Clipping Banco Central (2020-08-03)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


Valor Econômico/Nacional - Opinião
segunda-feira, 3 de agosto de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Banco Central

Non plus ultra?


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Autor: Marcelo Kfoury

Riscos associados a cortes adicionais são
maiores que os benefícios marginais esperados

A próxima reunião do Comitê de Política
Monetária (Copom) (amanhã e depois) pode
indicar uma nova fronteira para a meta da taxa
Selic. As incertezas quanto ao rumo a seguir
estão descritas na ata da última reunião. O
Copom “... antevê que um eventual ajuste futuro
no grau de estímulo monetário será residual”.
Discute-se também o limite deste ajuste. “O
Comitê retomou a discussão sobre um potencial
limite efetivo mínimo... devido à presença de um
prêmio de risco ...dadas a sua relativa
fragilidade fiscal... já estaríamos próximos do

nível a partir do qual reduções adicionais
...poderiam ser acompanhadas de instabilidade
nos preços de ativos”. Enquanto os agentes do
mercado de renda fixa precificam este ajuste
residual como um corte de 25 bp, conforme
implícito no mercado de juros futuros, os
especialistas em política monetária estão
divididos quanto à conveniência deste corte
adicional e cortes posteriores.

Aqueles que pedem estímulos adicionais,
argumentam com base no comportamento
favorável da inflação corrente e nas
expectativas de inflação distanciando-se para
baixo do centro da meta. Neste caso, o Regime
de Metas de Inflação (RMI) prescreve maior
afrouxamento. Por outro lado, aqueles que
sugerem a interrupção do ciclo apontam os
riscos associados à fragilidade fiscal, ao
aumento da inclinação da curva de juros e à
desvalorização acentuada da taxa de câmbio.
Neste artigo, argumentamos que os riscos
associados a cortes adicionais da taxa de juros
básica são maiores que seus benefícios
marginais esperados.

A primeira razão para a interrupção do ciclo de
afrouxamento seria comprometer o trade-off
entre as medidas temporárias de caráter
excepcional para enfrentar a crise, daquelas que
envolvem modificações estruturais da economia.
A pandemia e as medidas de isolamento social
geram limitações na capacidade de consumir e
produzir dos agentes, criando um duplo impacto
via incidência simultânea de choques negativos
de demanda e de oferta. No primeiro caso, a
redução da mobilidade social reduz a demanda
por bens e serviços. No segundo caso, a
disrupção nas cadeias de produção e as
limitações para provisões de serviços afetam a
capacidade de produção na economia.
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