Crusoé - Edição 124 (2020-09-11)

(Antfer) #1

para solucionar a questão era por meio da AGU e da Casa Civil, recorrendo aos serviços
dos “amigos de Adriano Maia”. O intermediário em questão, concluem os
procuradores, é Sérgio Renault.


É nesse contexto que, depois de saber que Toffoli havia visitado o Supremo para tratar
da inclusão na pauta da corte de um processo que poderia colocar um fim na questão,
o que ia no sentido contrário ao interesse da empresa, Marcelo escreve a outros
executivos, com cópia para Adriano Maia: “AM precisa falar com o amigo. Ele não quer
o dele?”. Os investigadores leram a mensagem como uma indicação de que Marcelo
queria que Adriano acionasse Toffoli. Sobre a pergunta “ele não quer o dele?”,
chegaram a escrever em um dos expedientes da apuração: “Não se mostra necessário
fazer maiores ilações para inferir o significado dessa corriqueira expressão: ele deixa a
entender que essa conduta do então AGU, contrária aos interesses da Odebrecht,
impediria que ele recebessse algum benefício (DGI) da empresa”. Nessa troca de
mensagens, há um detalhe curioso: Adriano Maia, ao responder a Marcelo,
simplesmente apaga da mensagem do chefe a pergunta. Os procuradores escreveram:
“A expressão ‘ele não quer o dele?’ mostrou-se tão explícita que o próprio Adriano
Maia – ao responder a mensagem de Marcelo Odebrecht confirmando que teria uma
reunião no dia seguinte para ‘tratar do tema’, isto é, tratar do seu amigo Toffoli, faz
uma pequena (mas sintomática) alteração no conteúdo dos e-mails copiados,
justamente excluindo aquela frase”.


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Àquela altura, a Odebrecht queria que o Palácio do Planalto mantivesse, sem vetos, o
texto de uma medida aprovada a fórceps pelo Congresso que contemplava o pleito da
companhia. Ao mesmo tempo, queria empurrar o julgamento do tema no Supremo, o
que poderia jogar o plano por terra. A essa altura, Marcelo Odebrecht escreve: “Se for
para resolver (o problema que ele criou no S e os vetos) acho que T e R valem até
mesmo o número da chantagem deles”. A antiga equipe da Lava Jato na PGR relaciona
“T” a Toffoli e “R” a Renault, um dos dois intermediários. O próprio Marcelo
Odebrecht diz que Toffoli credenciou o advogado como seu interlocutor. O “número da

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