O Estado de São Paulo (2020-05-31)

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>>> EDUARDO GERAQUE
A pandemia do novo coronavírus afeta de forma expressiva

estudantes às vésperas do Enem e do vestibular, bem como
alunos e professores de toda a Educação Básica. Em conver-

sa com o Estado, Olavo Nogueira Filho, diretor de Políticas
Educacionais da organização Todos pela Educação, fala dos

impactos mais significativos e da urgência de preparar agora a


volta às aulas. Veja os principais comentários do especialista.


SISTEMA NACIONAL


DE EDUCAÇÃO
A crise escancara problemas

que já existiam no ensino e re-
força a urgência por mudanças

estruturantes. Há muito tempo
se fala na criação do que seria

chamado de Sistema Nacional


de Educação (SNE) – na linha
do que o Sistema Único de

Saúde (SUS) representa para
a Saúde. Se tivéssemos isso,

o impacto da ausência do Mi-
nistério da Educação em um

momento como este teria sido
amenizado. Mais do que isso, a

disparidade teria sido atenua-
da. O esforço da grande maio-

ria das secretarias de educação


é salutar, mas a qualidade do
que temos visto como resposta

emergencial é muito heterogê-
nea. Não precisava ser assim.

Essa é uma lição poderosa.
Quando retornarmos para um

cenário de “normalidade”, va-
mos precisar de um SNE.

LEGADO 1


Não são poucos os casos de
trabalho árduo, compromisso

e competência liderados por
inúmeras escolas. Isso precisa

ser reconhecido quando a tur-
bulência passar.

LEGADO 2
Não são poucos os relatos de

famílias, de diferentes classes
sociais, que passaram a dar um

novo significado ao trabalho
dos professores. Se sairmos

da crise com um entendimen-
to coletivo reformulado, de

que ser professor é algo muito
complexo e que requer muito

preparo, motivação e boas con-


dições de trabalho, isso pode
ter repercussões relevantes na

qualidade das políticas docen-
tes a médio e longo prazo.

IMPACTOS


Em um estudo lançado recen-
temente, o Todos pela Educa-

ção buscou o que nos ensina a


experiência de países que passa-
ram por situações de suspensão

de aulas por longos períodos –
em função de pandemia, desas-

tre natural ou pós-guerra. Duas
questões se destacam: os im-

pactos emocionais em estudan-
tes e professores serão fortes e

duradouros e o risco de abando-
no e de evasão escolar aumenta-

rá, em especial no Ensino Médio


e para os alunos em maior vulne-
rabilidade. São problemas que já

existiam, mas que serão brutal-
mente intensificados. Para que

a evasão por desinteresse seja
evitada, é muito importante que

haja articulação da Educação
com outras áreas, como Saúde

e Assistência Social. A Educação,
sozinha, não dará conta.

Os impactos emocionais em


estudantes e professores
serão fortes e duradouros”

RESPOSTAS


No curto prazo, é fundamental
mitigar os impactos da suspen-

são de aulas presenciais com
ações de ensino remoto, mas

uma resposta à altura só poderá


ser dada na volta às aulas pre-
senciais. Há algum espaço para

planejar o retorno às aulas e
isso não deve ser desperdiçado.

O primeiro passo é entender
que não se trata de “retomar

de onde paramos”; as crianças,
os jovens e os professores não

estarão voltando de férias.


RETORNO GRADUAL


É essencial promover um re-
torno gradual e observar pre-

cauções com a saúde mental e


física de alunos e professores;
organizar programas de recu-

peração intensiva para aqueles
que tiveram dificuldades de

manter os estudos em dia; apli-
car avaliações contínuas e apro-

fundar a comunicação com os
pais e responsáveis. Ainda que

esses sejam desafios maiores
nas redes públicas, são inicia-

tivas essenciais também para


escolas privadas.


TECNOLOGIA
É inegável que o uso da tecno-

logia nas escolas básicas entrou
no centro do debate. Quando os

alunos retornarem às aulas no
formato presencial, é provável

que haja elevados graus de dis-
posição e abertura para introdu-

zir de vez a tecnologia como ins-


trumento pedagógico. Mas será
preciso muito investimento para

fazer desse novo impulso algo
perene. A crise escancarou o

que já sabíamos: há muitas dife-
renças no acesso a recursos tec-

nológicos entre classes sociais,
e muitos professores não têm

formação específica e seguran-
ça para lidar pedagogicamente

com esses recursos.


ENSINO REMOTO


A utilização da tecnologia como
aliada contínua – sem substituir

o protagonismo do ensino pre-
sencial – vai muito além de dar

sequência ao uso de soluções
temporárias de ensino remoto,

ou de simplesmente “digitalizar
a sala de aula”. O uso adequado e

estruturado da tecnologia, alia-


do ao trabalho docente, é o que
pode contribuir para a aprendi-

zagem dos alunos. O professor é
chave. E isso não vai mudar.

ENEM


Para muitos [estudantes que
vão prestar vestibular], a con-

fusão e a ansiedade foram exa-


cerbadas por uma verdadeira
lambança do Ministério da

Educação na questão do Enem.
O MEC se apegou a uma argu-

mentação indefensável, e usou a
prova como instrumento políti-

co. Mesmo que tenha finalmen-
te recuado e adiado o exame,

há de ser registrado o quanto o
governo federal contribuiu para

tornar uma situação muito difí-


cil ainda mais complicada.
Não basta adiar por 30 ou

60 dias. Temos defendido no
Todos um adiamento que per-

mita tempo adequado de re-
cuperação para aqueles – que

não são poucos – que terão tido
pouco ou nenhum acesso às

ações de ensino remoto. Ao que
tudo indica, e olhando para o

cenário nos países que tiveram


maior impacto sanitário, esta-
mos falando de três a quatro

meses sem aulas presenciais, a
depender da região. Se nossas

autoridades têm algum apreço
pelo princípio de justiça, elas

têm que sentar com as univer-
sidades e encontrar uma solu-

ção. Mesmo que isso signifique
impactar o calendário de 2021

e de 2022.


A crise escancarou o que já
sabíamos: há muitas diferenças

no acesso a recursos tecnoló-
gicos entre classes sociais, e

muitos professores não têm
formação específica para lidar

com esses recursos”


PARA O ESTUDANTE


Recomendações genéricas
pouco ajudam num momento

de impactos múltiplos e tão he-
terogêneos. Boas orientações

individualizadas têm muito mais
chance de vir dos professores

do que de qualquer outro lugar.


QUESTÃO CENTRAL
O desafio educacional, que já

era grande antes da crise, fica


ainda maior. A crise fiscal será
brutal. O cobertor, que já era

curto, ficará menor.


RECONSTRUÇÃO
A melhor aposta é investir, e in-

vestir bem, na Educação Básica.
Para muitas crianças e jovens, na

situação atual, o trabalho peda-
gógico bem realizado vai muito

além de aprendizagem. No lon-


go prazo, uma escola boa, ca-
paz de fazer com que os alunos

aprendam e se preparem para a
vida, é a única coisa que possibi-

litará um cenário de oportunida-
des para todos e que impactará

no desenvolvimento do País e
na redução da vergonhosa de-

sigualdade brasileira. Garantido
o investimento necessário na

Saúde, é na Educação que reside


nosso passaporte para um futu-
ro diferente, melhor.

DIVULGAÇÃO

ENTREVISTA
OLAVO NOGUEIRA FILHO, DIRETOR DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS DO TODOS PELA EDUCAÇÃO

2
São Paulo,
31 de maio
de 2020

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DESAFIOS E SOLUÇÕES

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