Pedro Luiz de Oliveira Costa Neto - Estatística (2002, Editora Blucher) - libgen.lc

(Flamarion) #1

CONCEITOS FUNDAMENTAIS 87


superior a 48,684 kg, aceitaremos a hipótese H 0 ao nível a= 5% de significância. (Isso


implica automaticamente que H 0 será também aceita se o nível de significância adotado for
a= 1%.) Se, por outro lado, tivermos 48,139 kg< x < 48,684 kg, a hipótese H 0 será
rejeitada ao nível a= 5%, porém não o será ao nível a= 1 %. Isso significa que, se admitimos
realizar o teste sujeitos a um risco de 5% de probabilidade de cometer o erro tipo I, a evidência
amostral terá sido signjficativa no sentido de permitir a rejeição da hipótese H 0. Se, porém,
houvéssemos exigido um risco de apenas 1 % de probabilidade de cometer o erro tipo I, essa
evidência, embora talvez sugestiva, ainda não teria sido significativa a esse nível de
significância.

· Vemos, através do exemplo anterior, como a decisão de se aceitar ou rejeitar a hipótese
testada H 0 pode depender do nível de significância adotado. Um resultado experimentalmente
obtido pode ser ou não significante, dependendo do a fixado, daí o chamarmos de nível de
significância. Um resultado significativo a um determinado nível a nos levará à rejeição da
hipótese H 0 , pois admitiremos que, a menos de um risco pré-fixado a, ele é incompatível
com a hipótese H 0 J21

Por outro lado, se o valor experimental da variável de teste cair na região de aceitação,
não terá havido, no nível a considerado, evidência significativa suficiente para a rejeição
da hipótese H 0 , a qual deverá, portanto, ser aceita. Note-se que, nesse caso, estaríamos
sujeitos a cometer o erro tipo II, cuja probabilidade é um certo f3 de que ainda não tratamos.
Se providências não tiverem sido tomadas, conforme veremos em 5.3.3, no sentido de
controlar a probabilidade f3 do erro tipo II, então a aceitação da hipótese H 0 não será
acompanhada de uma avaliação probabilística da possibilidade de erro, conforme sempre
ocorre no caso de chegar-se à rejeição de H 0 (pois o nível de significância a será sempre
pré-fixado). A aceitação de H 0 , portanto, corresponde, em geral, à insuficiência de evidência
experimental, ao nível de significância desejado, para se chegar à sua rejeição. Essa aceitação,
como o próprio termo sugere, não deve ser entendida como uma afirmação de H 0.

Esse caso ocorre freqüentemente na prática. Tendo em vista isso, a própria terminologia
adotada vem de encontro ao exposto, pois r<;jeitar é um verbo forte, ao passo que aceitar é
um verbo fraco. Se rejeitamos H 0 , é porque estamos estatisticamente convencidos, ao nível
de significância a, de que estamos certos, ao passo que, se aceitamos H 0 , em geral essa
aceitação não representa uma afirmação estatisticamente forte.

Uma análise qualitativa, entretanto, pode ser feita. No nosso exemplo, considerada a
Fig. 5.2, onde x = 48,139 kg, aceitaríamos H 0 quer x fosse igual a 48,2, a 48,9 ou a 53,4.
No primeiro caso, a aceitação se daria em uma situação em que ficaríamos desconfiando de
estarmos cometendo o erro tipo II; no segundo, essa aceitação praticamente corresponderia
a uma comprovação de H 0 pela igualdade e, no terceiro, a uma situação em que aceitaríamos
H 0 tendo uma forte sugestão de que, de fato, temos μ > 50 kg.


Deve-se notar, também, que a gravidade relativa de cada tipo de erro depende do
problema real existente em cada caso. Assim, em nosso exemplo, se o estoque de parafusos
fosse baixo, poderia ser mais grave perder a oportunidade de ficar com um lote bom do que
aceitar um lote não muito longe de estar dentro da especificação. Inversamente, deve ser
mais grave aceitar-se um lote bastante fora da especificação do que injustiçar o fornecedor
rejeitando de um lote correto.

12 1 A idéia implícita nessa frase pode, em tennos possivelmente mais simples, ser colocada da seguinte
fonna: sendo verdadeira a hipótese H 0 , a probabilidade de se obter um valor experimental significativamente
incompatível com H 0 (ou seja, um valor experimental que caia na região crítica) é pequena, fixada em a.
Logo, se obtivennos um valor experimental que caiu na região critica, será pouco provável que a hipótese H 0
seja verdadeira; rejeitamos então H 0 com bastante convicção, a qual será tanto maior quanto menor o nível
a adotado. Deve-se notar que, a rigor, a não é a probabilidade de erro ao se rejeitar H 0 •

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