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O Globo/Nacional - Opinião
quinta-feira, 6 de agosto de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas
MERVAL PEREIRA - Não é para
amadores
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A eleição presidencial de 2022 pode ser a mais
interessante dos últimos tempos, pelo menos
em termos de sociologia política. Poderão se
enfrentar nas urnas o ex-juiz Sérgio Moro, que
condenou Lula, o ex-presidente, que teria
conseguido deixar de ser ficha-suja, e o
presidente Bolsonaro, adversário circunstancial
de Moro e inimigo figadal de Lula.
Está nas mãos do Supremo Tribunal Federal o
destino do quebra-cabeças político-eleitoral que
definirá a corrida presidencial de 2022, que já
está em curso. A situação é mais do que
retórica, é real, a começar pela possibilidade,
cada vez mais concreta, de o ex-juiz Sérgio
Moro ser considerado parcial nos julgamentos
em que o ex-presidente Lula foi condenado.
Os ministros Gilmar Mendes e Ricardo
Lewandowski se pronunciaram em votos pela
parcialidade de Moro e derrotaram o relator da
Lava-Jato, Edson Fachin, em julgamento da
Segunda Turma na terça-feira. Embora o que
estivesse em julgamento não fosse a
parcialidade de Moro em si, mas o pedido da
defesa de que a delação premiada do ex-
ministro Antonio Palocci não pudesse ser usada
em ações contra Lula, por ter sido incluída nos
autos fora do prazo previsto legalmente, os
ministros Gilmar Mendes e Lewandowski
pronunciaram-se no mesmo sentido.
Moro divulgou o depoimento de Palocci dias
antes do primeiro turno da eleição presidencial
de 2018 com o fim de prejudicar Lula,
favorecendo assim Bolsonaro, de quem viria a
ser ministro da Justiça. Caso seja considerado
suspeito pela Segunda Turma, o processo do
tríplex do Guarujá, o único em que Moro foi
responsável por condenar o petista, será
anulado, o que provavelmente levará à anulação
de outros dois processos, o do sítio de Atibaia,
em que Lula foi condenado pela juíza Gabriela
Hardt, e o do Instituto Lula, que está em
andamento com o juiz Luiz Antonio Bonat.
Se, ao contrário, apenas o processo do tríplex
for anulado. Lula continuará ficha-suja, pois foi
condenado também em segunda instância pelo
caso do sítio de Atibaia. Teoricamente o
julgamento da suspeição de Moro está
empatado, pois os ministros Cármen Lúcia e
Edson Fachin já votaram a favor dele e, entre os
que faltam votar, apenas do ministro Celso de