Valor Econômico (2020-06-20, 21 e 22)

(Antfer) #1

JornalValor--- Página 6 da edição"22/06/20201a CADA" ---- Impressa por LGerardi às 21/06/2020@21:22:


A6|Valor| Sábado,domingoe segunda-feira, 20, 21 e 22 de junhode 2020

Política


Bolsonarolamentamorte de paraquedista e ignora covid-


JulianaSchincariol
e RaphaelDi Cunto
Do Rio e de Brasília

Ignorando em seu discursoe
nas redessociais a marca de
50 mil mortosno Brasilpor co-
vid-19,opresidenteJairBolsona-
roviajouontemaoRiodeJaneiro
para participardo velóriode um
paraquedista que morreunum
acidenteno dia anteriore disse
queopapeldasForçasArmadasé
“defenderademocracia”.
“A nossamissão, amissãodas
Forças Armadasédefendera pá-
tria, é defendera democracia.E
comodizia[aquele]que se tor-
nou um grandeamigo, o ex-mi-
nistro[do Exército] Leônidas Pi-
res Gonçalves, nós estamosa ser-
viçoda vontadeda população
brasileira”, discursou. O evento

foi fechadoà imprensa, mas o ví-
deo foi divulgado pelo presiden-
teemsuasredessociais.
AlémdeBolsonaro edefami-
liares do soldado, também parti-
ciparamda cerimônia vários mi-
litares,todosusandomáscarasde
proteção contra ocoronavírus —
comexceção do própriopresi-
dente, que pelo menosno mo-
mentoem que discursouestava
sem o equipamentode seguran-
ça.Após participardofuneral,
BolsonaroretornouparaBrasília.
OsoldadoPedroLucasFerreira
Chaves morreuna manhã de sá-
bado,após acidentedurante o
lançamentode paraquedistas na
base aéreados Afonsos, segundo
o Comando Militar do Leste
(CML). Em sua carreira no Exérci-
to, Bolsonaro foi membro da Bri-
gadadeInfantariaParaquedista.

“Todosnós, ao lado de Chaves,
devemosnos preparar. Se um dia
anaçãoassimopedir,sepreciso
for, daremosanossavidapela
nossa pátriaepela nossa liberda-
de”,afirmouopresidente no dis-
curso. Bolsonarotambém se diri-
giu aos pais do soldado,especial-
menteà mãede Chaves. “Levo
partede sua dor comigo.Sou pai
de cincofilhos, epeço aDeus que
não passepor um momentoco-
mo asenhora, seu marido, pa-
drasto, esposo, avôedemaisfa-
miliaresestãovivendo”, disse.
O presidentenão comentou,
nemnodiscursonememsuasre-
dessociais,amortedemaisde
milbrasileirospelonovocorona-
vírus.Bolsonaro, que tem sido
contra as medidasde isolamento
social adotadasno mundotodo
para conter a propagação da

doença,tem repetidoque não
podeserresponsabilizado.
Amarcafoialcançadanosába-
do, segundo consórciode veícu-
los de imprensa. Já nas contasdo
MinistériodaSaúde,onúmerosó
foi ultrapassadoontem —são
50.617mortos,dizogoverno.
Já o presidenteda Câmarados
Deputados, Rodrigo Maia(DEM-
RJ), lamentouas mortespelo seu
Twitteroficial e destacoutam-
bémque maisde 1milhãode
brasileiros foram infectados.
“Queroexpressaraminhasolida-
riedade a todosos familiares e
amigosde vítimasda covid-19.E
tambémexpressaraminhagrati-
dão e orgulho por todosos pro-
fissionais de saúdeque estãona
linha de frentecontrao vírus. Em
nomedaCâmaradosDeputados,
onossoagradecimento”, disse.

Delírios e delícias


BrunoCarazza



Comoseráo
amanhã?”,
perguntavaorefrão
dosamba-enredoda
UniãodaIlhano
carnavalcariocade1978.
ApesardeaescoladaIlhado
Governadorterficadoapenas
comoquartolugarnaquele
ano,suacançãocaiunogosto
popular,principalmenteapóso
grandesucessodagravação
feitaporSimone,cincoanos
depois,nodisco“Delírios,
Delícias”.
“O Amanhã”foi composta
por Didi,autorde maisde 20
sambas-enredo. Compositor de
vida dupla,duranteo dia ele se
apresentava comoo
procuradorfederalGustavo
Adolfode CarvalhoBaeta
Neves. “No meu trabalhoeu era
muitosério, muitochato
mesmo”, declaroua “O Globo”
numaentrevistapoucoantes
de morrer, em 1987.Encerrado
o expediente,o procurador
tirava o paletó, afrouxava a
gravata e se entregava à
boemia.Tanto que, em 1991,a
União da Ilha o homenageou
com outroclássico:“hojeeu
vou tomarum porre,não me
socorre, eu tô feliz”.
“Boladecristal,jogode
búzios,cartomante”...nem
assimconseguimospistassobre
comovaiseronossodestino
nospróximosmesesouanos.
Condenadosaumabre-e-fecha
deatividadesdiantedeuma
gestãodescoordenadadacrise,
sujeitosaumasegundaondade
contaminaçãoglobalesem
saberquandopoderemos
respiraraliviadoscomuma
vacinacontraacovid-19,
qualquerprognósticosobre
nossofuturonãopassademera
especulaçãoou“wishful
thinking”.

Adependerdasprevisõesdo
mercadocolhidaspeloboletim
Focus,doBancoCentral,somente
emmeadosde
alcançaremosomesmoníveldo
PIBde2019.Amedianada
expectativaestáseestabilizando
emtornode–6,50%nesteano,
masquaseninguémousarevisar
asprojeçõespara2021ealém.
Agravidadedasituaçãose
refletenoCongressoNacional.
Emboraparlamentareseo
ministrodaEconomiarepitam
queocaminhoparaa
recuperaçãoéaaprovaçãode
reformas,édifícilimaginarque
numcenáriodetantaincerteza
haveráconsensoemrelaçãoa
mudançasquepossam
aumentaroônusdealgunsem
relaçãoàsituaçãoatual.
Tomeocasodareforma
tributária.Antesdacovid-19,a
PECinspiradanosestudosde
BernardAppypareciaestar
alcançandoumaaceitação
inéditaentreparlamentarese
membrosdogovernofederal,
Estadosemunicípios.A
perspectivadesimplificação
tributáriaeosprazosdilatados
parasuaimplantaçãotambém
encontravamapoiono
empresariado,emborahouvesse
umaresistênciaferrenhado
setordeserviços,quealardeava
queapropostairiaaumentar
significativamentesuacarga
tributária.Comocataclisma
provocadopelocoronavírus,
queatingedemodomuitomais
severoocomércioeosserviços,é
muitoimprovávelqueseus
representantespermitirãoa
aprovaçãodapropostaoriginal,
levando-nosdevoltaao
imobilismotributário.
Pior do que uma agenda
paralisada é o avançode uma
pautaerráticae motivadapor

visõesde curtoprazo.
Analisando as proposiçõesque
tramitamem regimede
urgênciano Parlamento—
compiladaspelo projeto
CongressoRemoto, conduzido
pelasorganizaçõesPulso
Público, DadoCapital e
Observatóriodo Legislativo
Brasileiro—podemos
identificaruma sériede
medidaspropostaspor
parlamentaresque são repletas
de boasintenções,mas podem
trazerconsequênciasdeletérias
para o país quandoa pandemia
passar.
Numuniversode420PECse
projetosdeleieleitoscomo
prioritáriospeloCongressono
fimdemaio,épossível
identificarpelomenos 160
proposiçõesquepretendem
aliviarasituaçãodegrupos
específicosdasociedade
brasileira.Estãonopacote
sugestõesdesuspensãodo
pagamentodeparcelasde
financiamentosligadosaos
programasMinhaCasaMinha
Vida,FiesePronaf,propostas
paraimpordescontos
compulsóriosemaluguéise
mensalidadesescolares,
tentativasdesuspensãoda
aplicaçãodemultasejurosem
contratosbancáriosedeplanos
desaúde.Comonãopoderia
deixardeser,háainda
propostasdenovos
parcelamentosdedívidas
tributárias(osfamososRefis),
semfalarnosincentivospara
setoresespecíficos,como
turismo,atividadesculturaise
transportadoresdecarga,entre
outros.
Ograndeproblemade
matériascomoessaséqueelas
tratamdemandasdegrupos
específicosdemodo
descoordenadoesemlevarem
contaseusefeitosdelongo
prazosobreoconjuntoda
cadeiaprodutivaedasociedade
emgeral.Aotentarresolveros
efeitosdapandemiademodo
pontual,abre-seaindamargem
paraatenderpleitosdequem
nãonecessitadetantosocorro,
mastemmaiorcapacidadede
convencerdeputadose
senadores.Exemplodissofoia
aprovaçãonoSenado,na
semanapassada,doPLno
1.328/2020,queprevêa
suspensãodopagamentode
parcelasdecréditoconsignado
porquatromeses—inclusive
aquelasrelativasaservidores
públicos,aposentadose
pensionistasdoINSS,quenasua
maiorianãosofreramperdasde
rendimentoscomacrise.
Paracompletar,hátambémo
velhooportunismodosbem
conectadoscomopoder.Ainda
nasemanapassada,aCâmara
aprovouoPLno1.013/2020,
quealémdeinterrompero
pagamentodadívidatributária
refinanciadapelosclubesde
futebol,tornamaisdifícila
demissãodecartolasquenão
prestemcontasdesuas
administrações.Semsurpresas,
orelatordamatériafoio
deputadoMarceloAro(PP-MG),
diretorderelações
institucionaisdaCBFemembro
deumafamíliaquehámaisde
40anoscontrolaaFederação
MineiradeFutebol.
Nosambadocrioulodoido
quesetornouapolítica
brasileiranestestemposde
covid-19,comoCongresso
funcionandopor
videoconferênciaecomregras
especiaisdetramitação
legislativa,estamosaindamais
sujeitosàaprovaçãodeleis
populistasoumal
intencionadas.
Em1982DidieaUniãoda
Ilhalevarammaisumoutro
grandesucessoparaaavenida:
“Éhoje”.Semsaberatéondevai
adevastaçãoprovocadapelo
corona,comumacrisepolítica
semsoluçãonohorizontee
umapauta-bombano
Congresso,parecedistanteo
tempoemquepoderemos
voltaràsruascantando“é hoje
odiadaalegria,eatristezanem
podepensaremchegar”.

BrunoCarazzaé mestre em economia,
doutor em direito e autor de “Di nheiro,
Eleiçõese Poder: as engrenagens do
sistemapolíticobrasileiro”. Escreve às
segundas-feiras
[email protected]

Congressoestáà
mercêdopopulismo
e dooportunismo

Corporativismo reduz chance de


cassação de mandato de Flávio


Vandson Limae RenanTr uffi
De Brasília

Corporativismoeamanutenção
de interesses particulares dosse-
nadores pesam,neste momento,
contra um possível processo que
leve àcassação do mandato de Flá-
vioBolsonaro(Republicanos-RJ).
Como Senadodesarticuladoe
em reuniões à distância por causa
dapandemia—nocasodascomis-
sões, nemisso —, qualquer movi-
mento, se ocorrer,só deve ganhar
fôlego apósa voltados encontros
presenciais,aindasemdata.
O Rede, que já havia apresenta-
do representação contra o filho
do presidente Jair Bolsonaro em
19 de fevereiro, requisitouao pre-
sidenteda Comissãode Éticada
Casa, senador Jayme Campos
(DEM-MT), análise imediata da
admissibilidade da medida, da-
dos os fatos novostrazidos pela
prisãodoex-assessordeFlávio,Fa-
brícioQueiroz,emumimóvelque
pertenceao,atéontem,advogado
dosenador,FrederickWassef.
A possibilidade de se configu-
rar uma quebrade decorocome-
tida por Flávio duranteomanda-
to de senador, caso se reveleque
ele atuoupara ajudara esconder
Queiroz,evitando que ele pres-
tasseesclarecimentosàJustiça,é
o motordo novopedido. Mas, es-
tranhamente,o Senadonão se
movimentouemtornodaofensi-
va aFlávio. Nemmesmoas siglas
que compõema oposição.Ope-
didoéassinadoapenaspeloRe-
deepeloPsol,quenãotemrepre-
sentantenoSenado.
Segundofontes da Casa ouvidas
peloValor,pesa um certo“espírito
de corpo”, no qualos senadores
avaliam cassar um mandato como
algo“delicado” e que podeabrir
caminhosparaque vários outros
possamviraralvo.Alémdisso,com
a crise por contapandemiado co-
ronavíruse eleições municipais no
horizonte, muitos senadores pre-

ferem não mexernesse vespeiro.
Avaliam que,salvo se surgir prova
cabaldeilegalidadenacondutade
Flávio, no momentovale mais
manter as portasabertas nos mi-
nistérios parasuas demandas re-
gionais. Há até senador que, nos
bastidores,dizFlávioé“umcarale-
gal”, de boa convivência no parla-
mento—aocontrário da belige-
rância que marca aatuação públi-
cadafamíliaBolsonaro.
Porfim,háojogodeforçasquea
situaçãoimpõe.Quantomaisfrágil
éas ituaçãode Flávio,mais opresi-
dentedo Senado,DaviAlcolumbre
(DEM-AP)ganhapoderde barga-
nha juntoao PaláciodoPlanalto.
Ele atuoupessoalmente para fazer
de JaymeCampos,seu aliado, o
presidente do Conselho de Ética—
umapráticacomumnaCasa:Osex-
presidentes do Senado José Sarney

(MDB-AP) e Renan Calheiros
(MDB-AL) confiarama tarefa,por
seis mandatos de dois anoscada,
ao escudeiro JoãoAlbertoSouza
(MDB-MA),que entreoutros sal-
vou, em 2017,osenadorAécioNe-
ves(PSDB-MG),arquivandopedido
de cassaçãopor quebrade decoro
após surgirem conversasem que o
parlamentar pedia dinheiro ao
empresárioJoesleyBatista.
Para RandolfeRodrigues(Rede-
AP), apesar de todasas dificulda-
des,odesenrolardosfatossótende
acomplicarmaisemaisoprimogê-
nito de Bolsonaro.“A situação mu-
doutotalmente.Osujeitodaaçãoé
oadvogadodele.Quebradedecoro
é um conceitobastantealargado,
mas podemos lembrar, por exem-
plo, do caso [do deputado] Eduar-
do Cunha, que foi cassadopor ter
mentido auma CPI sobremanter

contasnoexterior”, lembra.
Segundoo caseirode Wassef,
ouvido pela Polícia Federal,
Queirozestava no imóvelhavia
umano.Háumano,emjunhode
2019,o senadordizia,quando
questionadosobreoex-assessor:
“Eunãotenhomaisnenhumtipo
de contatocom ele [Queiroz]há
quase um ano [desde 2018].
Nuncamaisfalei.A últimanotí-
ciaquetive,foipelaimprensa”.
Ontem,o senador oficializoua
saídadeWassefnoTwitter.“A lealda-
de eacompetênciado advogado
Frederick Wassef são ímpares e in-
substituíveis. Contudo, por decisão
dele econtraaminha vontade, acre-
ditando que está sendousado para
prejudicar amim eao presidente
Bolsonaro,deixa acausamesmo
ciente de que nadafez de errado”,
disse.(ColaborouRaphaelDi Cunto)

Flávio:possibilidadedeavançodoprocessoé pequena porque senadoresavaliamcassarummandatocomo algo“delicado”

DENIO SIMÕES/VALOR —6/4/

Caso Queirozavança sobre os “meninos”damilícia


Análise


CristianKlein
DoRio

Maisdo que acaracterização
do esquemadas rachadinhas, li-
nha de acusaçãocomrobustez
paraapresentaçãode denúncia
contra o senadorFlávio Bolsona-
ro (Republicanos-RJ) eseu ex-as-
sessor parlamentar Fabrício
Queiroz,preso na quinta-feira,o
maiorestragoda Operação Anjo
paraoPaláciodo Planaltoé o
avançoda investigaçãosobrea
relaçãodo clã Bolsonarocom as
milícias cariocas.O que era uma
possibilidade,muitoexplorada
politicamentenas ruas e nas re-
des sociaispela oposiçãoao pre-
sidente da República, ganhou
contornosconcretos.
Se nas quebras de sigiloban-
cário e fiscalemandados de
buscae apreensãodo ano passa-
do oMinistérioPúblicodo Rio
de Janeiro(MPRJ) tinhaabertoo
lequeaomirar maisde cem pes-
soasfísicasejurídicasenvolvi-
das no esquema, agoraaPromo-
toria concentrou esforços que
mostram a proximidade de
Queirozesua mulherMárcia,

consideradaforagida,com o mi-
liciano Adriano Magalhãesda
Nóbrega,mortopela polícia em
fevereiro, no interior da Bahia.
Há evidências deque Adriano
erabemmaisdoqueomaridoeo
filho de duas funcionárias de Flá-
vio, entre as dezenasdeservido-
res fantasmas lotadosnogabine-
te do filho maisvelho de Jair Bol-
sonaro, quandoele era deputado
na Assembleia Legislativado Rio.
No pedido de prisãopreventiva
de Queiroz e Márcia,oMPflumi-
nensedemonstrapormeiodeáu-
dios e mensagens de aplicativo a
grandeintimidade entre amu-
lher do operador de Flávio ea
mãe de Adriano, Raimunda Vera
Magalhães. Elas formamuma du-
pladinâmicaaexecutarosplanos
do grupo, por causa das restri-
çõesdecontatofísicoetelefônico
entre Queirozeo miliciano,com
quem oex-assessor de Flávio tra-
balhou no 18oBatalhão da Polí-
ciaMilitar,emJacarepaguá.
Numa transação commodali-
dade aparentemente distinta a
dos saques e depósitos fraciona-
dos das rachadinhas,nas quais
funcionários de Flávio repassa-
vamaquaseintegralidadedeseus
salários, oMP do Rio identificou

transferênciasdemais de R$ 400
mildeduaspizzariasemnomede
Adrianoesuamãeparaacontade
Queiroz.Háaindaocuriosorelato
de um homemque, por intermé-
dio de Márcia, pedeao ex-policial
militar para protegê-lo dos “me-
ninos”, apóster sidoameaçado
por milicianos que dominam co-
munidades da zonaoeste carioca.
“Aíeu queria que se desse paraele
ligar, se conheceralguémdaqui,
Tijuquinha,Rio das Pedras,os
‘meninos’ que cuida (sic) daqui”,
rogaointerlocutor.
Queirozaparececomoumven-
dedor, não de carros —como jus-
tificou por escrito ao MP parater
uma movimentação bancária in-
compatível com seus rendimen-
tos —mas de influência. Sejapor
seu poderlocal, coma parceria
coma criminalidadepraticada
por ex-PMs,ou pelo acesso ao po-
der político,a“c úpula de cima”,
com quem se diz capaz de obter
cargoseresolverproblemas.
Numdeles,que mereceuuma
notade pé de páginano docu-
mentodo MP,Queirozé requisi-
tadopor umapessoachamada
Heyder, em setembro do ano
passado,aaj udar“Major Edsone
TenenteMedeiros, do caso Ama-

rildo”. Trata-sedos doisprinci-
pais policiaismilitares,deum
grupode 13, condenados,entre
outroscrimes,pela torturaede-
saparecimento do pedreiro
Amarildodos Santos,na favela
daRocinha,em2013.
Na mesmaépoca,Bolsonaro
comunicava à imprensaque pla-
nejava um indulto a policiais
condenados por crimesde gran-
de repercussãocomoos massa-
cres de Eldorado do Carajáse do
Carandiru. Para isso,chegoua
pedira comandantesda PM que
enviassemo nomede possíveis
beneficiados.
Em nenhummomento, o MP
fluminensecitaopresidente,que
não está em sua alçada.Mas por
trás de Queiroze companhia, co-
mo umaentidade aguiar as es-
tratégiaspara escaparda Justiça,
está o “Anjo”,que dá nomeàope-
ração.Éocodinomedo ex-advo-
gadode Flávio, FrederickWassef,
donoda casa ondeQueirozesta-
va escondidohavia um ano.Was-
sef tambémé advogadoeconse-
lheirode Bolsonaro, efrequenta
assiduamenteoPlanaltoeoAl-
vorada.Opresidenteagorabusca
se afastardele.Umatarefaim-
prováveledosdiabos.

By_Lu*Ch@Qu£

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