ela arruma o dinheiro para a consulta, se prepara, chega cheia de esperança,
mas o novo médico confirma o diagnóstico. Ela então sofre um novo baque.
O passo seguinte é a raiva. A pessoa tem raiva de quem deu a notícia. Ela
tem raiva de Deus, se pergunta “por que comigo?”, se consome pensando
“sou uma pessoa honesta, trabalho, não faço mal para ninguém, tanta gente
ruim, tanto bandido, eu tenho filho pequeno, mulher, minha mãe depende de
mim”. A pessoa fica com raiva da doença, mas nesse momento ela não nega
mais, só tem raiva.
Depois da raiva, ela vai para a fase do apelo. O doente faz promessa, apela
para a fé, para o sobrenatural, busca um milagre. É o caso do Bolsonaro.
Primeiro, ele negou a gravidade da covid-19, falando que era “só uma
gripezinha”. Depois ficou com raiva do médico, ou seja, de mim. Depois
partiu para o milagre, que é acreditar na cloroquina.
A quarta fase é a reflexão. A pessoa fica reflexiva. E só a quinta fase é
produtiva, seja qual for o desfecho. As primeiras quatro não acrescentam
nada para o processo de tratamento ou superação do impacto. E o Bolsonaro
entrou na negação, passou pela raiva, apostou no milagre e, imagino, vai
entrar na reflexão. Se ele terá uma fase proativa, só o tempo vai dizer.
antfer
(Antfer)
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