O Estado de São Paulo (2020-06-08)

(Antfer) #1

%HermesFileInfo:B-1:20200608:B1 SEGUNDA-FEIRA, 8 DE JUNHO DE 2020 INCLUI CLASSIFICADOS O ESTADO DE S. PAULO


E&N


ECONOMIA & NEGÓCIOS


Empresas buscam auxílio de hospitais e


infectologistas para a volta ao trabalho


l Retorno em fases
A volta ao trabalho tem de respei-
tar os decretos municipais de
reaberturas de espaços, monito-
rado por fases

l Perfil do colaborador
Trabalhadores que pertençam ao
grupo de risco devem permane-
cer em home office. Questioná-
rios devem ser feitos para levan-
tar a rotina do trabalhador

l Redução de jornada
De acordo com o perfil epidemio-
lógico de cada região, a jornada
deve ser reduzida respeitando a
capacidade instalada para cada
espaço de trabalho

l Higienização reforçada
Sanitários, vestuários, mesas,
equipamentos de uso comum,
como impressoras, devem rece-

ber protocolo de uso e de higieni-
zação

l Máscaras obrigatórias
Todos os colaboradores devem
usar máscaras durante o trajeto
e permanência ao trabalho

l Distanciamento social
É necessário uma revisão dos
espaços físicos de interação, co-
mo copas, salas de reunião e es-
critório e mesas

l Questionário de sintomas
O colaborador tem de aferir sua
temperatura e relatar sintomas
fora e dentro do trabalho

l Higienização das mãos
Todos os espaços devem ter dis-
pensers de solução alcoólica e
comunicação reforçada para a
higienização das mãos

Mônica Scaramuzzo


Empresas de grande porte
contrataram a assessoria de
hospitais, laboratórios e in-
fectologistas renomados pa-
ra organizar, aos poucos, a
volta de seus funcionários ao
trabalho. Com a flexibiliza-
ção das regras de isolamento
em São Paulo, grupos empre-
sariais buscaram nos especia-
listas de hospitais, como Al-
bert Einstein e Sírio-Libanês,
e infectologistas protocolos
de saúde para tornar o retor-
no menos dramático.
Da entrada ao prédio ao tradi-
cional cafezinho, nada vai mais
ser como antes. “A palavra mági-
ca é distanciamento social e
máscara”, diz o médico Sérgio
Cimerman, diretor da Socieda-
de Brasileira de Infectologia.
Disputas acaloradas para en-
trar no elevador na hora de rush
também estão descartadas. Tu-
do vai ser monitorado.
Uma das maiores construto-
ras do País, a Even está concluin-
do a reforma de seu escritório
em São Paulo e já tem em mãos
o plano de retorno. O novo man-
damento corporativo vai muito
além das regras de distancia-
mento e higienização. Nas
áreas de descanso e copa, por
exemplo, os cuidados terão de
ser redobrados. “Áreas de des-
canso e de alimentação são lo-
cais onde as pessoas baixam a
guarda. E é aí que mora o peri-
go”, alerta o médico infectolo-
gista Adauto Castelo Filho, pro-
fessor da Escola Paulista de Me-
dicina da Universidade Federal
de São Paulo, que está auxilian-
do a construtora nesta retoma-
da. “Latino é muito caloroso.
Quando se encontra, quer abra-
çar e dar tapinhas nas costas.
Não dá mais.”
À espera da autorização da
prefeitura de São Paulo, a Even
se prepara, mas não tem pressa
para a volta dos funcionários
aos escritórios e estandes de
venda. “Ninguém vai ser obriga-
do a voltar se não se sentir segu-
ro. A retomada, quando autori-
zada, vai ser por etapa”, diz Da-
niel Matone, diretor administra-
tivo e financeiro da construtora.
Desde março, os 450 funcioná-
rios do grupo em São Paulo e do
Rio de Janeiro estão em casa.
“Somente as obras estão em ope-
ração porque são considerados
serviços essenciais”, afirma.


Consultorias. Nas últimas se-
manas, aumentaram os pedi-


dos de consultoria aos hospi-
tais Albert Einstein e Sírio-Liba-
nês. “Estamos trabalhando no
plano de retomada para vários

setores”, diz Rafael Saad, geren-
te de consultoria do Sírio-Liba-
nês. Segundo Saad, o trabalho
de consultoria do hospital exis-

te há 7 anos, mas era voltado ao
apoio de redes de saúde públi-
cas e privadas. A pandemia mu-
dou a cara do negócio.
“Temos uma equipe de saúde
e engenheiros que fazem o pla-
no de ação e identifica riscos de
contágio nas empresas. Temos
de quatro a cinco pessoas dedi-
cadas a cada projeto”, explica
Saad. O hospital organizou re-
centemente todo o projeto da
Associação Brasileira de Shop-
pings Centers (Abrasce), que
reúne 577 estabelecimentos no
País. O plano de ação não inclui
protocolos somente aos consu-
midores, mas aos funcionários
que trabalham no entorno dos
shoppings e escritórios.

Pioneiras. As indústrias de ali-
mentos foram as primeiras a pro-
curar ajuda, afirma Anarita Buf-
fe, diretora de desenvolvimento
de projetos e consultoria do Al-
bert Einstein. Nesta primeira on-
da da pandemia, as companhias
buscaram auxílio para manter
os serviços essenciais e fazer
controle de contágio. Junto
com o médico infectologista
Adauto Castelo Filho, o Eins-
tein preparou os protocolos de

trabalho para as fábricas da JBS
no Brasil.
“Mapeamos toda a jornada
do trabalhador para reduzir o
risco de contágio”, diz Castelo.
Nas fábricas da JBS, foi criada a
figura do “monitor do covid”,
cuja função é vigiar os funcioná-
rios com máscaras e saber se es-
tão obedecendo os protocolos.
Agora, a demanda das empre-
sas é preparar a volta após o fim
do isolamento. “Temos entre
40 a 45 companhias em consul-

torias, que vão de construtoras,
empresas de entretenimento,
como cinemas, a escolas”, diz
Anarita, do Einstein.
No complexo WTC, que reú-
ne quatro negócios – as torres de
escritórios, o shopping D&D, o
hotel Sheraton e o centro de con-
venções –, o desafio foi validar
os diversos protocolos que aten-
dam a todos os setores. “A pala-
vra de ordem é segurança”, diz
Fernando Guinato Filho, dire-
tor-geral do Sheraton São Paulo
WTC e do WTC Events Center.
Dos negócios que ele adminis-
tra, o centro de convenções será
o último a retomar as atividades.
“Nosso teatro, com espaço
para mais de 500 pessoas, só vol-
tará com no máximo 80 pessoas
no local. Estamos com 15% a
20% do nosso efetivo no hotel,
que está com bares e restauran-
tes fechados e baixa ocupação”,
diz Guinato.
Já as torres de escritórios es-
tão prontas para a retomada.
“Mas muitas empresas, mesmo
podendo ocupar a área, não vol-
taram ainda.” Guinato não tem
dúvida: a volta vai ser lenta e
gradual. “E nem tudo será igual
como antes.”

Embora as incertezas sobre a
pandemia coloquem as empre-
sas em alerta, não há como pre-
parar um manual único para o
mundo corporativo. “Todos es-
tão buscando um norte para
orientar a retomada ao traba-
lho. É uma fase de aprendizado.
Não há uma regra comum para
todos ”, explica o médico infec-


tologista Sérgio Cimerman, di-
retor da Sociedade Brasileira de
Infectologia.
Para Cimerman, a regra geral
é a informação. “Parece óbvio,
mas é importante que cada cola-
borador entenda que a higieni-
zação das mãos, uso do álcool
em gel e máscara, além do dis-
tanciamento, é o caminho para
evitar o contágio.”
Nem todas as empresas com-
portam um ambulatório em
suas instalações, segundo Ci-
merman. “E isso, por si só, não
resolveria a questão.”
Desde o início do isolamento,
grupos empresariais tentam se

adequar à nova realidade.
Empresas como Bradesco e o
Iguatemi, por exemplo, contra-
taram o laboratório Fleury para
fazer testes de diagnósticos de
covid-19 em seus funcionários,
além de oferecer consultas vir-
tuais. Segundo Carlos Marinel-
li, presidente do Fleury, a área
de novos negócios do laborató-
rio não deve acabar após a pan-
demia. “A telemedicina veio pa-
ra ficar. A pandemia acelerou o
nosso processo de digitaliza-
ção”, disse.

Rodízio. No Bradesco, o servi-
ço de testagem é oferecido aos

funcionários das agências, que
não pararam por ser uma ativi-
dade essencial. O banco está fa-
zendo rodízio entre os funcioná-
rios de agências que trabalham
de segunda à sexta-feira. No fim
de semana, o local é higienizado
para que a outra turma possa as-
sumir o posto na semana seguin-
te. O banco busca fazer o mapea-
mento para achatar a curva do
coronavírus. Os testes não são
obrigatórios e o nome do funcio-
nário fica em sigilo.
Para Fernando Guinato Fi-
lho, diretor-geral do Sheraton
WTC, dificilmente os protoco-
los de saúde do grupo vão re-
cuar, mesmo após a pandemia.
“Esta é uma crise que vai deixar
marcas profundas em todos os
setores.” /M.S.

PANDEMIA DO CORONAVÍRUS


Não há um ‘manual único’ para o mundo corporativo


lProtocolos de saúde

MANUAL ‘BACK TO WORK’ DO ALBERT EINSTEIN

Em 3 meses, Caixa libera R$ 4,9 bi para municípios. Pág. B3}


VALERIA GONCALVEZ/ESTADÃO - 4/6/

Vida nova. Para Guinato (à esq.), do WTC, repensou espaços

Para infectologista, a


informação é a principal


ferramenta para que


colaborador possa evitar


risco de contágio


Especialistas em saúde são contratados para definir protocolos nos escritórios, em áreas comuns e até na entrada de elevadores;


Albert Einstein e Sírio-Libanês estão encabeçando consultorias a grandes grupos para preparar retorno dos funcionários pós-quarentena


FELIPE RAU/ESTADÃO - 5/6/

45
é o total de empresas que o
hospital Albert Einstein está
assessorando. O Sírio-Libanês
recebe de duas a três sondagens
por semana para auxiliar as
companhias nos protocolos

577
shoppings ligados à Abrasce
tiveram orientações do
hospital Sírio-Libanês para
receber os consumidores e
funcionários após isolamento

Volta segura. Construtora Even, que está concluindo a reforma do escritório para receber funcionários, contratou infectologista para validar protocolo

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