Sem pessoal para a verificação, do ponto de vista sanitário, nossas
fronteiras estão abertas. Há enormes portos e aeroportos no país, mas poucos
fiscais concentrados na saúde humana. O que há é muito fiscal de renda,
fiscal de mercadoria, fiscal policial. Mas para a área de biossegurança, quase
nada. Então a gente sabia que seria difícil.
O conjunto de informações necessárias para a vigilância num voo, por
exemplo, é enorme. Era preciso identificar num avião quem esteve na China,
ainda que tivesse feito uma conexão em Doha e depois pegado um avião em
Paris. Seria possível? Seria viável checar qual passageiro se sentou ao lado de
alguém que vinha de um lugar onde eventualmente poderia ter ocorrido o
contágio e, por consequência, ter trazido o vírus para o Brasil? Um avião, em
geral, tem trezentos lugares, e cada passageiro e tripulante têm um histórico
de viagens e de contatos. As possibilidades são infinitas. É muito difícil uma
vigilância atenta.
Diante das nossas limitações, resolvemos usar o critério da OMS.
Definimos que qualquer pessoa com sintoma e que tivesse estado na cidade
de Wuhan nos últimos catorze dias deveria ser considerada suspeita.
Com base na deliberação da OMS restringindo a epidemia a Wuhan,
concluímos que se tratava de um vírus “pesado”, ou seja, com baixa
capacidade de transmissão. Se o vírus estava restrito a uma cidade, mesmo
sendo a China um país de 1,5 bilhão de habitantes condensados num território
do tamanho do Brasil (que tem 210 milhões de habitantes), a lógica dizia que
o novo coronavírus não era eficiente em infectar pessoas.
E, de fato, as informações que chegavam afirmavam que as autoridades
sanitárias só estavam preocupadas com Wuhan. Em tese, a epidemia estava
sendo controlada.
Wuhan tem 12 milhões de habitantes e é uma cidade industrial com
entrada e saída de mercadorias o dia inteiro. Começamos a perguntar como
antfer
(Antfer)
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