Clipping Banco Central (2020-09-15)

(Antfer) #1

Mão grande


Banco Central do Brasil

Correio Braziliense/Nacional - Opinião
terça-feira, 15 de setembro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

Clique aqui para abrir a imagem

Autor: ANDRÉ GUSTAVO STUMPFJornalista


As polícias e o Ministério Público assumiram
protagonismo inédito na política nacional. No Rio de
Janeiro, a cada dia, ocorre um espanto. O prefeito é
acusado pelo Ministério Público. O governador está
afastado por seis meses. O vice-governador também
está às voltas com acusações pesadas. Um candidato a
prefeito está na condição de réu. Os cinco últimos
governadores estão presos ou estiveram na cadeia em
tempos recentes. Foram atingidos personagens da
política carioca, como Cristiane Brasil, filha de Roberto
Jefferson, que se apresentou voluntariamente aos
policiais. Está presa.


Confusão absurda. A regra básica na convivência entre
os antagônicos no cenário carioca é a propina. Todo
mundo mete a mão. O prefeito Marcelo Crivella, que é
pastor evangélico de alto coturno, não se conteve
dentro da temperança sugerida nos sermões. Chegou
ao cúmulo de telefonar para seu secretário Rafael Alves
para saber da situação da operação de busca e
apreensão na Riotur. Quem atendeu ao telefonema foi o
delegado que estava executando a operação. Ridículo.


O Secretário de Educação, Pedro Fernandes, não está
atrás das grades porque foi infectado pela covid-19.
Ficará em casa até se recuperar.

Enfim, no Rio, toda a cúpula da política local está
caminhando aceleradamente na direção do xilindró.
Verdade que o fenômeno não ocorre somente na antiga
Cidade Maravilhosa, hoje, dominada por traficantes de
drogas, milicianos e políticos corruptos. O ex-
governador Sérgio Cabral, grande ladrão, espécie de
ícone na especialidade, está condenado a quase 300
anos de reclusão. Ele mostrou-se frio, impetuoso,
objetivo na tarefa de assaltar os cofres cariocas. Foi
investidor obsessivo em joias, obras de arte, ouro,
títulos no exterior e manteve dinheiro em paraísos
fiscais.

O cenário no Rio de Janeiro é pavoroso. Mas os
cariocas não possuem a exclusividade no quesito
corrupção. Há profundas preocupações com o ocorrido,
por exemplo, no estado do Pará. O governador Helder
Barbalho comandou pessoalmente a compra dos
respiradores para atender os infestados pelo vírus. Os
poucos aparelhos que desembarcaram em Belém
estavam fora das especificações. Não foram utilizados.
Em Santa Catarina, a situação também não é das mais
cristãs. No Distrito Federal, a cúpula da Secretaria de
Saúde foi afastada depois de uma operação de busca e
apreensão. O ex-secretário está na Papuda.

Um divórcio no estado de Mato Grosso revelou o
descontrole orçamentário do estado. O desembargador
Dirceu dos Santos, do TJMT, foi obrigado a dividir
recursos e bens com a ex-esposa, Maria Souza da
Silva. O processo revelou que ele possui mais de R$ 18
milhões em bens, fazendas, apartamentos, imóveis de
todos os tipos inclusive, um em Miami, Flórida. Outra
curiosidade revelada no processo é a de que o salário
médio dos desembargadores naquele estado situa-se
em torno de R$ 50 mil, acima do teto constitucional. O
que ocorre em quase todos os tribunais no país.

Nesse cenário tumultuado e viciado em todo o país,
Free download pdf