National Geographic - Portugal - Edição 233 (2020-08)

(Antfer) #1

PANDEMIASDOPASSADO 33


MáscarasNsãodescontaminadasdentrodeumnovosistemaquepermitea reutilizaçãoseguradeartigosde
utilizaçãoúnica.DesenvolvidopelaorganizaçãosemfinslucrativosBattelle,nacidadedeColumbus(EUA),o sistema
aplicaperóxidodehidrogéniovaporizado,numprocessoquepodeserrepetidovezesemcadamáscaraN.Jáestá
a serutilizadoemdezenasdeEstados.
BRIANKAISER,NEWYORKTIMES/ REDUX

Enquanto observava, trabalhava e participava
em discussões sobre problemas dos ventila-
dores, viu a doença revelar a sua “magnífica
infectividade”, a sua capacidade para se instalar
“como uma pequena bomba silenciosa e inteli-
gente no meio de uma comunidade”, até desco-
brir uma pessoa “e eliminá-la”.
“Quando vi o meu paciente número 500, fi -
quei aterrorizado”, afi rma Michael Callahan.
“É uma doença latente.”
Há décadas que Michael é um rosto familiar
nas frentes de combate às epidemias em todo
o mundo, tendo participado na eliminação dos
surtos de ébola, SARS, H5N1 e uma mortífera
sopa de letras de outras doenças. Encaixa-se
perfeitamente na sua própria descrição dos es-
pecialistas que aparecem nas frentes de com-
bate aos novos surtos: “Gente nervosa, com
passada rápida e exprimindo-se em frases cur-
tas e entrecortadas.”
No entanto, mesmo entre os seus colegas al-
tamente capacitados e hipermotivados, Mi-
chael Callahan destaca-se pela sua capacidade

para sintetizar informação no meio de uma
crise e propor rapidamente a melhor opção
disponível. Por essa razão, está na lista de con-
tactos de marcação rápida de um grande nú-
mero de organizações, desde hospitais a orga-
nizações mundiais sem fi ns lucrativos. De vez
em quando, também vai a casa.
Michael Callahan escolheu a sua carreira de-
vido à brutal experiência vivida nos campos de
refugiados do Leste da República Democrática
do Congo em fi nais da década de 1990, que lhe
ensinou que, no mundo menos desenvolvido,
as doenças infecciosas são uma “catástrofe
sempre em marcha. E incessante. Senti-me
muito motivado pela injustiça de tudo aquilo”.
A sua experiência posterior com o ébola e
outros surtos na África Ocidental ensinou-lhe
que tratar um caso de cada vez não é sufi cien-
te. Em contrapartida, a formação e a disponi-
bilização de recursos ao pessoal médico local
“produz enormes mudanças numa aldeia,
numa comunidade ou num hospital. E essas
mudanças perduram depois de sairmos.”
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