Dossiê Superinteressante - Edição 415-A (2020-05)

(Antfer) #1

58 FREUD


Projeção
Está se sentindo culpado por um desejo
proibido, um comportamento impróprio
ou um mau-caratismo da pior espécie?
Seus problemas acabaram: é só jogar
a batata quente dessa culpa no colo de
outra pessoa – uma transferência de res-
ponsabilidade que pode acontecer dentro
da sua cabeça, via projeção. Esse meca-
nismo faz com que o indivíduo projete
em outras pessoas as suas inseguranças
e sentimentos desagradáveis. Assim, ele
consegue tirar a carga emocional das pró-
prias costas – botando a culpa em alguém.
Pode acontecer quando, intimamente, a
pessoa se acha um peso morto na empresa.
Em vez de reconhecer o problema, ela co-
meça a comentar com os outros que um
novo colega está querendo mostrar serviço
demais, e vai queimar o filme de todo mun-
do. É uma forma que a mente encontra de
avisar a consciência que o próprio indivíduo
não está fazendo jus ao emprego, mas sem
ir direto ao assunto – e, portanto, sem pro-
vocar as dores dessa culpa.

Formação reativa
É agir da maneira oposta ao seu desejo
oculto – e exagerando nessa inversão. Por
exemplo, a ciência já mostrou que homo-
fóbicos raivosos são, na verdade, homos-
sexuais reprimidos. Um estudo de 1996,
da Universidade da Geórgia, nos Estados
Unidos, investigou a reação de homens
declaradamente heterossexuais a cenas de
sexo gay. Entre os pesquisados – 64 vo-
luntários, com média de 20 anos de idade
–, havia homens que disseram não gostar
de homossexuais, mas também héteros
que não manifestaram nenhuma rejeição
à ideia de outras pessoas terem vínculos
homoafetivos. Durante o estudo, enquanto
os pesquisadores exibiam um filminho
pornô-gay, um  aparelho ligado ao  pênis 
de cada participante media o nível de  exci-
tação sexual  de cada um. Adivinhe, então,
qual grupo teve movimentos no pênis ao
assistir às cenas de pegação homem com
homem? Sim, os homofóbicos.

Sublimação
Basicamente transforma pensamentos
ruins em atos bons, construtivos, genero-
sos – no mínimo, em comportamentos
socialmente aceitáveis.
Um campeão internacional dos games
de luta pode estar sublimando uma agres-
sividade que, se dependesse só dos seus
impulsos originais, tornaria o indivíduo
um criminoso. E alguns esportes também
permitem essa transformação regenera-
dora. Se você descer a porrada no seu
vizinho barulhento, a polícia vai aparecer
na sua casa. Mas, se você der golpes no
seu adversário num torneio de judô, sua
vocação para o confronto físico não apenas
será aceita como pode lhe render uma
medalha olímpica.

Regressão
Você já levou um ursinho para o trabalho
novo? Essa volta a um comportamento
infantil é a maneira que a psique encontra
para lidar com aflições da vida adulta que
o indivíduo não quer encarar. É o caso da
pessoa que, diante da morte de alguém
querido, só consegue um pouco de confor-
to dormindo na sua antiga cama, na casa
dos pais. Na regressão, a mente se apega
a formas de gratificação do seu passado,
geralmente ligadas à infância, para con-
tornar questões dolorosas.
Outro exemplo existe nos desenhos do

Sobreviver a essa guerra exige que
a psique tenha suas armas. São
estratégias mentais que disfarçam
pensamentos inconscientes com
potencial de dano. O objetivo:
suportar a ansiedade da briga
entre id e superego, os traumas que
querem vir para a consciência e
as pressões da realidade externa.

MECANISMOS


DE DEFESA


DO EGO


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