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Revista Carta Capital/Nacional - Colunistas
sexta-feira, 31 de julho de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: JOSÉ SÓCRATES

A emissão de dívida conjunta é um passo
consciente rumo ao federalismo do bloco
Enquanto, no Brasil, Bolsonaro recomendava o
uso de cloroquina, cujo uso terapêutico “não tem
comprovação científica”, mas que, não a tendo,
também não há “nenhuma certeza científica do
contrário”, a União Europeia reunia-se em
cimeira para tomar a decisão de subscrever em
conjunto 750 bilhões de euros de dívida pública
para um fundo de recuperação econômica.
Como a vida política brasileira não é para
amadores, é talvez melhor ficar-me pela Europa,
tentando explicar ao leitor brasileiro o significado
político dessa decisão.

Primeiro, ela é única na história da União
Europeia. O projeto de integração política nunca
havia chegado aqui, à decisão de emitir dívida
com responsabilidade conjunta dos 27 Estados
europeus. Alguns classificaram, a meu ver com
razão, este como o momento Hamilton da
Europa. Hamilton foi o primeiro secretário do
Tesouro norte-americano que propôs contrair
dívida em nome do Estado Federal, tendo
equiparado a dívida pública a uma bênção
pública, referência histórica que, sempre que
invocada, deixa a direita dos dias de hoje muito
embaraçada. Seja como for, a decisão agora
tomada representa um passo consciente no
sentido do federalismo europeu. Sim, ela é
ditada pelas circunstâncias, é certo. São sempre
as circunstâncias que marcam as mudanças e a
principal razão por detrás da decisão é o
estrago econômico da pandemia. Todavia,
existe outra circunstância, menos conhecida,
mas nem por isso menos poderosa – a memória
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