sua categoria, culto a quatro ou a sete gerações de antepassados. A sé-
tima geração representa o limite absoluto do culto, assim como na índia o
limite absoluto da proibição do casamento, e também do culto. Lembramo_
nos que na China o luto se extingue na quinta geração e que, entre os
Shang, o limite da exogamia era também fixado na quinta geração. Ora,
o sacrifício pinda completo engloba igualmente quatro gerações (com a
diferença, na contagem, que a índia compreende a geração do oficiante,
enquanto a China conta partindo do primeiro antepassado), e a exogamia
dos maternos termina na quinta geração. Nos ritos funerários, o ante-
passado da quinta geração (bisavô do pai) confunde-se com os antepassa-
dos míticos e perde o direito a um culto particular. '" exatamente como,
no templo ancestral chinês, as tabuinhas dos antepassados anteriores ao
bisavô do pai são misturadas em um cofre de pedra. sob o nome cole-
tivo de tsu. Um mesmo sistema conceitual de base quinária parece subja-
cente a esses ritmos familiares. O pensamento chinês conhece cinco cores,
cinco sons, cinco sabores, cinco perfumes, cinco notas, cinco direções,
cinco planetas. ,,, A índia distingue cinco povos no mundo, cinco pontos
cardeais. O homem tem cinco "fôlegos", o mundo é feito de cinco elementos
mortais e de cinco imortais. :,,,
Há mais. Held relata, de acordo com um estudo de Caland, qual é
a orientação prescrita no ritual. O leste está na frente, o sul à direita,
o oeste atrás do oficiante, Mas o norte não é considerado como estando à
esquerda, porque é uma das regiões dos Deuses, que não podem estar
à "esquerd~".; porque o lado direito é o lado propicio, e o esquerdo, o
lado nefasto. O leste é a região divina por excelência, e dai o uso de
marcar o re'çinto sacrificial com linhas traçadas somente de três lados,
sendo deixado aberta a parte da frente que dá para o leste. '"
Todos estes caracteres coincidem notavelmente com a ordem tehaa
mou, exceto a inversão respectiva do norte e do sul. No templo feudal,
o antepassado fundador é realmente colocado a leste, mas tem o filho ao
sul, isto é, à sua esquerda (tehao) e o neto ao norte, isto é, à sua direita
(mau). Como nos lembramos, tehao é o lugar mais honroso, mau vem
somente em segundo lugar. Mas a coincidência entre orientação hindu e
orientação chinesa toma-se completa se notarmos que o sistema chinês
é orientado em relação ao fundador, enquanto o sistema hindu é orien-
tado com relação ao oficiante. A direita e a esquerda são, pois, investidas,
porque a perspectiva não é a mesma. Na realidade, as duas estruturas
são idênticas.
Acrescentemos a estes fatos as múltiplas indicações em favor da hi-
pótese do casamento com a prima cruzada matrilateral na índia antiga.
O Rigveda diz: "Eles te ofereceram gordura misturada com ghi, é tua
parte, como a filha do tio materno ou a filha da tia paterna são tua
parte no casamento"." Entre os Purana, o casamento de Arjuna ocupa
um amplo lugar. Ora, Arjuna esposa Subhadra, irmã de Krishna, e Subha-
dra é filha de Vasudeva, irmão de Kunti, mãe de Arjuna. :" Sem dúvida,
em outras versões, o tio materno de Arjuna chama-se Kamsa, apresen-
- Held, p. 96, 134.
- D. BOdde, Types of Chinese Categorical Thinking. Journal of the American
Oriental Society, voI. 59, 1939, p. 202. - Held, p. 120·121. 51. Held, p. 139.
- Citado por Karandikar, p. 14. - Cf. Hutton, Caste in India, p. 54.
- Karandikar, p. 21. Held, p. 161, 177, 187.
448