sido cada vez mais instado por
apoiadores ideológicos a se
posicionar – ele foi alvo até dos
xingamentos de Olavo de Carvalho,
guru dos radicais, que o chamou de
“covarde”. Para minimizar o estrago,
o presidente preparou uma saída
minimamente honrosa para o ministro
da Educação, como a nomeação
para uma diretoria do Banco
Mundial, confirmada na quinta-feira.
O anúncio teatral da demissão deu
ao ato a conotação de sacrifício.
Com os olhos marejados, Bolsonaro
abraçou Weintraub e disse que era
“um momento difícil”. “Todos os
meus compromissos de campanha
continuam de pé e busco
implementá-los da melhor maneira
possível. A confiança você não
compra, você adquire”, disse.
Satisfeito com a solução encontrada
no Ministério da Saúde, em que a
interinidade de Eduardo Pazuello tem
jeito de escolha definitiva, o
presidente deve recorrer ao mesmo
expediente na Educação. A saída
para o imbróglio na pasta deve
passar pela promoção temporária do
secretário-executivo, Antônio Paulo
Vogel, ou de algum secretário das
áreas temáticas. Os mais cotados
são a chefe da área de Educação
Básica, Ilona Becskeházy, e o
secretário de Alfabetização, Carlos
Nadalim, um olavista conservador,
assim como Weintraub, mas que
resiste à indicação. Para a ala
ideológica, porém, a saída do
ministro “expoente da guerra cultural
contra a esquerda” sempre será lida
com um downgrade, mesmo que um
discípulo de Olavo de Carvalho
venha a substituí-lo. Cercado em
várias frentes na pior semana do
governo desde a posse, Bolsonaro
arrisca perder até os 30% que,
apesar de tudo, ainda lhe prestam
reverência.
Com reportagem de André
Spigariol