Clipping Banco Central (2020-08-07)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


Valor Econômico/Nacional - Eu & Fim de Semana
sexta-feira, 7 de agosto de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

elevação do valor que o governo pretendia
limitado a R$ 200. A paternidade da qual todos
fogem é a do imposto sobre transações
eletrônicas que pode vir a viabilizá-lo.


A determinação com a qual Trump avança
sobre o Congresso para que o benefício aos
desempregados seja cortado para US$ 200
semanais sinaliza que a assinatura do cheque
é sua, mas os louros da iniciativa caíram no
colo do adversário. As identidades partidárias
mais consolidadas, diz Lucas Abreu Maia,
fazem com que o eleitor não se confunda sobre
apaternidade da proposta, que tem cara e
focinho do Partido Democrata.


Ainda que o eleitor republicano seja menos
sensível a aportes governamentais, nem todos
os parlamentares do partido estão seguros de
que sairiam ilesos da descontinuidade do
benefício. Muitos temem que a renovação de
apenas um terço do pacote de U$ 3 trilhões
para a pandemia, a maior injeção estatal na
economia da história americana, lhes custe o
mandato.


Os Republicanos, que já não comandam a
Câmara dos Representantes, arriscam perder,
também, o Senado. Ainda mais se Trump, além
de reduzir o seguro desemprego, negar verbas
à educação e destinar recursos para uma nova
sede do FBI, uma de suas obsessões.


O bipartidarismo possibilita a que o candidato
democrata, Joe Biden, galvanize a identificação
do eleitorado não apenas com os benefícios
assistencialistas mas também com a
solidariedade aos manifestantes do “Black
Lives Matter”, atacados por Trump, e,
principalmente, com uma proposta alternativa
para a pandemia.


Num dos mais populares anúncios da
campanha, o ex-coordenador do comitê da


Casa Branca de combate ao Ebola, Ron Klain,
resume o que Biden teria feito diferente para
evitar que os EUA liderassem o campeonato
macabro da pandemia: reconversão industrial
para a produção de equipamentos,
massificação de testes, recomendação de
máscaras, fortalecimento da OMS,
investimento em vacina e abertura planejada
da economia.

A cartilha, consenso no mundo inteiro, também
tem a aderência dos principais porta-vozes da
oposição brasileira. Ao contrário dos EUA, no
entanto, o Brasil não está em campanha
eleitoral, o que dificulta a contraposição.

Biden se retraiu no início da pandemia e
quando pôs a campanha na rua, a seis meses
da eleição, já estava claro que Trump tinha
perdido a mão no seu enfrentamento.
Contemplou as alas à esquerda e à direita do
seu partido com voz na campanha e conquistou
o carimbo de agregador.

Vice-diretor da escola de relações
internacionais da Fundação Getúlio Vargas e
estudioso das relações bilaterais, Matias
Spektor diz que Biden ressuscitou o centro que
o foco das redes sociais na política dos
extremos parecia ter erradicado.

Em “Engenheiros do Caos” (Vestígio, 2019),
Giuliano Da Empoli, explica como a massa foi
abolida e em seu lugar estão os indivíduos
separadamente, a serem atingidos pelos
algoritmos. Por isso, diz, difundiu-se a
convicção de que uma campanha bem-
sucedida precisa mais de físicos de dados do
que de comunicadores.

“Não se trata mais de unir eleitores em torno do
denominador comum, mas, ao contrário, de
inflamar as paixões do maior número possível
de grupelhos para, em seguida, adicioná-los —
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