Introdução à História da Filosofia 2 Marilena Chauí

(Zelinux#) #1

  1. Breves considerações sobre as escolas no


período médio


O ceticismo e a Academia


o ceticismo não se reduziu ao círculo dos seguidores de Pirro e Tímon, mas
floresceu também, no século III a.c., com os filósofos platônicos da Segunda Aca­
demia, particularmente Arcesilau de Pitana, sucessor de Crates, e, no século 11
a.C., com Carnéades de Cirene, a quem se atribui a renovação acadêmica ou a
Terceira Academia.
Desde a Antiguidade até nossos dias, há controvérsias sobre a filiação dos
acadêmicos ao ceticismo pirrônico. Sexto Empírico, por exemplo, relata que, para
alguns contemporâneos, o ceticismo radical dos acadêmicos (radical pois recusa­
vam qualquer possibilidade de conhecimento racional) era instrumental, uma
arma de combate contra os estoicos, já que, no interior da Academia, permane­
ciam fiéis ao racionalismo socrático-platônico. Seria preciso, portanto, distinguir
entre o ceticismo pirrônico e o acadêmico e dar crédito à descrição de Arcesilau
feita pelo estoico Aristo - "Na frente, Platão, atrás Pirro, no meio Diodoro" -
ou ao que diziam alguns, declarando que "lançava diante de si a suspensão do juí­
zo, como faz o polvo com a tinta preta". Um disfarce, portanto.
Essa interpretação, porém, não tem sido aceita pelos intérpretes atuais, que
refutam a suposição de um platonismo esotérico sob o ceticismo público. O hele-


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