O Estado de São Paulo (2020-05-28)

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O ESTADO DE S. PAULO QUINTA-FEIRA, 28 DE MAIO DE 2020 NotaseInformações A


C


ontando com a conivência (quan-
do não com o estímulo) do presi-
dente Jair Bolsonaro, seus cami-
sas pardas travestidos de patrio-
tas têm proferido sistemáticos ata-
ques aos integrantes do Supremo
Tribunal Federal (STF) porque aquela Corte ou-
sa impedir o arbítrio bolsonarista. Sem serem
advertidos por seu líder de que tal comporta-
mento não condiz com a vida numa sociedade
democrática, esses celerados defendem o fecha-
mento do Supremo em manifestações das quais
participa o próprio presidente. Não bastasse is-
so, ministros de Estado ansiosos por se prova-
rem mais bolsonaristas que Bolsonaro expres-
sam sua hostilidade ao Supremo, seja desejando
ver seus ministros presos, seja advertindo do ris-
co de ruptura institucional caso a Corte conti-
nue a fazer seu trabalho de impor limites ao pre-
sidente conforme a Constituição.
Mas o Supremo está disposto a demonstrar se-
renamente que não se intimida com os arrega-
nhos liberticidas do bolsonarismo radical. “Sem
Poder Judiciário, não há o império da lei. O País
tem nos ministros do STF a garantia de que a
Constituição da República continuará a ser ob-


servada, e a democracia, assegurada”, disse a mi-
nistra Cármen Lúcia, que lembrou que, num Es-
tado Democrático de Direito, ninguém está aci-
ma da lei, cuja aplicação é tarefa dos juízes:
“Eventuais agressões a juízes desta Corte não
enfraquecem o Direito. O Brasil
tem direito à democracia e à Jus-
tiça. O Supremo nunca lhe faltou
e não lhe faltará”.
Na mesma linha, o ministro
Celso de Mello, decano do Supre-
mo e que tem sido o mais recen-
te alvo das agressões bolsonaris-
tas, foi enfático: “Sem um Poder
Judiciário independente, que re-
pele injunções marginais e ofen-
sivas ao postulado da separação
de Poderes emanadas de mentes
autoritárias que buscam ilegiti-
mamente controlar o exercício
da jurisdição, jamais haverá cidadãos livres nem
regime político fiel aos princípios e valores que
consagram o primado da democracia”.
Os ministros Edson Fachin e Gilmar Mendes
se declararam representados pelas palavras de
Cármen Lúcia, e o ministro Ricardo Lewan-

dowski acrescentou que o Judiciário “não se cur-
va a nenhuma pressão externa”. Já o ministro
Luís Roberto Barroso, ao tomar posse como pre-
sidente do Tribunal Superior Eleitoral, disse
que, “como qualquer instituição em uma demo-
cracia, o Supremo está sujeito à
crítica pública e deve estar aberto
ao sentimento da sociedade”,
mas é preciso lembrar que “o ata-
que destrutivo às instituições, a
pretexto de salvá-las, depurá-las
ou expurgá-las, já nos trouxe
duas longas ditaduras na Repúbli-
ca”, que “são feridas profundas
na nossa história, que ninguém
há de querer reabrir”.
O Supremo, assim, dá uma res-
posta serena, porém firme, aos in-
conformados com a redemocrati-
zação do Brasil depois de duas dé-
cadas de ditadura. Democracia, malgrado seja o
regime baseado na mais plena liberdade, não
confere direitos ilimitados a ninguém, nem ao
presidente da República nem a seus exaltados
devotos – ao contrário, todos e cada um, a come-
çar pelo chefe do Executivo, devem responder

pelos seus atos, na exata medida da lei.
Foi por esse motivo, aliás, que o Supremo, em
março do ano passado, instaurou inquérito para
apurar as ameaças e denunciações caluniosas di-
rigidas por bolsonaristas à Corte em redes so-
ciais, além da fabricação de notícias fraudulen-
tas, conhecidas como fake news, para confundir
a opinião pública acerca do trabalho dos magis-
trados. Em qualquer dos casos, seja ao ameaçar
ministros do STF e seus familiares, seja ao disse-
minar mentiras sobre a Corte, os bolsonaristas
atentam contra o Poder Judiciário, com a óbvia
intenção de enfraquecer a democracia.
Por ora, esse inquérito resultou em manda-
dos de busca e apreensão, cumpridos ontem,
contra bolsonaristas que criam e impulsionam
fake news em redes sociais. Segundo o relator do
inquérito, ministro Alexandre de Moraes, as pro-
vas obtidas até agora “apontam para a real possi-
bilidade de existência de uma associação crimi-
nosa” dedicada a atacar instituições da Repúbli-
ca “com flagrante conteúdo de ódio, subversão
da ordem e incentivo à quebra da normalidade
institucional e democrática”. Se é assim, que so-
bre eles recaia todo o peso da lei – pois é assim
que a democracia funciona.

C


om mais de 860
mil empregos for-
mais liquidados
em abril, o Brasil
se qualifica sem
dificuldade entre
os países latino-americanos
com pior desempenho econô-
mico na crise da covid-19. En-
quanto o vírus se espalha e as
mortes se multiplicam, pioram
as projeções econômicas para
a região. Pioram, além disso, as
expectativas para os anos se-
guintes. Mesmo com alguma
recuperação a partir do segun-
do semestre de 2020, os efei-
tos da crise global serão persis-
tentes nesses países, segundo
avaliação divulgada nesta se-
mana pelo Instituto de Finan-
ças Internacionais (IIF, na si-
gla original em inglês), com se-
de em Washington. Esse órgão
é mantido por cerca de cinco
centenas de grandes institui-
ções financeiras de todo o
mundo, incluídos os maiores
bancos brasileiros.
A economia brasileira enco-
lherá 6,9% neste ano, segundo
o novo conjunto de projeções
do IIF. A estimativa anterior,
publicada em abril, indicava
contração de 4,1%, mas todos
os dados, de acordo com o in-
forme, pioraram a partir daí.
Nessa revisão, a perda esperada
para a América Latina passou
de 4,5% para 7,5%. A epidemia
parece menos contida na re-
gião, de acordo com o relatório,
do que nos países avançados
onde o surto foi mais severo.
Há pouco espaço, afirmam
os autores do estudo, para estí-
mulos à demanda, e isso dificul-
ta as políticas anticrise. Além
disso, o desempenho da maior
parte dos latino-americanos já


era fraco antes da nova crise. A
pandemia, a fuga de capitais e
os baixos preços dos produtos
básicos, itens muito importan-
tes das exportações latino-ame-
ricanas, combinam-se na produ-
ção de grandes perdas para a
economia regional.
O aspecto mais notável da re-
cessão atual, segundo a análise,
é a sua velocidade: em um tri-
mestre a perda de produção
chegou a cerca de 10%. No caso
do Brasil, lembram os autores,
a economia se recuperou da re-
cessão de 2015-2016 “de forma
lenta e incompleta”, mesmo
considerada a hipótese de uma
forte redução do potencial de
crescimento.

Em alguns países a contração
deve ser maior que a do Brasil,
de acordo com o IIF. Na Argen-
tina, por exemplo, o Produto In-
terno Bruto (PIB) deve dimi-
nuir 9,7%. No México, o resulta-
do negativo deve chegar a 8,7%.
Até para o Chile, uma das eco-
nomias mais ajustadas da re-
gião, estima-se uma perda, com
recuo de 3,8%.
Outras fontes internacionais
têm projetado uma severa con-
tração econômica para o Brasil
neste ano. Segundo a última es-
timativa do Banco Mundial, o
PIB brasileiro encolherá 5%
em 2020. De acordo com o
FMI, a contração será de 5,3%.
Mas as duas estimativas foram
divulgadas na primeira quinze-
na de abril.
Depois disso, todas as proje-

ções publicadas por entidades
nacionais e internacionais fica-
ram mais sombrias. O governo
federal já admite, oficialmen-
te, um PIB 4,7% menor que o
de 2019. O secretário do Tesou-
ro, Mansueto Almeida, mencio-
nou recentemente a hipótese
de um recuo superior a 5%. No
mercado, a mediana das proje-
ções apontou uma perda de
5,89%, segundo a última pes-
quisa Focus.
Os efeitos econômicos da
pandemia no segundo trimes-
tre apenas começam a ser con-
tabilizados. A perda de 860.
empregos com carteira em
abril, segundo o Cadastro Ge-
ral de Empregados e Desempre-
gados (Caged), do Ministério
da Economia, é uma das primei-
ras informações numéricas. Es-
se dado, diferença entre admis-
sões e demissões, é o pior para
um mês de abril na série inicia-
da em 1992. Em abril de 2015,
na última recessão, o saldo ne-
gativo havia sido de 97.828. Is-
so equivale a 11,37% das demis-
sões líquidas do mês passado.
Como o começo de 2020 foi
menos feio, a perda acumula-
da em quatro meses ficou em
763.232 empregos. Voltando à
recessão: de janeiro a abril de
2016 as vagas formais fecha-
das foram 378.481, ou 49,58%
das liquidadas de janeiro a
abril deste ano.
Alguma contribuição positi-
va para a economia brasileira
deve vir, de novo, da agropecuá-
ria. O PIB do setor deve crescer
1,3% em 2020, mesmo com al-
gum estresse, calcula o Institu-
to de Pesquisa Econômica Apli-
cada (Ipea). Se o gabinete presi-
dencial se abstiver de atrapa-
lhar, tanto melhor.

Q


uanto mais o
presidente Jair
Bolsonaro e seu
entorno militar
reclamam do Su-
premo Tribunal
Federal (STF), alegando que
ele está avançando na jurisdi-
ção do Executivo e impedin-
do o chefe da Nação de gover-
nar, mais vai ficando claro
que as acusações contra a Cor-
te são absurdas e que as deci-
sões tomadas por seus minis-
tros são rigorosamente basea-
das nas leis em vigor e na
Constituição.
As mais recentes decisões do
STF são prova disso. No caso
da pandemia de covid-19, quan-
do Bolsonaro tentou anular as
medidas na área da saúde toma-
das por prefeitos e governado-
res para combater o contágio
da covid-19, o STF nada mais
fez do que reafirmar a estrutu-
ra federativa do Estado brasilei-
ro, tal como está prevista em
vários artigos da Constituição.
O artigo 1.º institui como for-
ma de Estado a “República Fe-
derativa”. O artigo 18 afirma
que o federalismo pressupõe
autonomia administrativa dos
entes federativos e deixa claro
que não há uma relação de hie-
rarquia entre eles. E o artigo 23
é taxativo quando afirma que é
“competência comum da
União, dos Estados e dos muni-
cípios zelar pela guarda da
Constituição” em áreas essen-
ciais, como a saúde pública.
Foi por isso que, ao julgar
uma ação de inconstitucionali-
dade contra a MP 926, que
dispõe sobre “medidas para o
enfrentamento da emergência
de saúde pública” e confere ao
presidente da República “a com-

petência para dispor, mediante
decreto, sobre serviços públi-
cos essenciais”, o STF decidiu,
por unanimidade, que a MP
não podia anular a competên-
cia dos Estados e municípios
de legislar de forma concorren-
te em relação à política sanitá-
ria de saúde. A não observância
da autonomia dos entes federa-
tivos constituiria uma “afronta
ao princípio do federalismo”,
disse o ministro Edson Fachin.
Outra decisão do STF que sus-
citou reclamações do presiden-
te e de seu entorno militar, mas
que também estava fundada no
direito positivo, foi adotada pelo
ministro Alexandre de Moraes
após a demissão de Maurício Va-

leixo do comando da Polícia Fe-
deral (PF). Moraes ordenou que
fossem mantidos os delegados
federais envolvidos no inquérito
de apuração das fake news con-
tra integrantes da Corte. Nada
mais fez do que se valer de suas
prerrogativas como magistrado.
O mesmo ocorreu quando con-
cedeu liminar suspendendo o
decreto de nomeação do delega-
do Alexandre Ramagem para o
cargo de diretor-geral da Polícia
Federal. Por ser amigo pessoal
da família Bolsonaro e por estar
a PF investigando um de seus fi-
lhos, o ministrou alegou que a
nomeação configurava “desvio
de finalidade e inobservância
dos princípios da impessoalida-
de, da moralidade e do interesse
público”, previstos pelo artigo
37 da Constituição.

O presidente e seu entorno
militar também criticaram a de-
cisão do ministro Celso de Mel-
lo de permitir a divulgação do
vídeo da patética reunião minis-
terial de 22 de abril e de pedir
ao procurador-geral da Repúbli-
ca que se manifeste sobre o pe-
dido de apreensão do celular
de Bolsonaro e de um de seus fi-
lhos. Chefe do Gabinete de Se-
gurança Institucional, o cida-
dão Augusto Heleno classificou
as medidas como “afronta à au-
toridade máxima do Poder Exe-
cutivo”. Esqueceu-se, porém,
como afirmou o STF, em nota,
que Mello “limitou-se a encami-
nhar à PGR, que é o órgão da
acusação, a notitia criminis, com
esse pleito de apreensão formu-
lado por três agremiações parti-
dárias”. Lembrou, também,
que o § 3.º do artigo 5.º do Códi-
go de Processo Penal “confere
legitimidade a qualquer pessoa
do povo para efetuar comunica-
ção de crime perseguível me-
diante ação penal pública”.
É evidente, assim, que em
momento algum o STF agiu
por vontade individual de seus
ministros. É evidente, também,
que a Corte não tomou qual-
quer decisão à margem da lei e
que aplicou rigorosamente a
Constituição, segundo a qual,
num sistema republicano e fe-
derativo não existe poder abso-
luto ou ilimitado. Portanto, a
reação do presidente e de seu
entorno – principalmente o ci-
dadão Heleno – às decisões do
STF não procedem. Tais rea-
ções carecem de base legal e
mostram o nível de desinforma-
ção dos que estão à frente do
Executivo, bem como sua igno-
rância sobre o funcionamento
das instituições do País.

O Supremo reage ao arreganho


ANTONIO CARLOS PEREIRA / DIRETOR DE OPINIÃO

Críticas de Bolsonaro
e de seu entorno ao
STF mostram seu nível
de desinformação

Fórum dos Leitores O ESTADO RESERVA-SE O DIREITO DE SELECIONAR E RESUMIR AS CARTAS. CORRESPONDÊNCIA SEM IDENTIFICAÇÃO (NOME, RG, ENDEREÇO E TELEFONE) SERÁ DESCONSIDERADA / E-MAIL: [email protected]


Notas & Informações


O Brasil e o desastre latino


Crise na América
Latina é mais grave
do que indicavam
os dados iniciais

Ignorância da Lei


lDesgoverno Bolsonaro
Vamos em frente
O editorial do Estado Resistir é
preciso (27/5, A3) ressalta as in-
tenções autoritárias do presi-
dente Jair Bolsonaro e confir-
ma a sua pobreza moral, cívica
e intelectual, já sacramentada
no vídeo da reunião de minis-
tros de 22 de abril. A grande es-
perança que restou aos brasilei-
ros não bolsonaristas é que o
Congresso Nacional, o Supre-
mo Tribunal Federal (STF), a
Procuradoria-Geral da Repúbli-
ca (PGR) e a imprensa profissio-
nal somem forças para o equilí-
brio político do País, sem des-
viar um milímetro da nossa
Constituição. Vamos em frente!
EDGARD GOBBI
[email protected]
CAMPINAS


Autoritarismo explícito
Jair Bolsonaro descaradamente
expõe o seu intento autoritário,
como bem observou o crucial
editorial do Estado de ontem.
Bolsonaro não entende nem
nunca entenderá os limites que
a República impõe ao exercício
da Presidência, bem como ja-
mais será capaz de se portar à


altura do elevadíssimo cargo
que ocupa. Trata-se de uma per-
sonalidade que combina autori-
tarismo e leviandade, ódio e
inépcia. Totalmente impotente,
ataca aqueles que julga serem
seus algozes apenas por discor-
darem de seus tresloucados des-
varios. E estimula seus cegos
seguidores a ofenderem gratui-
tamente a imprensa indepen-
dente, que expõe as sórdidas
intenções dele. Esse circunstan-
cial ocupante da Presidência e
seus pares ministeriais promo-
vem completo amesquinhamen-
to e subversão dos valores repu-
blicanos e da democracia, con-
quistada a duras penas. Que
por bem seja parado, por impea-
chment ou por denúncia do pro-
curador-geral da República.
RENATO MENDES DO NASCIMENTO
[email protected]
SANTO ANDRÉ

Obrigação de todos
Respeitar a Constituição é obri-
gação impostergável de todos
os brasileiros, incluídos o presi-
dente da República e os milita-
res. Assim, bem oportuno o edi-
torial Resistir é preciso, cujo teor
reflete a justa e jurídica aplica-

ção do artigo 142 e de outros
correlatos da nossa Carta Mag-
na. Com efeito, para o presiden-
te determinar a atuação das For-
ças Armadas no contexto desse
artigo há a necessidade de pré-
via autorização legislativa. Tan-
to é que o general Braga Netto,
ora na reserva, para atuar no
Rio de Janeiro na contenção da
criminalidade, precisou que o
presidente Michel Temer obti-
vesse antes a autorização do
Congresso. Entretanto, se o
princípio hermenêutico in claris
cessat interpretatio (cessa a inter-
pretação na clareza da lei) não é
aplicado ao artigo 142, segundo
entendimento de alguns, temos
o STF como fiel intérprete da
Carta Magna, para dizer a verda-
de jurídica contida no texto co-
mentado. Então, como conse-
quência, todas as forças vivas
da Nação precisam resistir e
impedir que passem por cima
da nossa Lei Maior, porque o
seu texto não foi discutido e
aprovado para servir a interes-
ses menores de grupos ou de
candidatos a tirano.
JOSÉ CARLOS DE CARVALHO CARNEIRO
[email protected]
RIO CLARO

Cópia de Maduro?
Quando defende formar uma
milícia popular armada, o presi-
dente Bolsonaro quer apenas
dar a seus seguidores uma for-
ma de se defenderem, sem im-
portar se está errado ou não, ou
ser uma cópia idiota do “presi-
dente” venezuelano, Nicolás
Maduro, criador de uma milícia
popular com cerca de 1 milhão
de seguidores treinados e arma-
dos para saírem em defesa do
seu (des)governo? Tudo indica
ser esse o sonho bolsonariano.
Resta ver o que acham disso as
Forças Armadas brasileiras, que
esperamos que não pensem co-
mo os militares venezuelanos.
LAÉRCIO ZANINI
[email protected]
GARÇA

Canoa furada
Só espero que o Exército não
embarque numa canoa furada,
pois já temos problemas sufi-
cientes com a covid-19, não pre-
cisamos de uma nova crise. As
Forças Armadas pertencem
ao Estado e têm bom senso sufi-
ciente para se distanciarem da
política. Amor à Pátria é o que
todos devemos ter.

ALVARO SALVI
[email protected]
SANTO ANDRÉ

Repúdio à intimidação
A ameaça do ministro-chefe do
Gabinete de Segurança Institu-
cional merece o mais veemente
repúdio público. A Nação não
se deixará intimidar pelas pala-
vras de quem se contaminou
moral e escatologicamente pelo
desatino psicótico que acomete
o presidente da República. Ul-
trajou o sr. Augusto Heleno os
seus cabelos brancos e enxova-
lhou a farda que um dia vestiu.
PAULO E. DE MELLO BAPTISTA
[email protected]
RIO DE JANEIRO

Gol contra
Falo como eleitora não arrepen-
dida, mas decepcionada com o
presidente Jair Bolsonaro. Co-
mo milhões de brasileiros, votei
em Bolsonaro contra o PT, con-
tra a velha política e na esperan-
ça de um Brasil melhor para
todos. Mas Bolsonaro cometeu,
a meu ver, até agora, três gran-
des erros imperdoáveis: 1) des-
montou um partido que tinha
maioria na Câmara dos Deputa-

dos, pois quase todos, se não
todos, foram eleitos por conta
dele; 2) perdeu o melhor e
maior ministro da Justiça que
todo país sonhava ter, pois era
o símbolo da Lava Jato e um
herói que lutou bravamente
contra a corrupção, pondo na
cadeia grandes e famosos bandi-
dos, além de ter recuperado mi-
lhões roubados; e 3) aceitou ne-
gociar cargos – e todos sabem
que isso tem preço. Quaisquer
que sejam os seus motivos, o
fato é que Bolsonaro perdeu a
sua força e errou feio nas suas
estratégias, se é que algum dia
se preocupou com elas. Jamais
vou aceitar a saída de Sergio
Moro como um “traidor”. Mo-
ro era a nossa esperança de jus-
tiça. Sua saída só contentou se-
tores que sempre torceram por
sua queda e Bolsonaro cedeu.
Daqui em diante, Bolsonaro vai
governar escorado no Centrão,
até o fim do seu mandato. E as
privatizações? As reformas? Tu-
do parou. Bolsonaro estava
com a bola e chutou-a no gol
dos adversários. Virou refém.
IZABEL AVALLONE
[email protected]
SÃO PAULO
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