O Estado de São Paulo (2020-06-10)

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O ESTADO DE S. PAULO QUARTA-FEIRA, 10 DE JUNHO DE 2020 NotaseInformações A


O


presidente do Supremo Tribunal
Federal (STF), ministro Dias Tof-
foli, disse que “algumas atitu-
des” do presidente Jair Bolsona-
ro “têm trazido uma certa dubie-
dade, e essa dubiedade impres-
siona e assusta a sociedade brasileira”. O minis-
tro enfatizou que Bolsonaro e o vice-presidente
Hamilton Mourão “juraram defender a Constitui-
ção e são democratas”, e que “chegaram ao po-
der pela democracia e merecem nosso respeito”.
Contudo – enfatizando que falava “em especial”
do presidente Bolsonaro, com quem dialoga e
tem, em suas palavras, “uma relação harmonio-
sa” –, declarou que “não é mais possível” ter “ati-
tudes dúbias” em relação à democracia.
Isto é, a manutenção do regime plenamente de-
mocrático depende fundamentalmente da defe-
sa clara de suas instituições contra os ataques
dos liberticidas – como tem acontecido com fre-
quência preocupante nos últimos tempos por
parte dos camisas pardas que idolatram Bolsona-
ro, sem que o presidente da República os censure
de nenhuma maneira. Ao contrário, Bolsonaro,
enquanto diz respeitar a democracia e os demais
Poderes, confraterniza com quem advoga às es-


câncaras o fechamento do Supremo e do Con-
gresso e demoniza a oposição.
É essa “dubiedade” que, de fato, como disse o
ministro Toffoli, “impressiona e assusta a socie-
dade brasileira”. Não é possível se dizer um de-
mocrata e, ao mesmo tempo, ata-
car a imprensa dia e noite, avisar
que não cumprirá alguma decisão
judicial e estimular movimentos
golpistas, como fez e faz Bolsona-
ro. Também nada há de demo-
crático quando um presidente diz
que “o grande problema do mo-
mento” são as manifestações pa-
cíficas contrárias a seu governo,
cujos participantes Bolsonaro,
sem qualquer amparo na lei e no
bom senso, já qualificou como
“terroristas”. Segundo o presiden-
te, “estão começando a colocar as
mangas de fora”.
À parte o fato estarrecedor de o chefe do Execu-
tivo considerar o “grande problema do momento”
algumas passeatas de opositores, em vez da pande-
mia de covid-19, essas declarações explicitam
mais uma vez sua rematada incapacidade de en-

tender o que é e como funciona uma democracia.
Para Bolsonaro, a democracia e suas institui-
ções atrapalham seu governo. Manifestações de
rua, por exemplo, não são expressão legítima de
descontentamento, e sim, segundo ele, sabota-
gem por parte dos que “não aceita-
ram perder no voto as eleições de
2018”. Além disso, na concepção
bolsonarista, o Supremo tem se in-
trometido indevidamente no tra-
balho do presidente – seja ao sus-
pender a nomeação de um seu
amigo para chefiar a Polícia Fede-
ral, por evidente desvio de finalida-
de; seja ao impedi-lo de determi-
nar unilateralmente a reabertura
de comércio e de serviços nos Es-
tados e municípios, pois tal deci-
são feriria o princípio federativo;
seja ao ordenar que o Ministério
da Saúde volte a divulgar os números completos
da pandemia, sem qualquer manipulação e omis-
são, de acordo com o princípio constitucional da
publicidade da administração pública.
Pouco importa que nesses como em outros ca-
sos as decisões do Supremo tenham seguido es-

tritamente a Constituição. Para Bolsonaro, os mi-
nistros do STF usurpam seu poder e o impedem
de governar. Talvez seja por esse motivo que o
presidente tenha dito que tudo vai melhorar em
seu governo quando ele mudar a composição do
Supremo. “Eu vou indicar o primeiro ministro
do Supremo agora em novembro. O primeiro.
Vai arrumando as coisas devagar aqui”, declarou.
Ou seja, a expectativa de Bolsonaro é que um
ou dois ministros indicados por ele, num colegia-
do de 11, seja o suficiente para fazer o Supremo do-
brar-se às suas vontades. Além de revelar profun-
da ignorância de como funciona o Supremo, tal ra-
ciocínio explicita o desejo bolsonarista de domes-
ticar o Judiciário, fazendo-o trabalhar a favor de
seu projeto autoritário de poder – exatamente co-
mo fez o ditador venezuelano Hugo Chávez.
Como destacou o ministro Toffoli em seu dis-
curso, a estabilidade democrática do País se de-
ve em grande parte à autonomia e à independên-
cia das instituições: “Seguiremos vigilantes em
relação a qualquer forma de ataque ou ameaça
ao Poder Judiciário, ao Supremo Tribunal Fede-
ral e às instituições democráticas deste país”. É
o que esperam os cidadãos brasileiros que amam
a liberdade.

E


nquanto no Le-
gislativo parla-
mentares gover-
nistas vêm pedin-
do maior agilida-
de na tramitação
do projeto de lei que permite
às televisões com baixa au-
diência promover sorteios e jo-
gos de bingo, uma antiga rei-
vindicação de seus proprietá-
rios, há cerca de duas semanas
uma ala da Igreja Católica reu-
niu-se por meios virtuais com
o presidente Jair Bolsonaro pa-
ra pedir, em troca da veicula-
ção de notícias favoráveis,
mais concessões de rádio e
TV, bem como recursos públi-
cos para instalá-las, repassa-
dos sob a forma de publicida-
de institucional.
Os dois fatos dão a medida
de como o governo Bolsonaro,
assustado com o renascimen-
to das manifestações de rua
contrárias a ele, vem reagindo
para tentar manter a populari-
dade do presidente. A rigor, a
estratégia não é nova – ao con-
trário, foi muito usada no pas-
sado, quer no regime militar,
quer depois da redemocratiza-
ção. A utilização política da co-
municação midiática sempre
foi um instrumento de cons-
trução de imagens e narrati-
vas e desqualificação de adver-
sários políticos, principalmen-
te nos períodos eleitorais.
O que é novo, agora, é o fato
de que essa estratégia vem sen-
do implementada de modo es-
cancarado e sem pudor. Ela co-
meçou a ser posta em prática
quando, desde o início de seu
mandato, Bolsonaro passou a
agredir grandes empresas de
comunicação, pedindo aos em-
presários que deixassem de


publicar anúncios, para asfi-
xiá-las financeiramente. Em
2019, a Secretaria de Comuni-
cação da Presidência da Repú-
blica (Secom) distribuiu R$
4,6 milhões a grupos religio-
sos de comunicação, dos
quais os veículos católicos fica-
ram com R$ 2,1 milhões.
Além de reivindicar conces-
sões de televisão e publicida-
de pública em troca de noticiá-
rio favorável ao presidente, re-
presentantes dessa ala da Igre-
ja pediram a Bolsonaro que
lhes desse verbas para promo-
ver “obras filantrópicas”. Mas
a cortina do bom samaritano
se abriu quando líderes da
Frente Parlamentar Católica

do Congresso afirmaram ter o
apoio de empresas america-
nas interessadas em investir
quantias milionárias no Brasil
em novos órgãos de comunica-
ção “alinhados a Bolsonaro”.
E se escancarou de vez quan-
do o padre Welinton Silva, da
TV Pai Eterno, reconheceu
que a emissora passa por difi-
culdades e afirmou que espera
uma aproximação com a Se-
com para oferecer uma pauta
positiva das ações do governo.
“Precisamos de um apoio
maior do governo para conti-
nuar comunicando a boa notí-
cia, levando aquilo de bom
que o governo pode estar fa-
zendo pelo povo”, disse ele.
A repercussão foi a pior pos-
sível. Em carta publicada por
este jornal, Francisco Paes de

Barros, radialista com cinco
décadas de experiência profis-
sional e ex-diretor de várias
emissoras de rádio, muitas de-
las católicas, foi ao ponto. “Fi-
quei envergonhado com a ima-
gem de Nossa Senhora de Fáti-
ma sendo levada ao curralzi-
nho onde Bolsonaro diaria-
mente fala a seu gado. Uma
Igreja que tem tantos mártires
torturados, desaparecidos,
mortos pela ditadura, agora
vai ao presidente de pires na
mão para pedir ajuda em troca
de bênção e apoios”, afirmou.
A mesma indignação foi ex-
pressa pela Conferência Na-
cional dos Bispos do Brasil.
Nota também assinada por ou-
tras entidades afirma que “a
Igreja Católica não faz barga-
nhas e não atua em troca de fa-
vores”. Disse, ainda, que os
participantes da reunião com
o presidente da República não
tinham autoridade para falar
em nome da Igreja Católica.
Como Bolsonaro participa
de atos em defesa de uma dita-
dura militar, quer armar a po-
pulação, desdenha da Consti-
tuição e afronta sistematica-
mente os Poderes constituin-
tes e a imprensa livre, o que es-
ses vendilhões de templos mi-
diáticos estão fazendo, quan-
do propõem transmitir “a boa
notícia” do que seu governo
está fazendo, em troca de di-
nheiro, é mais do que um peca-
do moral. É uma contribuição
abjeta para um sistema de co-
municação totalitário, sem re-
dações e sem jornalistas, que
se alimenta de sinopses lauda-
tórias de um governante que,
apesar de se apresentar como
cristão, defende ditaduras e
torturadores.

C


om as medidas
de resgate econô-
mico ante o cho-
que do coronaví-
rus, antigas
ideias recebem
nova atenção. Muitos países,
como o Brasil, adotaram trans-
ferências incondicionais de di-
nheiro aos mais vulneráveis. A
Espanha aprovou um progra-
ma permanente de renda míni-
ma. No Senado brasileiro fo-
ram apresentados dois proje-
tos similares – um de José Ser-
ra (PSDB-SP) e outro de Ran-
dolfe Rodrigues (Rede-AP).
Transferências de dinheiro
público já vinham sendo aven-
tadas para mitigar o impacto
da automação sobre a cadeia
de trabalho. Em tese, sua
maior vantagem é que nin-
guém é deixado sem assistên-
cia. Mas na prática isso exige o
aumento de impostos e a redu-
ção de benefícios existentes.
De resto, se o programa for
mal implementado, alguns
grupos vulneráveis podem per-
der com a substituição dos be-
nefícios, precarizando, ao in-
vés de aprimorar, a rede de
proteção social.
Além da redução da pobreza,
os apologistas da renda míni-
ma costumam apontar a sua
simplicidade administrativa
em mercados de trabalho em
rápida transformação. Uma
renda permanente também ga-
rantiria aos cidadãos mais flexi-
bilidade na gestão do trabalho,
família e outras responsabilida-
des e interesses. Mas, além das
preocupações dos críticos em
relação a eventuais mudanças
comportamentais – notada-
mente, que o auxílio reduza a
motivação para buscar traba-

lho –, uma projeção realista
mostra que sua implementa-
ção e, sobretudo, seu financia-
mento não seriam tão simples.
No caso do Brasil, está claro
que o auxílio emergencial, ini-
cialmente previsto para três
meses, precisará ser prorroga-
do. Mas está claro também que
qualquer perspectiva de tornar
este auxílio permanente exigirá
a reformulação dos programas
vigentes. Para dar uma ideia,
em abril o Bolsa Família repas-
sou R$ 188 por família, atingin-
do 14,27 milhões de beneficiá-
rios a um custo de R$ 2,7 bi-
lhões. Já o auxílio emergencial
deve atingir 79,9 milhões de tra-
balhadores informais e de bai-

xa renda, transferindo R$ 600
a cada um, a um custo de R$
51,4 bilhões por mês.
A título de exemplo, o pesqui-
sador do Ibre/FGV Daniel Du-
que projetou um modelo que
custaria R$ 470 bilhões por ano
(6,9% do PIB), reduzindo a po-
breza de 24,48% para 8,65% da
população e eliminando a po-
breza extrema, atualmente na
casa dos 6%. Mas, para tanto,
precisariam ser extintos os pro-
gramas sociais Bolsa Família,
Benefício de Prestação Conti-
nuada, Abono Salarial e Segu-
ro-Defeso. Ainda assim, os cus-
tos destes programas somam
apenas R$ 100 bilhões – o que
exigiria R$ 370 bilhões adicio-
nais. Estima-se que o aumento
do consumo das famílias po-
bres geraria um ganho arreca-

datório de R$ 100 bilhões. Mes-
mo assim, os custos adicionais
chegariam a R$ 265 bilhões
líquidos por ano (4% do PIB).
O modelo prevê cinco fontes
de financiamento: i) fim das de-
duções de saúde e educação; ii)
imposto sobre grandes fortu-
nas; iii) aprovação do PL
6.726/16 (regulamentando o te-
to do funcionalismo); iv) fim
da isenção da cesta básica; e v)
novas alíquotas do Imposto de
Renda (entre 35% e 40%). Tais
medidas compensariam R$
100 bilhões. Para financiar os
restantes R$ 165 bilhões seria
preciso eliminar os subsídios à
iniciativa privada.
A complexidade deste mode-
lo – um entre tantos – mostra
que qualquer proposta de im-
plementação da renda mínima
deve ser realizada em fases, im-
pondo escolhas difíceis e um
amplo debate sobre reformas
como a administrativa e, so-
bretudo, a tributária. Mais im-
portante: a renda mínima ou
qualquer outro modelo assis-
tencial precisam ser acompa-
nhados de programas de de-
senvolvimento de capital hu-
mano que abram janelas de
oportunidades e portas de saí-
da. Isso implica o desenho de
condicionantes – por exem-
plo, a obrigatoriedade dos jo-
vens de participar de progra-
mas de formação. Afinal, o
mérito de um Estado de Bem-
Estar Social sustentável se me-
de não tanto pela quantidade
dos excluídos assistidos, mas
pela quantidade daqueles que
são incluídos na sociedade e
no mercado de trabalho. Mais
do que um assistencialismo
permanente, o País precisa de
assistências consistentes.

A ‘dubiedade’ do presidente


ANTONIO CARLOS PEREIRA / DIRETOR DE OPINIÃO

O País precisa, mais do
que um assistencialismo
permanente, de
assistências consistentes

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Notas & Informações


Vendilhões de templos midiáticos


Não causa surpresa
a negociação que
este governo tem feito
em troca de apoio

O futuro dos programas assistenciais


lDesgoverno Bolsonaro
‘Coragem moral’
Uma ideia já me vinha assaltan-
do há algum tempo, mas ao ler
o editorial com o título acima
(9/6, A3) imaginei: e se, por aca-
so, Maduro cismasse de invadir
nosso país? Com generais desse
quilate, submissos a um capitão
medíocre, qual seria a estraté-
gia? Ir, sem máscara, com o
“00”, para a Praça dos Três Po-
deres exibir sua tropa de “apoia-
dores”? Ou aceitar mentir so-
bre nossos efetivos, para enga-
ná-lo? Não dá para acreditar
que todos os generais do nosso
Exército assim pensem ou
ajam. Aliás, pelas últimas notí-
cias, parece que a Força Aérea
Brasileira está dizendo não a
tontices às quais se pretendia
que dissesse sim. Não vai dar
para fechar, não. Basta!
RICARDO HANNA
[email protected]
SÃO PAULO


Números da pandemia
E mais uma vez o presidente
Bolsonaro resolveu mexer nos
números de uma realidade que
não lhe agrada. Dada sua incom-
petência para melhorar essa rea-


lidade, decidiu alterar os núme-
ros da pandemia do coronaví-
rus para não soar tão trágica.
Resultado: a não confiabilidade
dos dados apresentados e o des-
gaste ainda maior da imagem
deste governo perante a popula-
ção brasileira e a comunidade
internacional. Mas o que mais
me chama a atenção é que essa
embrulhada altamente nociva
para o Brasil é compartilhada
por oficiais de alta patente do
Exército, até generais, de quem
se espera uma posição ética e
transparente, compatível com
seu nível hierárquico dentro
das Forças Armadas. A impres-
são que fica é que a loucura do
nosso presidente contaminou
toda a máquina do Estado.
CELSO BATTESINI RAMALHO
[email protected]
SÃO PAULO

Crime contra a humanidade
Leio que o Tribunal Penal Inter-
nacional, em Haia, vai analisar
se o presidente Bolsonaro co-
meteu crime contra a humani-
dade por sua atuação durante a
pandemia do coronavírus no
Brasil, como responsável direto
por promover contágios e, con-

sequentemente, pelo aumento
do número de mortes. Depois
do Águia de Haia, o Brasil pode-
rá ter o Abutre de Haia.
PAULO HENRIQUE ANDRADE
[email protected]
SÃO PAULO

Decepção
Infelizmente, o governo Bolso-
naro decepciona muitos dos
seus eleitores de 2018. O passo
número 1, que foi eliminar o
PT, foi dado. Todavia o passo
número 2, que seria cumprir as
promessas de campanha, não.
Ao contrário, muitos dos vícios
do governo anterior estão sen-
do repetidos, vergonhosamen-
te. Os movimentos democráti-
cos têm de crescer e forçar o
presidente da Câmara dos De-
putados a dar andamento aos
pedidos de impeachment, antes
que seja tarde demais. É por
esse motivo que o regime parla-
mentarista é bem melhor que o
presidencialista, pois permite a
troca do primeiro-ministro sem
maiores dramas ou convulsões.
Bolsonaro pode até ter boas in-
tenções com o povo brasileiro,
vá lá, mas o seu modus operandi
não é cabível para um presiden-

te da República.
KÁROLY J. GOMBERT
[email protected]
VINHEDO

Estelionato
Votei no Bolsonaro, peço des-
culpa. Meu sentimento é de
que fui ludibriado, vítima de
estelionato eleitoral.
ADALBERTO AMARAL ALLEGRINI
[email protected]
BRAGANÇA PAULISTA

Unidade da sociedade civil
Em momentos de instabilidade
democrática é absolutamente
necessário o chamado à unida-
de nacional – sociedade civil
organizada, imprensa indepen-
dente, partidos políticos, até de
visões opostas. Só uma ampla
frente unificada é capaz de con-
ter as fissuras que se observam,
provocadas por movimentos
desestabilizadores e intervencio-
nistas que se manifestam por
atos nitidamente antidemocráti-
cos. Não basta um bom sistema
constitucional de freios e con-
trapesos, é necessária uma uni-
dade de resistência democráti-
ca forte, capaz de conter as in-
vestidas aviltantes do desgover-

no Bolsonaro. É indispensável
que as forças sociais e jurídicas
atentem para os sinais de ero-
são democrática que vêm do
Planalto. Urge nos unirmos pe-
lo bem da democracia, das insti-
tuições, da República.
RENATO MENDES DO NASCIMENTO
[email protected]
SANTO ANDRÉ

Povo na rua
Referindo-se às passeatas con-
trárias a seu governo, disse o
presidente: “Estão colocando as
mangas de fora”. Erro do sr.
Messias. Na verdade, é o povo
nas ruas exercendo o seu direi-
to de se manifestar pacificamen-
te. Quero crer que essas mani-
festações serão a maior força
que atingirá seu governo, já bas-
tante desacreditado. Cercar-se
de militares não garante boa
gestão nem aceitação popular,
haja vista a queda observada
nas últimas pesquisas. Portan-
to, passou da hora de falar me-
nos e deixar a sua equipe traba-
lhar, continuando as reformas
tão necessárias ao nosso desen-
volvimento. Bravatas e cente-
nas de absurdos proferidos não
tirarão o povo das ruas, ao con-

trário, ainda mais incentivarão
sua crescente participação. O
presidente que não queira me-
dir forças com os brasileiros. A
que ele tem à disposição é mui-
to pouco, quase nada.
ITAMAR C. TREVISANI
[email protected]
JABOTICABAL

lPrevidência
Passado imprevisível
O Supremo Tribunal declarou
constitucional o fator previden-
ciário na aposentadoria dos pro-
fessores obtida após 1999. Des-
sa forma, haverá em muitos ca-
sos redução drástica no paga-
mento, que pode chegar a 50%.
É assim que os educadores de
nossos filhos são tratados, ou
melhor, maltratados em nosso
país. Não temos segurança algu-
ma, as leis podem ser mudadas
até retroativamente. Pobres pro-
fessores, morrerão de desgosto
pela falta de reconhecimento
da importância de seu trabalho
para o futuro dos nossos jovens
e pelas grandes dificuldades fi-
nanceiras consequentes.
LUIGI VERCESI
[email protected]
BOTUCATU
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