Introdução à História da Filosofia 2 Marilena Chauí

(Zelinux#) #1
nista Roberto Bolzani Filho, percorrendo as fontes e suas polêmicas, considera
que o ceticismo acadêmico foi autêntico e que se há diferenças entre ele e o pirrô­
nico, no entanto, as semelhanças são "tão ou mais significativas, às vezes mais
fundamentais". Há um ceticismo genuíno na Nova Academia, escreve ele. Assim,
tanto pirrônicos quanto acadêmicos,

extraem de sua critica ao dogmatismo, especificamente à teoria estoica da represen­
tação apreensiva e da apreensão, uma lição positiva, que instaura, respectivamente,
o probabilismo e o fenomenalismo como instrumentos de explicação e justificação
de suas próprias posições e da ação sem dogma (Bolzani Filho, 2003, p. 163).

Isto não significa, porém, ausência de diferenças na argumentação:

Enquanto, por um lado, a mais bem desenvolvida critica pirrônica à representação
apreensiva dos estoicos [ ... ] explora dificuldades intersubjetivas de caráter formal,
como relatividade, árculo vicioso, regressão ao infinito, resultantes da tentativa de
resolver o conflito de representações originadas do mesmo objeto, os acadêIrucos,
por outro lado, sobretudo Carnéades, perscrutam a doutrina da representação em
seu âmago e dirigem o olhar critico para aquilo que, nessa doutrina mesma, se apre­
senta para além da própria dimensão subjetiva da representação como componente
stricto sensu subjetivo do processo de conhecer e apreender: o próprio intelecto em
sua função de ativamente dar assentimento (Bolzani Filho, 2003, p. 163).

o que caracteriza a Nova Academia é a reação veemente aos dogmatismos
das escolas, sobretudo a estoica, e o uso da dialética contra eles. Herdeiros de Só­
crates, os novos acadêmicos reafirmam o princípio do "sei que nada sei", contra as
pretensões dogmáticas de certeza e, diferentemente de estoicos e epicuristas,
ainda têm na pólis a referência política.


Arcesilau


Como Sócrates e Pirro, Arcesilau nada escreveu e as fontes sobre ele são es­
cassas.
Nasceu por volta de 315 a.C., em Pitana, na Eólia. Foi para Atenas talvez no
início do século III a.C. e, segundo Diógenes de Laércio, teria frequentado o Peri-


170
Free download pdf