Clipping Banco Central (2020-08-02)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


Folha de S. Paulo/Nacional - Ilustrada
domingo, 2 de agosto de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

música? Ela: 'São de dois amigos meus
baianos, mas o meu produtor falou que não é
muito comercial. Eu estava para gravar o meu
disco, levei, e pronto, não teve outro jeito, teve
que fazer sucesso", lembra a cantora.


Foi em uma live em junho que Alcione chamou
o presidente da Fundação Palmares, Sérgio
Camargo, de "zé ninguém" e falou: "ainda dou
na cara dele, para ele parar de ser um sem
noção". Ela comentava um áudio no qual
Camargo diz que o movimento negro é uma
"escória maldita". Em resposta, Camargo
chamou a cantora de "barraqueira" e sua
música, de "insuportável". Marrom recebeu o
apoio de artistas como Chico Buarque.


Hoje, Alcione não quer mais comentar sobre o
assunto. "Depois que [o compositor] Altay
Veloso me defendeu com aquela poesia, não
tenho mais o que falar", afirma ela sobre um
texto do autor endereçado a Camargo que diz:
'Moço, recolha a sua espada. O seu gesto é
bizarro." "Quem tem amigo poeta não precisa
falar mais nada. É ou não é?", emenda.


Sobre o presidente Jair Bolsonaro, de quem
Alcione cobrou respeito ao povo do Nordeste
em 2019 e sobre quem ela afirmou ter
"vergonha de chamar a atenção de um senhor",
Marrom diz ter torcido para que ele ficasse bom
[da Covid-19] "e que o Brasil cresça e o mundo
vá pra frente". "Não tenho ódio de ninguém.
Pelo contrário, a gente tem que torcer pelo
país." "Tenho ficado na minha, não gosto de
blá-blá-blá. Quando entro na internet, é pra
falar."


A cantora lamenta o descaso com que o setor
cultural no país vem sendo tratado. "Parece
que, se o feijão e o arroz ficam caros, se a


Covid chegou, é tudo culpa da cultura", diz.
"Ela é o maior lobby que um país pode ter, e o
Brasil ainda não soube se aproveitar dessa
riqueza."

Alcione conversou com a coluna em uma tarde
de quarta-feira por telefone. Não quis fazer
videochamada. "Eu ia ter que me arrumar toda,
ficar bonitinha, né, colega?", brinca ela.
"Sempre gostei de andar direitinha, de uma boa
maquiagem, unha bem pintada", segue a
maranhense, que está solteira. "Mas também
não estou na pista para negócios [risos]."

"É muito bom a gente gostar de alguém, ter
alguém para dormir, abraçar. Mas quando não
dá mais, não deu", diz. "Já estive casada umas
três vezes. Nunca fui uma pessoa fácil. E como
eu j á tinha essa educação de 'não deu, tchau e
bênção, não gosto de ficar encompridando
conversa. Sou feliz assim", afirma ela, que diz
manter a amizade com as pessoas com quem
se relacionou.

"Já vim do Maranhão emancipada. Minha mãe,
quando lavava roupa pra fora e passava, era
pra não depender só do dinheiro do meu pai.
Ela ajudou anos criar", conta. "E meu pai dizia:
'É você que tem que mandar ele [seu parceiro]
ir embora da sua casa [risos] ."

Foi o pai, João Carlos, quem a introduziu na
música. "Ele era mestre de banda militar, me
ensinou a ler partitura e a tocar", diz. "Mas
queria que eu fosse professora. Me formei e
ensinei dois anos [no primário] no Maranhão",
lembra.

"Só que nunca tive paciência com aluno mal
educado. Até porque lá em casa nós sabemos
respeitar as pessoas. Para eles [estudantes]
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