Banco Central do Brasil
Revista Valor Setorial/Nacional - Noticias
quinta-feira, 30 de julho de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Produto Interno Bruto
do setor começam a notar maiores exigências
de clientes no exterior, especialmente na área
ambiental, de flagradas a partir de medidas de
relaxamento na fiscalização e do aumento no
desmatamento na Amazônia. A reação
internacional, na verdade, já vinha sendo
observada desde o ano passado, com a
escalada das queimadas na região, mas
ganhou força em junho deste ano. Naquele
mês, um grupo formado por 29 empresas de
investimento de nove países, que somadas
administram uma carteira de quase US$ 3,7
trilhões (mais de duas vezes o PIB do
Brasil),entregou correspondência a diplomatas
brasileiros pedindo reuniões para debater a
política ambiental do governo.
A carta foi entregue ás embaixadas do Brasil
nos Estados Unidos, Japão, Noruega, Suécia,
Dinamarca, Reino Unido, França e Holanda. Os
investidores demonstram preocupação com o
avanço acelerado da derrubada da floresta,
que aumentou 49% nos primeiros cinco meses
deste ano, segundo o Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (Inpe), e com os projetos
de abertura de áreas indígenas à mineração.
No início de julho, um grupo de instituições e
empresários entregou ao vice-presidente
Hamilton Mourão, também presidente do
Conselho Nacional da Amazônia Legal, o
Comunicado do Setor Empresarial Brasileiro.
Assinado por 47 presidentes de grandes
empresas e grupos empresariais e cinco
instituições, o documento foi reforçado durante
teleconferência coma participação de Mourão e
de representantes do setor empresarial. Entre
outros pontos, o comunicado defende “combate
inflexível e abrangente ao desmaia mento ilegal
na Amazônia e demais biomas brasileiros”,
com medidas para assegurar a inclusão social
e econômica de comunidades locais “para
garantira preservação das florestas”.
O mercado de trabalho no campo também
reage negativamente à Covid-19. Segundo
levantamento do Centro de Estudos Avançados
em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP,
com base nos dados da Pesquisa por Amostra
de Domicílio Contínua (PNADC), do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o
total de pessoas ocupadas na agropecuária
baixou de 8,266 milhões no trimestre móvel
encerrado em março deste a no para 7,993
milhões no trimestre finalizado em maio. Em
relação a igual trimestre de 2019, o Cepea
aponta redução de 6,8% e fechamento de 580
mil ocupações, numa queda menos intensa do
que a observada para o restante da economia.
Para comparação, no mesmo intervalo, a
ocupação em todo o país foi reduzida em 7,5%,
o que significou o encerramento de 7,011
milhões de vagas.
No agronegócio como um todo, o emprego
havia recuado 0,55% entre o último trimestre
de 2019 e o primeiro deste ano, saindo de
18,250 milhões para 17,968 milhões de
ocupados (282,53 mil a menos), conforme dado
mais recente divulgado pelo Cepea.
Num momento em que metade da população
ativa no país encontra-se sem ocupação,
sustenta Alexandre Rangel, líder de
agronegócio da Ernst & Young (EY), as regiões
do interior do país localizadas no que ele
chama de “cinturão do agronegócio” continuam
operando. Na sua visão, o setor acaba
funcionando como “âncora” para aquelas
regiões e deverá cumprir papel mais relevante
em 2021, quando poderá tornar-se “ponto de
partida para uma recuperação, embora não
esteja claro ainda como e quando se dará essa
retomada”. Rangel acredita que o agronegócio
deverá manter sua fatia no PIB total do país,
que havia recuado para pouco menos de
20,9% em 2018 e elevou-se para 21,4% no ano
seguinte, de acordo com dados apurados pela