prefeitos, que deviam se organizar, montar planos de contingência, equipar
suas unidades de saúde, aparelhar minimamente sua frota de ambulâncias, até
porque a atenção especializada fica concentrada nas grandes regiões
metropolitanas e capitais. O SUS é o grande pacto federativo do Brasil,
porque conecta todas essas instâncias. Uma vez ao mês, as três instâncias de
poder se reúnem para decidir os passos do SUS: o Ministério da Saúde
representando o governo federal, o Conselho Nacional de Secretários de
Saúde (Conas) representando os estados, e o Conselho Nacional de
Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) respondendo pelos municípios.
Nesses encontros as coisas não são decididas por votação, tem que haver um
consenso. Durante a pandemia, eu transformei essa reunião mensal em
permanente. Convoquei o Conas e o Conasems para participar diariamente da
tomada de decisões. Tudo o que fiz durante o período da epidemia era
diariamente debatido com essas entidades às sete da manhã e às dez horas da
noite, por videoconferência. E dessa forma eu também sabia de tudo o que
estava acontecendo. Acho que foi o momento de maior união da história do
SUS. Tudo nascia dessas reuniões, desse pacto, e, a meu ver, seria o único
jeito de superar a crise. Minha vivência como secretário municipal de Saúde
em Campo Grande foi a grande escola. Enfrentei epidemia de dengue, de
leishmaniose, vivi a experiência da gestão municipal.
Portanto, era preciso manter o distanciamento da política para que o pacto
federativo não fosse contaminado pelo calendário eleitoral. Isso fica muito
claro quando se observa que, nos lugares onde há alinhamento político entre
prefeitura e estado, há uma performance muito superior aos que não têm esse
alinhamento. Essa é uma das razões pelas quais, na leitura do presidente
Bolsonaro, qualquer impacto sobre o tema da saúde impactaria as eleições
municipais, e não o governo federal.
antfer
(Antfer)
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