Segundo uma pesquisa do Ibope
realizada em abril de 2018 nas
regiões metropolitanas de São
Paulo, Curitiba, Recife e Rio de
Janeiro, 14% dos brasileiros (cerca
de 29 milhões de pessoas) se
disseram vegetarianos (que não
consomem produtos de origem
animal). O resultado representa
um aumento de 75% em relação
a 2012, quando 8% diziam seguir
essa dieta. O incremento no
interesse pela linha vegana (sem
nenhum envolvimento animal)
também chamou a atenção: 55%
dos entrevistados afirmaram que
consumiriam mais produtos desse
tipo se sua origem estivesse mais
bem indicada na embalagem e 60%
se tivessem o mesmo preço que os
produtos feitos da forma tradicional.
A indústria alimentícia já está de
olho nesse crescimento e vem
aumentando a oferta de produtos
vegetarianos e veganos.
Expansão
inEgávEl
Exploração
de petróleo
no Ártico:
a região
é rica em
combustíveis
fósseis
dos brasileiros declararam
em 2018 serem vegetarianos;
em 2012, eram 8%
dos brasileiros disseram que
consumiriam mais produtos
vegetarianos se essa origem
estivesse mais claramente
indicada na embalagem
optariam por produtos
vegetarianos se o seu preço
fosse igual ao dos produtos
tradicionais
55%
60%
14%
e processados é a que realmente preocupa e
causa deficiências nutricionais.
“Muita gente acha que os produtos vege-
tarianos são aqueles que imitam a carne. Mas
não. Nossa proposta é que se resgate uma ali-
mentação colorida, cheia de frutas, verduras,
legumes, arroz, feijão, grão de bico, lentilha...
Os outros vêm enriquecer as opções que te-
mos”, explica Laurino.
Por um lado, a alimentação é uma ques-
tão muito pessoal e íntima, que deve ser
respeitada. Por outro, também extrapola o
espaço individual. As consequências da for-
ma como comemos reverberam no meio
ambiente, na segurança alimentar e na saú-
de das populações, além de envolver a rela-
ção do ser humano com os animais.
“No que diz respeito ao consumo, creio
que a recomendação pelas ‘dietas basea-
das em plantas’ é algo bem sólido e positivo,
pois elas abrigam uma série de opções que
vão desde a abstenção total (vegetarianis-
mo) até uma moderação no consumo (flexi-
tarianismo, reducionismo)”, conclui Orsini.
Dessa forma, a liberdade de escolha é manti-
da, sem deixar de apontar uma direção bem
clara e necessária para a saúde do ser huma-
no e do planeta: menor consumo de carne.
Já que pouquíssimas pessoas se alimentam
hoje somente daquilo que produzem, a ali-
mentação se tornou sinônimo de consumo.
E é necessário estar consciente dos impactos
causados para fazer escolhas acertadas. M
Planeta abril/maio 2019 35
Mudanças são
necessárias
em diversas
práticas de
mercado,
como a
sobrepesca,
que extermina
espécies
FOTOS: ISTOck | DIvUlgAçãO
ção de uma hora para outra. En-
tão, acabam caminhando da for-
ma como conseguem lidar.”
A vivência dos vegetarianos
prova que a ausência de carne é
viável e benéfica. Embora alguns
estudos de certo tempo atrás indi-
cassem que a ausência de proteí-
na animal na dieta seria a causa de
problemas de saúde, hoje as enti-
dades de nutrição não se opõem
a essa escolha. Mas alertam que é
fundamental manter um padrão
alimentar variado, equilibrado e
saudável. Uma alimentação po-
bre à base de produtos refinados
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