Luiz Henrique Mandeta - Um Paciente Chamado Brasil

(Antfer) #1

com medo da pandemia. Tive de ir às casas do Rodrigo Maia e do David
Alcolumbre para solicitar que não fechassem o Congresso, pois a vontade
deles era suspender os trabalhos e fazer um recesso prolongado.
A Câmara brasileira é uma das mais abertas do mundo. Num dia de sessão
intensa, que atrai vários segmentos da sociedade e imprensa, chegam a passar
20 mil pessoas por ali. Nos outros países, é praxe um certo distanciamento do
parlamentar com outras pessoas. No Brasil não é assim, não há barreiras de
segurança. Falar em biossegurança, então, é impraticável.
Falei aos dois que precisaria demais da Câmara e do Senado funcionando
para poder enfrentar a crise que se avizinhava. Ponderei que ter o Congresso
fechado durante uma situação emergencial daquela envergadura passaria uma
mensagem muito ruim para a sociedade brasileira. Embora eu entendesse que
a faixa etária do Senado fosse muito alta, argumentei que deveriam criar
alternativas, fazendo as sessões por videoconferência, ou que deixassem
alguns senadores mais jovens em Brasília para manter o Parlamento
funcionando. E falei que queria conversar também com o presidente do
Supremo, Dias Toffoli, para fazer o mesmo apelo. Na Suprema Corte, o
problema é parecido com o do Senado. Todos têm faixa etária elevada e de
extremo risco. Marcamos, portanto, uma reunião com Toffoli para a segunda-
feira, 16 de março.
Enquanto isso, o Ministério da Saúde, que já tinha traçado um plano de
contingência para os estados e municípios, começava a alertá-los de que
deveriam ficar atentos aos números de casos de sua região. Recomendamos o
cancelamento de qualquer evento que reunisse grande número de pessoas, a
intensificação da limpeza em estabelecimentos comerciais e a adoção maciça
de álcool em gel, o cancelamento de viagens, a suspensão de aulas e a adoção
do teletrabalho para as empresas. E que estivessem sempre monitorando a
taxa de ocupação dos leitos de suas UTIs.

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