Clipping Banco Central (2020-08-11)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


Folha de S. Paulo/Nacional - Poder
terça-feira, 11 de agosto de 2020
Cenário Político-Econômico - Destaques Jornais Nacionais

O argumento da defesa, de que a prisão visava
forçar confissões, foi rejeitado pelo placar de 4
a 0. 0 preso, Fernando Soares, virou delator
pouco tempo depois.


Naquele que até hoje é o mais polêmico gesto
de autoridades da operação, a divulgação por
Sérgio Moro de áudios de conversas da então
presidente Dilma Rousseff com Lida, em 2016,
a resposta institucional do Supremo foi uma
mera reprimenda em ofício pelo ministro Teori
Zavascki, então relator da operação na corte.


Gilmar também usou trechos das conversas
para embasar sua decisão liminar de
suspender a posse de Lula na Casa Civil do
governo Dilma, o que enfraqueceu ainda mais
a então presidente, afastada do poder dois
meses depois.


A extensão dos esquemas de corrupção
revelados na Petrobras, com suas cifras
astronômicas, ajudava a criar um clima pró-
Lava fato, que se refletia no tribunal.


As investigações no país viviam sob o espectro
de duas grandes operações anuladas com a
chancela das cortes superiores, a Castelo de
Areia, que também mirava elos políticos de
uma das maiores empreiteiras do país, a
Camargo Corrêa, e a Satiagraha.


Não ter o mesmo destino já podia ser
considerado uma vitória para os procuradores
de Curitiba e seus apoiadores, que temiam
uma interferência política para podar a
operação.


E não sem motivo. A Folha mostrou em 2019,
por exemplo, emails de Marcelo Odebrecht, ex-
presidente da empreiteira, articulando


conversas com diversos atores políticos, do
PSDB ao PT e MDB, para pedir um freio no
ritmo da Lava Jato em 2014 e 2015.

Em maio de 2016, foram reveladas pela Folha
conversas em que o então senador Romero
Jucá (MDB-RR) defendia junto ao
correligionário Sérgio Machado, agora delator,
um acordo "com o Supremo, com tudo", para
"estancar a sangria" da operação.

A afirmação virou um bordão e pôs mais
pressão no Supremo Tribunal Federal contra
medidas eventualmente desfavoráveis à
operação.

Mesmo assim, ainda nos primeiros anos, houve
decisões que contrariaram os interesses de
Curitiba.

Em abril de 2015, por exemplo, o Supremo
tirou da cadeia nove executivos de empreiteiras
presos havia meses por Moro. Também
naquele ano, decidiu enviar para fora do
Paraná casos que não tivessem ligações
diretas com a Petrobras.

A favor da operação, pesava na época também
um ambiente político ainda sob certo rescaldo
dos protestos de 2013, que cobravam
mudanças nas práticas políticas e mais
mecanismos de combate à corrupção.

Além disso, as defesas apelavam a
argumentos pouco sólidos em seus
questionamentos, como o fato de Moro ter
escrito artigo sobre corrupção ou a falta de um
acordo de cooperação com o Canadá para
validar como prova mensagens trocadas por
suspeitos por meio de um telefone de
fabricação canadense.
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