Placar - Edição 1467 (2020-09)

(Antfer) #1

22 set | 2020


Oito horas da noite, dia 28 de
janeiro de 1971. O Suriname
Stadium, com capacidade pa-
ra 13 000 pessoas e único em
Paramaribo, começa a viver
os momentos mais importan-
tes de sua história. Dentro de
alguns minutos Pelé estará
começando a jogar a sua milé-
sima partida, além de ajudar,
com a sua presença, para a
queda do índice de mortes por
acidentes de trânsito na cida-
de. Com o lucro desse jogo os
organizadores vão iniciar a
construção de um viaduto,
perto do mercado, onde, no
ano passado, houve 104 mor-
tes. O Transvaal, campeão lo-
cal, é o primeiro a entrar em
campo: uniforme verde, com
algumas listras finas. Às 8h10,
tendo Pelé como “capitão”, o Santos aparece e ganha mais aplausos. Como
é uma partida especial, os jogadores não ficam um ao lado do outro: for-
mam um círculo e, no meio dele, fica Pelé. O estádio inteiro, inclusive o
primeiro-ministro, o representante da rainha e as demais autoridades de
Paramaribo, não para de gritar o nome de Pelé.
Ele ganha taças e lembranças. O primeiro-ministro anuncia que PLACAR
vai entregar a Bola de Prata ao atacante, na última homenagem antes do
início do jogo. Pelé veste a camisa de PLACAR e posa ao lado do time do
Transvaal. No estádio, um torcedor está bastante nervoso. Ele é Marius Pi-
nas, que é chamado de “Pinas Pelé” por seus amigos, tão grande é sua
admiração pelo brasileiro. Marius tirou três dias de licença da firma onde
trabalha “para acompanhar Pelé e tirar uma foto ao seu lado, para comple-
tar a minha felicidade”. Como ele, o restante do estádio está impaciente.
São 31 minutos do segundo tempo e Pelé não fez o seu gol. Mas, nesse
momento, Edu, depois de driblar vários adversários, é derrubado na área.
O bandeirinha confirma que foi dentro da área. É o bastante para o estádio
todo começar a gritar “Pelé, Pelé”. Com muita calma, ele caminha para a
marca do pênalti. O juiz apita, Pelé corre para a bola, dá a “paradinha”,
chuta no canto direito e o goleiro Baron cai para o esquerdo. Depois, com a
mesma tranquilidade, caminha para o meio do campo. ƒ

pelé 80 RECORDES


PLACAR acompanhou com exclusividade o
milésimo jogo de Pelé. Foi num pequeno estádio
em Paramaribo, a capital do Suriname. E o
repórter e fotógrafo Lemyr Martins estava lá

uma noite


de festa


Publicado em 5 de fevereiro de 1971

Pelé e seus troféus, no gramado
(a cim a), e o cartaz anunciando
o grande jogo: expectativa
por mais uma marca histórica
do maior de todos

LEMYR MARTINS

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