ralizada permite fazer o grupo viver de maneira mais rica e mais complex:a
compatível com seu volume, estrutura e densidade, ao passo que na troca
restrita, conforme vimos, o grupo nunca pode funcionar como um tOdo
ao mesmo tempo no espaço e no tempo. É obrigado, ao contrário, que;
do ponto de vista do espaço (grupos locais), quer do ponto de vista do
tempo (gerações e classes de idade), quer também dos dois pontos de
vista ao mesmo tempo, a funcionar como se fosse dividido em unidades
mais restritas, embora articuladas entre si pelas regras da filiação. Estas,
contudo, só conseguem restabelecer a unidade estendendo-a, por assim
dizer, no tempo, ou, em outros termos, à custa de uma perda que é a
perda de tempo.
Ao contrário, a troca generalizada ganha "em todos os lances", cOm
a condição, está claro, de aceitar o risco inicial. Mas não é somente
neste sentido que se pode ver nela o aspecto de jogo. Originada de uma
especulação coletiva, a troca generalizada atrai, pela multiplicidade das
combinações que autoriza e pelo desejo de garantia que desencadeia, as
especulações particulares e privadas dos parceiros. A troca generalizada
resulta do jogo e atrai o jogo. Porque é possivel o individuo precaver-se
duplamente contra o risco de modo qualitativo, multiplicando os ciclos
de troca de que participa, e de modo quantitativo, acumulando as pren·
das, isto é, procurando açambarcar o maior número possível de mulheres
da linha que faz as prestações. O alargamento do circulo dos aliados e
a poligamia aparecem pois como corolários da troca generalizada (em-
bora não sejam exclusivamente características desta). E a poligamia é
tanto maís tentadora quanto a obrigação se aplica, conforme vimos, a
todas as mulheres de uma linhagem, e não a um grau determinado de
parentesco. Noutras palavras, a troca generalizada parece particularmente
harmonizar-se com uma sociedade de tendências feudais, mesmo muito
grosseiras. Em todo caso, deve, pelo simples fato de existir, desenvolver
estas tendências e impelir a cultura. considerada na direção correspon-
dente. É o fenômeno que formulamos de maneira mais abstrata, apre-
sentando talvez sua razão teórica, quando mostramos que a troca ge-
neralizada só pOde nascer em um regime harmônico. Um sistema social
de tendências feudais, colocado em um regime desarmônico, apareceria
com efeito como uma espécie de contradição.
Mas aqui tocamos na própria natureza da oposição interior ao siso
temà Katchin. A troca generalizada supõe a igualdade, e é fonte de
desigualdade. Supõe a igualdade, porque a condição teórica de aplicação
da fórmula elementar é que a operação c casa-se com A, que fecha o
ciclo, seja equivalente à operação A casa-se com b, que o abriu no início.
É preciso, para que o sistema funcione harmoniosamente, que uma
mulher a valha uma mulher b, uma mulher b valha uma mulher c, e a
mulher c valha uma mulher a, isto é, que as linhagens A, B, e C tenham
a mesma situação e o mesmo prestígio. Ao contrário, o caráter especula-
tivo do sistema, o alargamento do ciclo, o estabelecimento de ciclos
secundários entre certas linhagens empreendedoras, em seu proveito, e
finalmente a preferência inevitável por certas alianças, que terá como
divida poderia assim crescer até trezentos rel, equivalentes a um grande búfalo, mas
não pode ultrapasar este limite.
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