Clipping Banco Central (2020-08-11)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


Valor Econômico/Nacional - Finanças
terça-feira, 11 de agosto de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Banco Central

“Continuamos aplicados e acreditando que há
bastante prêmio tanto na curva de juros reais
quanto na curva de juros nominais. Mais cedo
ou mais tarde, acreditamos que o Banco
Central perceberá que não fez o suficiente e
que há ainda há espaço para dar mais apoio
por meio da política monetária”, afirma Abbud.
A Persevera acreditava, antes, que a Selic
poderia cair próxima a zero ainda este ano,
mas agora espera que isso aconteça em 2021.


A Persevera também mantém apostas na
queda de juros nominais de médio prazo, que
se beneficiariam tanto do cenário de juros
curtos ainda mais baixos quanto no cenário de
pausa no ciclo de afrouxamento monetário, que
geraria um achatamento da curva. “Existe
prêmio adicional na curva real e na nominal.
Como temos uma visão muito firme de inflação
surpreendendo para baixo, gostamos mais dos
juros nominais, especialmente os
intermediários”.


Por outro lado, o risco fiscal ainda leva muitos
investidores a assumirem uma postura mais
cautelosa. É o que notam os analistas do
Bradesco BBI, que apontam para uma
inclinação bastante expressiva da curva de
juros reais. A diferença entre as taxas das
NTN-Bs de dez e de dois anos continua
elevada, em nível próximo a 3 pontos
percentuais, o que, para o banco de
investimentos do Bradesco, “indica incertezas
no campo fiscal”. Não por acaso, as medidas
de inflação implícita para 3,5 e 10 anos
continuam acima da meta, nos valores de
3,68%, 4,04% e 4,14%, respectivamente.


Diante dos riscos fiscais elevados, alguns
agentes optam, inclusive, por investimentos em
ativos internacionais. “Temos um encontro
marcado com a situação fiscal em breve. No
final do terceiro trimestre, entre agosto e


setembro, teremos a discussão do orçamento
de 2021 e o vencimento do auxílio emergencial.
Essa discussão vai ganhar força, e já vemos
pressão em Brasília sobre formas de burlar o
teto de gastos. Acho que o teto não vai cair,
porque trata-se de uma PEC e está blindada.
Mas a pandemia mostrou que há maneiras
para burlar o teto”, afirma Marcos Mollica,
gestor do Opportunity.

É justamente a questão fiscal que desencoraja
aplicações de prazos mais longos no mercado
de juros. “Aqui no Brasil, ainda temos uma
curva muito inclinada. O mercado precifica alta
da Selic em 2021. Isso é um prêmio de risco
com a situação fiscal”, diz Mollica.
Recentemente, o Opportunity zerou as
posições em juros e agora fica mais neutro no
mercado. “Temos alguma coisa de NTN-B na
parte de juro real, na parte intermediária da
curva. Estamos mais conservadores. Não
queremos alongar por causa do risco fiscal”,
afirma.

Para Pedro Dreux, gestor de renda fixa da
Occam, a contínua discussão sobre a situação
fiscal brasileira pode fragilizar as apostas em
juros reais menores no Brasil, especialmente
na parte longa da curva. “Há uma dificuldade
do governo de desenhar um fim das políticas
de auxílio emergencial. A PEC do Orçamento
de Guerra é restrita a este ano. Se houver uma
extensão para 2021, o teto de gastos estaria
bastante ameaçado. Estamos bastante
cautelosos e já acendemos a luz amarela por
aqui. Estamos, inclusive, tomados no DI mais
longo, acreditando que pode haver um
aumento do prêmio de risco pela questão
fiscal”, afirma Dreux.

O gestor da Occam nota que, ao contrário do
juro real brasileiro, o americano parece
bastante atrativo. Assim, a gestora mantém
posições aplicadas nas TIPS de dez anos.
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