matias

(Zelinux#) #1

mas nações se mostram diferentes por um aspecto, ou
semblante próprio, que a natureza afeta em cada uma
delas. A côr é um sinal demonstrativo, regular, e
indelével, que a mesma natureza imprime nas gentes
de cada clima ou região; e dessa côr procedem outras
côres mistas, ou modificadas, que indicam o grau, e
concorrência de nações diversas, mas unidas; de gentes
separadas, mas juntas; de famílias estranhas, mas
naturalizadas. Aquela é a marca, que a Providência pôs
nos homens; marca perpétua, enquanto êles se
perpetuam dentro da sua mesma esfera, mas temporal,
e extinguível por meio de uma nova composição. Até
nas plantas se encontra a mesma economia; elas têm
sinais por onde se distinguem; uns perseverantes,
outros mudáveis. A arte, que concilia entre si plantas
diversas, ou as conserva, e faz permanecer no estado
primitivo, ou as altera, e muda para outro; ela força o
tronco a sustentar ramos alheios, a vestir-se de fôlhas
desconhecidas, e a produzir frutos adulterinos. Ainda
nas coisas insensíveis, tem às vêzes lugar a violência.
Assim se constrange a natureza a que siga um caminho
errado, e que em certos casos não liga as suas leis, mas
as leis da indústria, e do artificio; daqui vem, que é útil
que a nossa inteligência seja limitada; se o não fôsse,
apenas teria a terra liberdade para fazer nascer, como
quisesse, a menor flor dos campos. Quantas vêzes não
se faz o mal, porque se não sabe fazer? Aquela
ignorância nos preserva; mas nem por por isso valemos
mais, porque o merecimento é da ignorância, e não de
nós.


Já vimos que os homens, quando vêm ao mun- (158) do,
já trazem um sinal de distinção, e diferença, e

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