dar um abraço. Eu estava muito impactado também. Falei que abraçaria uma
pessoa, e que esse gesto simbolizaria o meu abraço em cada um que estava
ali. Escolhi a Teresa, funcionária de carreira do ministério, uma pessoa de
sorriso largo, competente demais, e que é cantora também. Pedi que ela
cantasse “O que é, o que é”, do Gonzaguinha, e foi muito emocionante, todos
cantaram juntos, bateram palmas.
O vídeo do nosso abraço e da cantoria viralizou, e os críticos logo vieram
dizer que eu havia deixado o ministério cantando e descumprindo o
distanciamento. Eu sabia que tinha sido um erro, mas não consegui evitar.
Falei aos meus assessores que preferia antecipar a inauguração da foto na
galeria de ministros, porque eu não queria voltar ao ministério para isso,
depois de exonerado. Saíram correndo para arrumar uma foto minha, e a
Marilene conseguiu um retrato meu na Câmara dos Deputados da época em
que fui presidente da Comissão de Seguridade Social, de uns oito anos antes.
Pedi que colassem uma imagem de Santa Dulce dos Pobres atrás da foto, e
eles assim o fizeram.
Fiz um discurso muito emocionado ali, aqueles foram meus últimos
minutos dentro do ministério. “Lutemos, mas tenhamos sempre em mente
não esquecer os mais humildes, porque na hora que a gente falar ‘toca o
barco’, são eles os que podem ser as maiores vítimas dessa decisão.”
E fui embora. Muitos foram para minha casa comigo, e recebi uma
mensagem do cerimonial dizendo que no dia seguinte teria a transmissão de
cargo para o Nelson Teich.
Eu conhecera o Teich no ano anterior, em Londres, quando fui fazer uma
série de reuniões sobre os programas de genética e hemoderivados deles.
Nelson era amigo de Denizar Vianna, meu secretário de Ciência e
Tecnologia, que me acompanhava em Londres. Ele me perguntou se o Nelson
poderia se juntar à nossa comitiva, e ele conviveu conosco por dois dias,
antfer
(Antfer)
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