ufanista que o segundo. Argumentei que não poderiam fazer a campanha
daquele jeito, pois seria um equívoco tratar a pandemia da covid-19 do ponto
de vista nacionalista e otimista. Tive que pedir para não dizerem que era só
mais uma gripe. “Parem com isso!”, concluí.
Wajngarten não me ouviu, e já nem sei por que me surpreendi com isso.
Como ele disse que a campanha não iria custar nada, resolvi não interferir
mais. O que aconteceu na prática foi que depois de uma semana eles ligaram
para o Ministério da Saúde pedindo dinheiro para veicular a campanha. Eu
falei: “Negativo, vocês não falaram que ia ser gratuito?”.
“É, mas não vai rolar gratuito, precisa pagar.”
Eu respondi: “Bom, se precisa pagar, tem que licitar. Se tem que licitar, eu
não recebo nenhuma campanha vinda daí porque não fui eu que licitei. A não
ser que vocês queiram pagar com o dinheiro da Comunicação”.
Eles disseram que não tinham dinheiro e que a verba teria que sair do
Ministério da Saúde. Eu falei não. “Por aqui vai ter que ser licitada e, se eu
tiver que fazer isso, vou começar do zero.”
Percebi que naquele momento o Wajngarten queria muito mais fazer
propaganda para promover o governo e tentar diminuir a importância do
problema criando um clima ufanista do que propriamente orientar a
população. Seria muito mais lógico ter uma campanha de orientação, com a
proposta que tínhamos de peças simples, só com um locutor e letreiros, do
que aquilo. No fim, foi bom porque aquela parafernália ufanista acabou não
sendo veiculada em nenhum tipo de canal.
A essa altura, já estava absolutamente clara para mim a postura do
presidente de tirar o corpo fora de qualquer responsabilidade em relação à
pandemia. A negação e a recusa em ver os números eram apenas a ponta de
um iceberg, que no caso era a total falta de apoio ao Ministério da Saúde. Ao
mesmo tempo comecei a perceber uma enorme adesão da opinião pública às
antfer
(Antfer)
#1