Clipping Banco Central (2020-08-02)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


Correio Braziliense/Nacional - Economia
domingo, 2 de agosto de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Banco Central

atual, um ajuste fiscal tende a ser mais
contracionista. Mas, uma expansão de gastos
sem observar o controle do crescimento
exagerado da dívida pública resultará em
aumento de carga tributária, inevitavelmente.


"Enxugar gelo"
Os professores de economia José Luis Oreiro,
da Universidade de Brasília (UnB), e Luiz
Gonzaga Belluzzo, da Universidade Estadual
de Campinas (Unicamp), defendem uma saída
da crise por meio do aumento do gasto público
sem qualquer forma de ajuste fiscal durante a
recessão. "Fazer ajuste fiscal quando a
economia não cresce é como enxugar gelo.
Não tem efeito algum", pontua Oreiro. Ele
lembra que o país não conseguirá recuperar o
nível do PIB de 2014 em menos de uma
década se continuar conduzindo ajustes fiscais
que limitam o investimento público.


Para Belluzzo, o aumento do endividamento é
importante para fazer a economia girar. E ele
reforça que a origem da recessão em que o
país está mergulhado na crise atual é resultado
do ajuste fiscal iniciado pelo ex-ministro da
Fazenda Joaquim Levy, em 2015, que atingiu
em cheio o investimento público. "A questão
fiscal e o equilíbrio orçamentário têm de ter
uma concepção do conjunto e de como
funciona a economia de mercado capitalista. É
preciso avaliar as relações entre o fluxo de
renda e o gasto com endividamento ao longo
do tempo", destaca Beluzzo. "Esse é o
princípio da demanda efetiva, segundo o qual o
nível de renda e emprego da economia como
um todo é determinado pelas decisões de
gastos das empresas, dos consumidores e dos
governos", emenda.


Holland, da FGV, e Lisboa, do Insper,


defendem uma reavaliação dos gastos
obrigatórios como forma de buscar um
tamanho do Estado que caiba na arrecadação.
Enquanto a ala militar do governo defende
elevação do investimento em obras públicas, o
professor da FGV reforça a necessidade de
revisão nos critérios para os contratos. "Não
adianta aumentar o gasto público se não
houver uma melhor governança. O Brasil tem
centenas de obras paradas, que desperdiçaram
bilhões de reais, porque não há uma
preocupação com a qualidade da despesa e
avaliações sobre o impacto na economia",
critica Holland.

Dívida interna
Com o aumento dos gastos públicos que fazem
o governo registrar rombos recordes, a dívida
pública bruta do Brasil deverá ultrapassar
100% do Produto Interno Bruto (PIB), logo.
Em junho, chegou a 85,5% do PIB, um recorde
histórico, conforme dados do Banco Central, e
isso também será um problema para os
próximos anos, apesar de o país não ter uma
grande dívida externa como nas crises do
passado.

"A situação real brasileira é que temos uma
dívida pública que vai circular em torno de
100% do PIB, patamar pouco administrável no
Brasil, porque mais de um terço dela é de curto
prazo e isso joga a favor das preocupações
fiscalistas e não é possível haver crescimento
econômico", afirma Márcio Holland. "Não vai ter
crescimento econômico enquanto não fizer a
trajetória da dívida pública cair. Se ela
continuar ascendente, os motores de
crescimento futuro ficam comprometidos",
acrescenta o professor da FGV.

Na avaliação do economista, o fato de a maior
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