O CULTIVO DE UM MILAGRE 97
Enquanto o homem vai ganhando terreno e do-
minando todas as outras espécies, o planeta é bru-
talmente empurrado para um abismo industrial.
Da desflorestação ao consumo excessivo de água,
a pecuária é apontada como um dos sectores que
mais contribui para o aumento do aquecimento
global e continua a desafiar as leis do equilíbrio.
Em 2050, o planeta deverá ter mais trezentos mi-
lhões de bovinos do que em 2017.
A
CADA VOLTA QUE O PLANETA
DÁ sobre si próprio, mais 250
mil Homo sapiens vêem pela
primeira vez a luz do dia. Em
contrapartida, nessas mesmas
24 horas, apenas 145 mil se
despedem para sempre da sua passagem pelo planeta
azul. A sedentarização dos povos consolidada na
revolução agrícola do Neolítico e o desenvolvimento
tecnológico desencadeado pela Revolução Industrial
no final do século XVIII produziram um crescimento
demográfico sem precedentes.
Cerca de trezentos e cinquenta mil anos decor-
reram pacientemente até a população da nossa
espécie superar pela primeira vez a fasquia de mil
milhões de indivíduos. Contudo, depois de 1850,
foram precisos menos de duzentos anos para que
a população mundial crescesse de um para sete
mil milhões. Igualmente exponencial foi o au-
mento da pressão exercida sobre os recursos que
o planeta oferece e que perpetuam a nossa exis-
tência. Somos mais, muitos mais, e todos os dias
a trave-mestra que sustenta o equilíbrio entre de-
mografia e recursos é dobrada à sua máxima cur-
vatura. É preciso mais trigo, mais peixe, mais car-
ne, mais terra para lavrar tem de ser encontrada.