Exame - Portugal - Edição 437 (2020-09)

(Antfer) #1
SETEMBRO 2020. EXAME. 101

“REFORÇÁMOS FORTEMENTE O USO
DA TECNOLOGIA E DAS DIFERENTES
FERRAMENTAS DIGITAIS”

“A QUESTÃO
DA PAN DE M IA
FEZ COM QUE
VIVÊSSEMOS
AS CASAS
DE MANEIRA
DIFERENTE”

esta utilização mais inclusiva
da casa que a pandemia im-
pôs veio reforçar em muito a
importância de aspetos que
antes eram secundários, dos
quais se destacam a criação
de um espaço privado para
trabalho e a maior valoriza-
ção dos espaços exteriores.


A JLL fez recentemente o
estudo Teve a pandemia da
Covid-19 impacto nas ne-
cessidades habitacionais?.
Que conclusões foram mais
surpreendentes?
Diria que foi o facto de, ape-
sar de não ter vindo trazer
alterações de fundo no estilo
de vida dos consumidores, a
pandemia ter efetivamente
mudado a forma como olha-
mos a nossa casa. Emergiu
uma clara preocupação com
as questões relacionadas
com o bem-estar e o lazer,
em contraponto ao pré-co-
vid, quando os critérios de
procura de casa eram mais
marcados por uma perspe-
tiva utilitarista e quotidiana.
Essa questão de darmos à
nossa casa usos que estavam
praticamente esquecidos, e
termos que o fazer de forma
simultânea, veio criar neces-
sidade de novos espaços. Pelo
aumento do número de horas
que passamos em casa e pela
crescente integração do tele-
trabalho, termos um espaço
exterior privado e um escri-
tório doméstico emergiram
como duas “novas” neces-
sidades. Não são novidades
na lista de critérios que já se
consideravam na procura de
casa, mas o estudo mostrou
que com a pandemia ganha-
ram uma importância nunca
vista. De tal forma que emer-
gem também como os prin-
cipais alvos de ajuste para
quem já tem casa.


Que tendências prevê nas
casas e nos escritórios no
pós-Covid-19?
A grande tendência quer nas
casas quer nos escritórios
será a nível da reorganiza-
ção do espaço, decorrente das
necessidades que a pandemia
veio colocar em evidência. Na
habitação, como referi, esta-
mos a falar de uma maior
integração de espaços exte-
riores (que, aliás, era uma
tendência já em curso antes
da pandemia) e de áreas de-
senhadas já a pensar na reali-
zação de tarefas profissionais
em casa, numa das faces do
teletrabalho.
Nos escritórios, temos a outra
face do teletrabalho, nomea-
damente a reestruturação
dos espaços presumindo uma
utilização menos densificada
do escritório. Naturalmente,
os espaços de trabalho indivi-
dual tenderão a ser mais fle-
xíveis, ao mesmo tempo que
haverá uma maior aposta nos
espaços de uso comum e de
trabalho em equipa.

Qual a visão da JLL para a
mediação imobiliária do
futuro, tendo em conta a
transformação digital de

que também este sector tem
sido alvo?
A mediação do futuro tem
que ser inovadora a nível tec-
nológico, sem perder a capa-
cidade do contacto e acom-
panhamento personalizado
do cliente. A pandemia veio
acelerar a digitalização des-
te sector, com um uso mais
intensivo das ferramentas di-
gitais quer a nível de marke-
ting e vendas quer a nível dos
próprios processos adminis-
trativos. Isso permitiu criar
uma oportunidade no atual
momento de crise, mas tem
sido também um ótimo tes-
te-piloto para o futuro. Num
mundo cada vez mais digi-
talizado e globalizado, com
clientes de toda a parte do
planeta, esta poderá ser uma
solução a utilizar com maior
frequência em alguns mo-
mentos da negociação. Isso
permitirá poupar tempo aos
nossos clientes e investido-
res, além de otimizar o tra-
balho das nossas equipas. Já
sentimos esse reflexo no au-
mento de reuniões digitais
preparatórias, que antecipam
as viagens dos clientes inter-
nacionais (logo que se nor-
malizem as viagens aéreas),
mas não deixa de ser curioso
que os clientes mantenham
o interesse e gosto em reunir
pessoalmente, seja no nosso
escritório ou nas visitas pre-
senciais às nossas casas.

Quais as vossas apostas para
este ano: sector residencial,
escritórios, espaços comer-
ciais...?

A nossa aposta não é seto-
rial. Temos uma visão 360º
do mercado e é com essa pos-
tura que continuamos, com o
objetivo de manter níveis de
atividade sólidos em todas as
áreas de negócio, obviamen-
te que no contexto da atual
conjuntura do mercado. Nas
áreas transacionais estamos
muito focados em contri-
buir para a retoma rápida
da atividade do sector imo-
biliário português e também
acreditamos que o segundo
semestre vai já trazer uma
dinâmica renovada à venda
de casas, ocupação de escri-
tórios e também ao investi-
mento. As áreas de negócio
não transacional também
estão bem preparadas para
dar resposta aos proprietá-
rios, investidores e ocupan-
tes que estão (ou querem es-
tar) ou continuam ativos no
mercado. Na atual conjun-
tura, estas linhas de serviço
têm também um papel muito
importante para a retoma do
mercado, por exemplo a nível
de consultoria estratégica ou
de avaliações.

Quais as ambições da
JLL para 2021?
Queremos estar ao lado dos
nossos clientes, das nossas
pessoas e da comunidade,
ao mesmo tempo que con-
tribuímos para impulsionar
o mercado imobiliário portu-
guês de forma a recolocá-lo
no ponto promissor de onde
partiu em inícios de 2020. O
mercado português não per-
deu os fatores distintivos e
estamos muito bem posicio-
nados para (re)captar investi-
mento internacional logo que
se comece a reativar a ativi-
dade a nível global. Quere-
mos ter um papel ativo nes-
sa retoma.
Free download pdf