maiores, foi a Providência; só esta podia influir di-
versidade no que é o mesmo; podia fazer qeu uma
identidade fôsse diferente de outra da mesma espécie ;
e podia, debaixo da mesma forma, e dos mesmos
acidentes, fazer uma natureza desigual. Deus é a
origem do poder dos reis, êstes são independentes da
fortuna; porque o poder supremo, só Deus que o dá, o
tira. As revoluções particulares parece que resultam de
uma economia certa; as dos monarcas não sucedem
sem decreto especial. Aquêles a quem a Providência
fêz árbitros do mundo, a mesma Providência os
distinguiu: os outros homens fazem-se distintos à
proporção do favor supremo que os distingue. Assiste
pois a distinção dos homens só na vontade, ou coração
dos reis; esta é a origem verdadeira da nobreza. Os reis
são os que glorificam os homens, isto é os que os
enobrecem; e desta sorte recebem a nobreza por graça,
e não por sucessão; por favor, e não por herança;
permanecem nobres, enquanto permanece a graça que
os ilustra; persiste aquela prerrogativa enquanto o
favor existe; se êste se retira, logo a nobreza acaba. A
luz tôda se emprega nos objetos, êstes ficam claros,
mas é por fôrça de uma luz que não é sua. Se o sol se
esconde, ficam os objetos escuros, e escondidos. As
coisas não nascem com as qualidades que se vêem; os
homens não vêm ao mundo sábios, justos, prudentes,
virtuosos, bons; e do mesmo modo não vêm nobres; cá
acham a nobreza como uma parte posterior, e auxiliar,
que se pode unir, e agregar depois; acham muitas
vaidades, e entre elas uma ocupada em crer, que a
nobreza é qualidade fixa, própria, interior, e
inseparável; e por mais que os sentidos, e a razão
mostrem o contrário, nem por isso aquela vaidade se
deixa convencer. Tiremos por
zelinux#
(Zelinux#)
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