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CAPiTULO XX
A Ordem Tchao M ou
Nesta análise do sistema de parentesco chinês seguiremos principalmente
o trabalho de Han Yi Fêng,' e adotaremos sua transcrição dos termos.
Deixando de lado alguns termos, ou certos usos dos termos que estão
ligados à utilização no discurso (Ureferential modifiers" e "vocatives" de
Fêng), é possivel dizer que o sistema chinês apela para dois tipos de
termos, termos elementares ("nuclear terms"), e termos determinantes
("basic modifiers OI) •
Vimos no capítulo anterior que Granet procura reduzir os termos
elementares a oito, grupados em quatro pares, a saber, pai. mãe, que
se opõem a filho, filha; e irmão da mãe, irmã do pai, que se opõem a
filho da irmã, filha do irmão. Acrescenta a esta lista os termos, igualmente
elementares, mas não imediatamente exigidOS para sua demonstração,
que distinguem a geração do indivíduo em mais velhos e mais moços.
Kroeber,' comentando o estudo de Chen e Shryock sobre o mesmo assun·
to," conserva vinte e dois ou vinte e cinco termos, que considera ele-
mentares. Fêng apresenta vinte de três que são:
tsu pai do pai, ascendente;
sun filho do filho, descendente;
lu pai, homem da geração anterior à do indivíduo;
- The Chinese Kinship System. Harvard Journal 01 Asiatic Studies, voI. 2, n.
2, 1937. Devemos desculpar·nos diante dos sinólogos pelo emprego, que fazemos neste
capitulo e nos seguintes, de transcrições pouco conformes com as tradições de Es-
cola Francesa. Mas, em um trabalho de sociologia comparada, não estávamos obri-
gado a considerar o problema da transcrição dos nomes e termos tndfgenas em
conjunto, dando-lhe, em todos os lugares, a solução que nos parecia ao mesmo
tempo mais simples e mais de acordo com o uso dos etnólogos. É sabido que estes
procuram, tanto quanto possfvel, adaptar-se à transcrição da testemunha. Assim, a
etnologia, e mesmo a lingüística americanas, mantêm-se fiéis a denominação tais
como Iroquois, Sioux, Huron, etc., que são transcrições francesas, de pequeno valor
fonético, mas que são as dos primeiros observadores. O uso internacional consa-
gra igualmente a transcrição Chukchee (que só se explica relativamente ao inglês),
porque é a de Bogoras, nossa melhor autoridade sobre este grupo, e a transcrição
Gilyak devida a um observador russo. Os exemplos poderiam ser multiplicados. No
caso das transcrições chinesas, nossa posição era tanto mais delicada quanto, ape-
lando sobretudo para autores chineses que escolheram deliberadamente exprimir-se
em inglês, e utilizar transcrições inglesas, qualquer alteração nos apareceria como
injustificável liberdade com relação aos informadores indigenas (no caso, eminentes
sábiOS), e contrária à melhor tradição etnológica. Todas as vezes que recorremos
simultaneamente a fontes que utilizam transcrições diferentes, procuramos dar, entre
parênteses, as principais equivalências. - Process in the Chinese Kinship System. American Anthropologist, voI. 35, 1933.
- American Anthropologist, vaI. 34, 1932.
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