A Bola - 20200806

(PepeLegal) #1

22 A BOLA


Quinta-feira
6 de agosto de 2020

Centralização avança em 2027


Pedro Proença, presidente da Liga,
aproveitou a realização da
conferência Futebol Profissional e
Economia Pós-Covid-19 para voltar a
apontar a centralização dos direitos
televisivos como um caminho

obrigatório, agora mais do que nunca.
«Estamos focados em analisar os
pontos mais débeis da nossa atividade
e que a pandemia tornou mais
evidentes. Um dos mais significativos é
a centralização dos direitos televisivos,
que é absolutamente necessária e
obrigatória», disse.
O secretário de Estado da Juventude e
do Desporto, João Paulo Rebelo,

jJoão Paulo Rebelo promete
legislar; Pedro Proença fala em
«caminho obrigatório»

mostrou-se em sintonia nesta matéria,
classificando mesmo a centralização
de «prioridade». Lembrando que o
regime jurídico das sociedades
desportivas «é uma questão ainda
mais premente», João Paulo Rebelo
avançou que é preciso continuar a
pensar em conjunto, explicando que
«se não fosse a pandemia, até
legislativamente já estaria resolvida a

questão da centralização dos direitos
televisivos».
Tudo indica, assim, que, à imagem do
que aconteceu em Espanha,
por exemplo, a centralização, com
base na força da lei (na ausência do
acordo entre os clubes), será uma
realidade a partir de 2027,
época em que terminarão os últimos
contratos vigentes. «O plano é
criarmos as condições já para que
em 2027 a centralização seja
uma realidade», rematou
João Paulo Rebelo e Pedro Proença João Paulo Rebelo.

LIGA PORTUGAL

jFoi também apresentado o
anuário 2018/2019: futebol ‘deu’
mais de €549 milhões para o PIB

Pandemia provocou perdas de €135 milhões


Pedro Proença revelou na con-
ferência Futebol Profissional e Eco-
nomia Pós-Covid-19 que a época
2019/2020 terminou com uma per-
da de receitas de €135 milhões.
«As perdas justificam-se com a
suspensão da Liga 2 e os jogos à

porta fechada na Liga. Até março,
estávamos com uma taxa de cres-
cimento de 12 por cento, mas a
pandemia terá fortes impactos ne-
gativos», disse o presidente da
Liga, explicando que a fase final
do campeonato, com jogos à por-
ta fechada, acarretou uma perda de
€52 milhões em direitos televisi-
vos e de €23,4 milhões em ativi-
dade comercial e de bilhética.

Na conferência foi também apre-
sentado pela Liga o anuário
2018/2019. O documento mostra
que nessa época foram criados mais
de 2600 postos de trabalho diretos
e que o futebol contribui com mais
de €549 milhões para o PIB, um
aumento de mais €153 milhões
(39,2 por cento) face à época ante-
rior. Com um peso de 0,27% do PIB
nacional, o futebol teve um volume

de negócios de €851 milhões e con-
tribuiu em 2018/2019 com mais de
€150 milhões em impostos.
«Chegámos ao ponto de matu-
ridade e iniciámos um novo ciclo,
com viragem para os mercados in-
ternacionais no prazo 2019-2023.
Estou certo de que os números
continuariam em ascensão, não
tivéssemos sido surpreendidos pela
pandemia», disse Proença.

LIGA PORTUGAL

Evento decorreu em Oeiras


Liga pressiona, Governo pede calma


Regresso dos adeptos aos estádios na ordem do dia dPedro Proença diz que não compreende nem admite diferença


de tratamento em relação a outros espetáculos dMinistro Pedro Siza Vieira garante que estão a ser criadas condições


O


presidente da Liga Por-
tugal, Pedro Proença,
faz questão de manter
na agenda o tema do re-
gresso dos adeptos aos
estádios na próxima temporada,
insistindo na ideia de que não
compreende nem admite a dife-
rença de tratamento em relação a
outras atividades. «É para os adep-
tos que estamos a lutar e a traba-
lhar. Tudo faremos para que a pró-
xima época comece com eles.
Porque sem eles o futebol não exis-
te. Estamos em conversações com
a Direção-Geral da Saúde e com o
Governo», disse, na conferência
Futebol Profissional e Economia Pós-
-Covid-19, promovida pela pró-
pria Liga, em Oeiras.
Foi já à margem do evento que
endureceu o discurso, a propósi-
to do Grande Prémio de Fórmula
1, a 25 de outubro, em Portimão,
que terá espectadores. «Obvia-
mente que não compreendemos
que o futebol possa ser tratado de
forma diferente. Não compreen-
demos, nem iremos admitir, e por
isso é nossa convicção que a pró-
xima época comece com público
nos estádios», vincou, lembran-
do que a temporada que agora ter-


minou foi «atípica» e deixa «se-
quelas» para 2020/2021.
O Ministro da Economia e Tran-
sição Digital, Pedro Siza Vieira, que
também marcou presença na refe-
rida conferência, assumiu que o
Governo está a tentar «criar con-

Por
GONÇALO GUIMARÃES

condições sanitárias. Estamos fo-
cados em dar passos seguros que
permitam controlar o contágio. O
que não queremos que aconteça é
promover o regresso do público
aos estádios e depois ter de voltar
atrás e fechar as portas. Seria ain-

da pior. Estão a ser criadas condi-
ções para um contexto que será
difícil», justificou, consciente das
«consequências económicas gra-
ves» para o futebol, mas pedindo
que, como até aqui, se mantenha
o «esforço articulado» perante as
«muitas limitações que continua-
rão a existir».
O secretário de Estado da Ju-
ventude e do Desporto, João Pau-
lo Rebelo, igualmente presente no
evento, manifestou a certeza de
que «os artistas do espetáculo des-
portivo merecem ter público», mas
também voltou a sublinhar que «o
comportamento do público a as-
sistir a uma peça de teatro ou a um
concerto é substancialmente dis-
tinto do comportamento do pú-
blico num espetáculo desportivo e
particularmente num jogo de fu-
tebol». Em todo o caso, ficou o de-
sejo de que isso aconteça «o mais
brevemente possível», sem timing.
«Ninguém está em condições de
dizer se é já no início da época ou
um pouco mais à frente, mas es-
tamos empenhados para que acon-
teça e para que não comprometa a
saúde pública.»
Recorde-se que o campeonato
arranca no fim de semana de 20
de setembro, uma semana depois
da Liga 2. O sorteio realiza-se a 28
de agosto.

Pedro Siza Vieira, ministro da Economia e Transição Digital, e Pedro Proença, presidente da Liga Portugal

LIGA PORTUGAL

dições» para que o futebol volte a
ter espectadores, mas sem pro-
messas ou prazos. «O Governo não
tem uma resposta sobre como e
quando os adeptos poderão voltar
aos estádios. É um processo que
está dependente da evolução das

Futebol


LIGA

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