja
memória tinham feito fabricar um cavalo de madeira, donde se
escrevera em grossas letras, a forma do Tratado; e que
finalmente não podendo o cavalo entrar pelas portas da
cidade, se havia aberto um pedaço de muralha por onde êle
passasse. Porém Pausânias diz o contrário; e segura que o
cavalo de Tróia não fôra mais do que uma máquina de bronze,
que êle vira em a cidadela de Atenas; e que tinha servido
naquela guerra, como instrumento bélico, para arrombar, e
destruir os muros.
(148)Muitos escreveram, que Helena nunca fôra a Tróia: que
Páris, e Helena foram levados por uma tempestade a uma das
bôcas do rio Nilo, chamada Canope, e de lá conduzidos a
Menfis, donde Proteu reinava; êste abominara a aleivosia
daquele príncipe ; e que lançando-o fora do seu reino, retivera
a Helena com tôdas as riquezas, que ela tinha: que então Páris
se retirara a Tróia, e que sendo seguido pelos gregos, dali se
originara uma grande, e cruel guerra; e que indo depois
Menelau ao Egito, lá lhe entregara Proteu a Helena, e
juntamente as riquezas tôdas.