Clipping Banco Central (2020-08-01)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


Revista Exame/Nacional - Opinião
quinta-feira, 30 de julho de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

analisar esses dados é o primeiro passo para
compreender a relação entre gastos e
atendimento às expectativas dos clientes. Aqui
cabe um parêntese para a qualidade de dados,
incluindo informações contábeis, senão a
conclusão das análises pode levar a desvios
importantes na rota da empresa.


Antes da pandemia, a pergunta a ser
respondida pelas análises era se o valor
agregado nos produtos e serviços que dava
origem a certos gastos era percebido pelo
cliente. No mundo pós-pandemia, isso se
tornou mais relevante por causa das já notáveis
mudanças no comportamento dos
consumidores, que vêm revendo valores,
exigindo, por exemplo, maior engajamento
social e ambiental de marcas e empresas.
Diversos produtos e serviços antes úteis ou
desejados deixaram de ter função com o
distanciamento social ou passaram a ser
oferecidos gratuitamente na web. É perda de
tempo tentar fazer mais barato o que é
desnecessário aos olhos dos clientes. Para
aquilo que agrega valor, isso, sim, podemos
buscar eficiência, com produtividade,
automatização de processos ou melhores
formas de contratação de insumos e serviços.
Entretanto, o desafio é muito mais saber onde
e por que gastar do que quanto gastar.


A “descoberta da verdade” é a consequente
importância relativizada dos gastos, que exige
protagonismo dos gestores das áreas em
priorizar e repensar os caminhos traçados que
levam ao que a empresa oferece, para quem
ela oferece e por meio de qual canal.
Experimentar, buscar novas tecnologias, testar
em menor escala, tudo isso gera conhecimento
que suporta o alinhamento dos gastos com a
estratégia da empresa, sempre orientado por
metas desafiadoras.


Em complemento às competências analíticas


internas, atualmente é possível acessar
conhecimento externo de maneira fácil e com
baixo custo, por meio de parceiros
especializados em tecnologia que apoiem a
otimização de tipos específicos de gastos,
como benefícios, aluguéis, telefonia, entre
outros, agregando conhecimento aos gestores.
Outra fonte analítica cada vez mais relevante
são os algoritmos de aprendizado de máquina,
modelos capazes de gerar prescrições de
alocação de gastos e que são constantemente
aperfeiçoados com base no feedback dos
gestores.

Execução do orçamento é um tema igualmente
básico e de certa forma pouco sedutor.
“Controle” é algo que pode causar arrepios em
alguns, mas não significa engessamento, é o
que sedimenta o conhecimento gerado pela
descoberta de soluções para mudar o patamar
de valor agregado e eficiência. Em tempos tão
dinâmicos e incertos, acelerados pela
pandemia, é mandatório que o controle dos
resultados seja ágil, capaz de indicar desvios
de rota para os líderes agirem a tempo,
aprenderem e adaptarem a alocação dos
gastos caso sejam necessárias mudanças
estratégicas em prol do melhor atendimento ao
mercado.

A melhoria na gestão de gastos é uma jornada
que tem sempre um início, mas não tem um
fim. Não existe uma escolha a ser feita entre
atender o mercado e buscar eficiência, esses
são temas necessariamente simultâneos e
perfeitamente compatíveis. A busca
permanente pelo melhor uso dos recursos
resultante da gestão inteligente de gastos será
sempre uma maneira de financiar o
desenvolvimento ou a inovação no atendimento
ao mercado e fundamental para a sustentação
do negócio.
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