A loucura da razão econônica- David Harvey

(mariadeathaydes) #1
176 / A loucura da razão econômica

bancos vêm concedendo empréstimos a governos, respaldando-se no poder do Esta­
do de cobrar impostos. Reciprocamente, o poder de tributação do Estado é utilizado
para socorrer os bancos em apuros. N ão há a menor esperança de que as crescentes
dívidas nacionais dos grandes Estados caduquem juridicamente. M as fluxos signi­
ficativos de receitas tributárias para o pagamento de dívidas são normalizados no
campo da distribuição. Boa parte da demanda efetiva derivada de despesas estatais,
por outro lado, consiste em capital fictício (antivalor) gerado no sistema de crédito
e emprestado ao Estado. As reivindicações sobre a produção futura de valor crescem
infinitamente. Crédito de consumo (parte dele do tipo predatório) é disponibilizado
a todos (inclusive trabalhadores e estudantes) e normalmente aumenta à medida que
circula. A fantasia de uma “ilimitabilidade imaginária” no consumo é avidamente
perseguida. O crédito escoa para proprietários fundiários e imobiliários. Alimenta
a especulação com aluguéis e otxtros valores de ativos que, em seguida, ganham o
poder de aumentar magicamente e sem limite. Comerciantes e industriais contraem
empréstimos mesmo diante do robusto poder do antivalor, que pode vir a destruí-los
no futuro. Comerciantes, proprietários fundiários e imobiliários, Estados e qualquer
pessoa que consiga poupar algum dinheiro (inclusive os setores mais privilegiados das
classes trabalhadoras) depositam fundos excedentes em instituições financeiras com a
expectativa (muitas vezes frustrada) de obter uma boa taxa de retorno.

Toneladas

Figura 5. Consum o chinês de cim ento (redesenhado a p artir do original publicado na revista
National Geographic).

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