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Depois de uma
conferência sobre
autismo em Savannah,
uma comunidade
enlutada faz uma
vigília em memória
de pessoas com
incapacidade que
foram mortas pelos
seus cuidadores.
A organizadora,
Faye Montgomery,
está sentada entre
o marido, William,
e Temple Grandin.
Professora universitária
de ciências zoológicas,
Grandin tornou-se
uma das mais famosas
pessoas com autismo
do mundo. No seu
trabalho como oradora
e activista, inspirou
a sociedade a aceitar
melhor aqueles
que, nas suas palavras,
possuem “cérebros
com capacidades
diferentes”.
dade, muitas vezes estamos a proporcionar aos
alunos ‘normais’ a sua primeira experiência de
trabalho”, diz. “Investimos tempo e energia na sua
formação. Então, por que motivo isto será tão di-
ferente?” Nascido na Argentina, Sebastian encara
o assunto na perspectiva de um imigrante. “Quem
vem de outro país, não conhece a língua e não co-
nhece os costumes”, diz. “Pode ser bom e pode ser
péssimo. Mas alguém tem de apostar um pouco
nessa pessoa, mesmo que isso signifique um esfor-
ço maior para que ela alcance aquilo que é preciso.”
Conhecedor do trabalho realizado por Scott na
cantina, Sebastian explica que ele enrola os guar-
danapos em volta dos talheres melhor e mais de-
pressa do que qualquer outra pessoa já testada até
ao momento e, além disso, gosta mesmo daquilo
que faz. “Contratar pessoas autistas? Claro que
sim. Nem há dúvidas”, diz.
Christopher conduz-me numa volta à cidade
universitária. A parte preferida do trabalho de
Scott como empregado de mesa na cantina é en-
rolar guardanapos em volta dos talheres. Michael
trabalha no elegante restaurante Rutgers Club,
onde se queixa de que gostaria de receber os clien-
tes, mas por enquanto concentra a sua atenção
meticulosa a aspirar o pó. Stan, que gosta de aquá-
rios e de magia, trabalha na loja de informática da
cidade universitária: tem algumas dificuldades
no atendimento ao cliente porque gosta de co-
mentar as notícias do dia de forma muito criterio-
sa. Todos os autistas têm as suas excentricidades.
Eles devem dar mais problemas do que valem
enquanto empregados, certo?
Christopher Manente apresenta-me Sebastian
Nieto, gerente do Rutgers Club, e entramos para
o seu escritório. “Veja bem, somos uma universi-