Crise mais
próxima
80%
70%
50%
da população da Terra,
aproximadamente, está
exposta a altos níveis de
ameaças à segurança da
água
terá de ser o aumento na
produção de alimentos
até 2050 para atender à
demanda populacional
projetada para essa época
dos habitantes do planeta
viverão um grave estresse
hídrico entre 2071 e 2100
bal, administrar a incerteza exigirá
estratégias mais adaptativas e flexí-
veis do que as anteriores. O passa-
do não pode mais servir como um
guia confiável para o futuro.
Precisamos analisar a vulnera-
bilidade e adotar estratégias que
promovam a resiliência – a capaci-
dade de um sistema de absorver o
choque e continuar a se regenerar
sem mudar para um novo estado.
Visão interdisciplinar
É amplamente reconhecido, por
exemplo, que houve uma descone-
xão entre a ciência produzida para a
avaliação do impacto climático e o
planejamento hídrico no longo pra-
zo ou a adaptação climática. Em ge-
ral, a ciência eficaz no fornecimento
de soluções deve abordar proble-
mas que os tomadores de decisão
consideram relevantes, oferecer
ferramentas aos usuários em um
formato oportuno e útil e incluir in-
formações do usuário. Este último
item dá a credibilidade e a legitimidade neces-
sárias para resolver as questões politicamente
controversas e socialmente significativas que
envolvem a gestão de recursos hídricos hoje.
Isso ilustra como é importante para os cien-
tistas reconhecer que o engajamento de todas
as partes interessadas é uma necessidade, não
uma opção. O novo paradigma de pesquisa de-
ve incluir um conhecimento profundo dos pro-
cessos sociais que acompanham o envolvimen-
to efetivo – e recíproco – da ciência e da política.
É crucial reconhecer que as partes interes-
sadas locais são uma importante fonte de co-
nhecimento. As comunidades indígenas, por
exemplo, têm uma riqueza de conhecimento
multigeracional de suas terras e suas interações
com forças naturais. Esse conhecimento deve
ser usado para o benefício da ciência. É por isso
que – como parte do programa Global Water Fu-
tures (GWF) no Canadá – foi lançado um projeto
com os povos aborígines do Canadá em abril de
2018 para trabalhar juntos em uma estratégia de
pesquisa dedicada a resolver os problemas de
água que essas comunidades têm enfrentado.
Em última análise, os principais desafios
da segurança da água residem na governan-
ça. A questão de quem tem o poder de
tomar decisões (e como essas decisões
são tomadas) é, portanto, crucial.
Se a compreensão científica e a previ-
são de mudanças na água colocam desa-
fios científicos significativos, o mesmo
ocorre com o gerenciamento da água. A
segurança da água no século 21 é uma
questão tanto científica quanto social.
Portanto, é necessária uma nova abor-
dagem transdisciplinar que faça ligações
entre as ciências naturais e as sociais.
Resumindo: para evitar uma grande
crise de água, precisamos desenvolver
novos conhecimentos científicos a fim
de entender a evolução dos sistemas
de água que envolvem a relação entre o
homem e a natureza; estabelecer novos
modos interdisciplinares de colaboração
científica para entender as interconexões
desses sistemas e suas implicações so-
ciais; integrar o conhecimento local em
pesquisa científica para atender às neces-
sidades do usuário; e criar mecanismos
mais eficazes para traduzir o conheci-
mento científico em ação social. M
Planeta abril/maio 2019^53
enchente em
Houston (acima)
e floresta afetada
no canadá
(abaixo): impacto
disseminado
fonteS:onU, fAo, heSS
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