Clipping Banco Central (2020-08-07)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


Valor Econômico/Nacional - Eu & Fim de Semana
sexta-feira, 7 de agosto de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Paulo Guedes

“Isso não torna as relações impossíveis porque
o Brasil ainda é o país mais importante da
América do Sul, uma potência regional com
algumas aspirações mundiais e uma certa rede
de relacionamentos, especialmente comerciais
e econômicos”, diz Shannon.


Araújo usou argumentos parecidos para tecer
previsão otimista sobre relações bilaterais no
caso de vitória democrata. Ele disse em
entrevista no dia 27 que, apesar de o Brasil ter
desenvolvido uma relação muito próxima com
os EUA durante o governo Trump, não terá
problema em lidar com Biden caso este seja
eleito em novembro, sugerindo que os laços se
desenvolveram no nível das nações, e não no
pessoal entre os presidentes. Bolsonaro fez
declaração parecida depois de anunciar apoio
à reeleição de Trump.


Mesmo assim, o modo como Bolsonaro apoia
algumas questões que os democratas rejeitam
totalmente — meio ambiente, mudança
climática, direitos dos índios e da população
LGBTQI+ — deve ser um empecilho, diz
Shannon. “Nada disso foi recebido bem pelos
democratas no nosso Congresso ou por nossa
sociedade, então terá de ser resolvido de
alguma maneira”, diz o ex-embaixador.


Em mais um exemplo de como a ala mais
progressista dos democratas está focalizada
em Bolsonaro, o Comitê de Assuntos
Tributários da Câmara, liderado pelo deputado
democrata Richard Neal (Massachusetts),
manifestou numa carta em 3 de junho a John
Lighthizer, o representante comercial
americano, sua oposição aos planos do
governo Trump de estreitar laços comerciais
com o Brasil. Mas Shannon considera que os
interesses mútuos devem prevalecer e que
seria um erro para Biden evitar um
relacionamento comercial mais próximo com o
Brasil por questões políticas.


Ainda assim, “existirão grupos nos EUA que
tornarão o engajamento com o Brasil difícil por
causa disso [políticas de Bolsonaro]”.

Shannon diz acreditar também que as políticas
bolsonaristas não necessariamente tornam o
Brasil menos atraente como destino de
investimentos. O tamanho do país e de seu
mercado, a sofisticação de sua classe
empresarial, seu sistema bancário e setor
financeiro são elementos muito atraentes no
Brasil, bem como a onda de reformas, segundo
Shannon, que elogia os esforços do governo
Bolsonaro e do ministro da Economia, Paulo
Guedes, para solucionar alguns dos problemas
econômicos do país. Diz que os investidores
agora estão mais preocupados em saber como
a reação de Bolsonaro à pandemia afetará seu
futuro político e as atuais reformas econômicas.

Mas Shearer, do Occidental College, diz que a
maioria da equipe de relações internacionais de
Biden é egressa da era Obama e que quase
todos os diplomatas profissionais e
especialistas da área apoiam Biden. “Se Biden
ganhar, os líderes autocráticos devem ficar
nervosos. Não é que vamos mandar a CIA
derrubá-los, mas não estarão na frente da fila
para uma visita à Casa Branca”, diz.

Uma eventual vitória de Biden certamente vai
fortalecer os oponentes de Bolsonaro nos EUA,
diz Shearer, que corrobora a visão de Shannon
sobre certa imutabilidade nas relações entre os
dois países, mesmo não acreditando que os
EUA, sob nova direção, vão premiar um
presidente que “apoiou Trump e que agiu ainda
pior que ele em relação ao vírus”.

Se Biden for eleito, seu governo não buscará a
política da “América primeiro”, mas tentará ser
mais diplomático, trabalhando com aliados,
pondera Shearer. “As grandes questões da
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