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çVai defrontar o AEK na final
da Taça da Grécia [estava previs-
to realizar-se hoje mas foi adia-
da]. A preparação não tem sido
fácil...
PEDRO MARTINS – A equipa está
bem, dentro das condicionantes
que existem. Este jogo deveria ter
sido disputado no fim da última
época, mas por razões que nada
têm a ver com desporto não acon-
teceu. Vamos ter de utilizar os jo-
gadores da temporada passada e a
verdade é que já perdemos al-
guns, nomeadamente os laterais
- Elabdellaoui, Tsimikas e Bruno
Gaspar –, que eram fundamentais
no nosso processo. Vamos ter de
nos adaptar a uma nova realidade
para esta final. É o que é e temos de
encontrar soluções para estes
problemas. Não estaremos na
máxima força para este jogo mas
estamos confiantes na vitória.
- O Olympiacos jogou a última
jornada do campeonato a 19 de
julho, defrontou o Wolverhamp-
ton no dia 6 de agosto e agora irá
defrontar o AEK. Em que medida
é que este espaçamento entre jo-
gos foi um desafio na preparação
da equipa?
PM – Tem sido um desafio desde o
início do ano, mas para todos, não
só para mim. A final estava mar-
cada para uma semana depois do
campeonato e não estávamos à
espera que fosse anulada. Since-
ramente, ainda tenho alguma di-
ficuldade em perceber por que
motivo é que o jogo não se reali-
zou naquela altura... São questões
fora do desporto e que não ajudam
o futebol grego. Não houve muita
competência por parte das pes-
soas e acabámos por não jogar.
Aqui na Grécia, infelizmente, não
olham para a Taça como deviam.
Em Portugal ou em Inglaterra,
por exemplo, é a prova rainha,
mas aqui não veem dessa forma,
infelizmente.
+ Quanto ao campeonato, a fes-
ta do título teve de ser mais co-
medida, devido às medidas de se-
gurança?
PM – Foi diferente porque não es-
távamos no nosso estádio na de-
cisão e no último jogo nem tínha-
mos adeptos. Mas demos uma
volta pela cidade e sentimos a for-
ça do clube e o carinho dos adep-
tos. Percebemos a importância
que este campeonato teve, foi ga-
nho com justiça. Estivemos a um
nível em que não demos hipóteses
aos nossos adversários.
+ Somou apenas uma derrota na
liga grega, frente ao PAOK. Fi-
cou-lhe atravessada...
PM – Queríamos acabar a época
sem derrotas, era esse um dos ob-
jetivos a partir do momento em
que garantimos a entrada na Liga
dos Campeões. Mas a cinco jorna-
das do fim já éramos campeões e
não foi fácil manter acesa a chama
dos jogadores e motivá-los. Que-
ríamos atingir esse objetivo se-
cundário, mas não trocava esse
resultado negativo com o PAOK
por aqueles que nos permitiram
ganhar o campeonato e estar na
final da Taça da Grécia.
E
ENTREVISTA
ENTREVISTA PEDRO MARTINS
O treinador, de 50 anos, tem preparado a equipa para a final da Taça da Grécia,
com o AEK, novamente adiada devido a um caso de Covid-19 no Olympiacos.
A temporada, confessa, tem sido marcada por um período de aprendizagem
+ Esta foi a temporada mais difí-
cil da sua carreira, por tudo o que
a envolveu?
PM – Foi a mais diferente, isso
sim, porque a determinada altura
deixámos de ter o controlo. E um
treinador de futebol gosta sempre
de ter o controlo das coisas, faz
parte do nosso ADN. A pandemia
deu-nos uma enorme lição, mos-
trou-nos que não controlamos
absolutamente nada. Tivemos de
nos adaptar a uma nova realidade
e ser mais flexíveis e inteligentes.
Houve coisas negativas e preocu-
pantes, claro, mas este tipo de
adaptabilidade é uma das coisas
boas que pudemos aprender com
tudo isto. No meu caso, já começo
a olhar para as pré-épocas de uma
forma diferente. É curioso, mas
isto pode ajudar-nos a evoluir
para outros patamares. Podemos
crescer noutros aspetos.
+ Pode explicar melhor essa sua
nova visão sobre as pré-épocas?
PM – As pré-épocas convencio-
nais, na minha opinião, vão dei-
xar de fazer sentido. Os treinos
bidiários ou com cargas de grande
volume... Agora estivemos cerca
de dois meses parados e não fize-
mos uma pré-época convencio-
nal porque tínhamos de preparar
a equipa para competir em apenas
três semanas. Não é normal. Não
fiz treinos bidiários e a equipa deu
uma resposta fantástica, melhor
do que se tivesse feito uma pré-
-época normal. Estou a pensar
seriamente em mudar estes aspe-
tos de forma radical. Ao fim de
dois ou três treinos todos os meus
jogadores já se lembravam do
processo e foi rapidamente im-
plementado. É excelente, porque
“O CAMPEONATO FOI GANHO
COM JUSTIÇA. ESTIVEMOS
A UM NÍVEL EM QUE NÃO DEMOS
HIPÓTESES AOS ADVERSÁRIOS”
“AS PRÉ-ÉPOCAS CONVENCIONAIS,
NA MINHA OPINIÃO, VÃO DEIXAR
DE FAZER SENTIDO. VOU MUDAR
ISTO DE FORMA RADICAL”
“A“A PANDEMIA PANDEMIA
DEUDEU-NOS UMA -NOS UMA
ENENORME LIÇÃO” ORME LIÇÃO”
PEDRO PONTE
PEDRO MARTINS